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secao 4!

Praça dos trilhos

 

Juliana Bertolucci Torres

Milton Liebentritt de Almeida Braga

INTRODUÇÃO

A questão a ser tratada é a revitalização de uma área estagnada. O local escolhido faz parte da região da "orla ferroviária" na área central da cidade de São Paulo.

São espaços que foram ocupados outrora por indústrias que migraram para outros locais deixando para trás um patrimônio industrial subutilizado.

As áreas centrais são regiões valiosas e propícias para um adensamento populacional pois, são locais onde já existe uma infra-estrutura concluída. Em São Paulo, há uma tendência de ocupação de áreas afastadas, sem infra-estrutura o que agrava de maneira substancial os problemas crônicos da cidade, gerando enormes custos e deteriorando a qualidade de vida. Portanto, as áreas lindeiras da ferrovia e da região central tem uma enorme potencialidade de transformação e de ocupação.

LOCAL

A região da Luz apresenta certas características que predispõem uma ação transformadora pois é de fácil acessibilidade e possui várias estruturas de interesse metropolitano tais como: a Sala São Paulo, a Pinacoteca, o Museu da Língua Portuguesa, o Parque da Luz, a Estação da Luz.

Entretanto, observamos que o impacto dessas grandes infra-estruturas na esfera local não se mostra adequado, prejudicando a microacessibilidade do bairro. Esse é o principal problema abordado neste trabalho: a inserção das vias e leitos ferroviários na frágil malha urbana da região da Luz.

CONCEITOS

O equipamento de transporte deve oferecer mais do um meio de mobilidade, pois é um importante estruturador do território. Além disso, é importante a criação de uma área de mediação entre a infra-estrutura e o tecido urbano, que tem por objetivo criar uma área com usos de grande intensidade. Mostra-se relevante, também, a criação de avenidas que margeiem as vias-férreas, pois se adaptam naturalmente ao tecido urbano (BRAGA, 2006).

Os espaços públicos têm importância crucial na restauração da vida urbana, pois são importantes chamativos de pessoas. Assim, explorar as potencialidades do vínculo entre equipamentos culturais com seus espaços públicos adjacentes é a mais forte e bem sucedida experiência do urbanismo contemporâneo (MEYER, 1999).

Dessa maneira, chegamos ao conceito de espaço público contemporâneo paulistano, que deve ser pautado sobre as infra-estruturas, capazes de criar uma rede complexa que conjugue o território disperso da metrópole.

PROJETO

O trabalho foi iniciado com um estudo preliminar num trecho de aproximadamente 8 km de ferrovia, sendo os limites as mediações das estações da CPTM, Brás ao leste e Barra Funda ao oeste.

A criação de uma avenida metropolitana como uma nova conexão leste-oeste proposta nesse trabalho poderia reverter o processo de degradação do centro iniciado a partir do surgimento do minhocão.

Serão quatro linhas-férreas, sendo: dois sentidos para o trem parador e dois para o trem de grandes distâncias. Sobre a avenida, foram contemplados dois tipos de uso, o rápido e o local. Para preservar a região da Luz, foi previsto um trecho subterrâneo da via rápida.

Quanto à separação física da avenida e dos trilhos, foi proposta a criação de um canal que margeia a linha-férrea ao lado norte. No lado sul, a topografia se encarregaria de fazer essa separação.

Os retornos empregados serão completamente urbanos. Foram criadas 20 novas transposições, totalizando 30.

Na nova avenida, foram apontadas seis intervenções beneficiando as esferas locais, além de serem novos atrativos metropolitanos. Optou-se por um detalhamento na região Luz em função de alguns aspectos peculiares do local.

O programa da intervenção incluiu um edifício esportivo, três edifícios comerciais, um estacionamento, e uma garagem para trens que, com a Sala São Paulo e a Estação Pinacoteca formam a praça dos trilhos. A linha-férrea é elemento fundamental do projeto da praça, pois é sua característica mais marcante.

Para a implantação da praça, foram levados em conta os seguintes aspectos:
- região de acessibilidade metropolitana
- a relação com os edifícios históricos existentes
- deixar a linha-férrea exposta
- interligar duas cotas com diferença de 5 m
- criação de um espaço legível

Uma das premissas desse projeto foi a abertura do concourse o qual volta a ter seu uso original que é o público. No seu nível foram criadas duas transposições que definem o espaço da praça. Encontram-se nessa cota o restaurante, a livraria e a loja de materiais esportivos; além das recepções dos edifícios de escritório e das quadras poliesportivas que são abertas ao uso da praça, estreitando o vínculo do equipamento esportivo com o espaço público.

Para a conexão do nível mais alto para o mais baixo foi criada uma rampa. O nível que segue a cota da Praça da Luz recebe a entrada principal do edifício esportivo, nesse local, cinco grandes lojas dão continuidade às atividades da Rua José Paulino. A transparência dos espaços é uma constante no projeto.

Os edifícios de escritório e o edifício esportivo formam perspectivas interessantes para quem está na praça. Eles possuem uma cobertura única, conferindo mais força à praça.

Desse modo, acredita-se que a ferrovia, a qual anteriormente repartia a região em duas pode, agora, servir como conector entre os dois lados. É o atrativo do local onde atividades se desenvolvem. Ela organiza os espaços no sentido da microescala, promovendo a fluidez na região além de que, numa visão mais abrangente, preserva o seu papel na macroescala.

CONCLUSÃO

Esse projeto visa servir-se da arquitetura como vetor de mudança. A moralização da vida pública, o resgate da cidadania e a valorização do espaço compartilhado são os principais aspectos que devem impulsionar as ações e os movimentos na metrópole. Além disso, é necessária clareza de objetivos e a preocupação na manutenção de um alto padrão técnico de realização.

Através do uso da infra-estrutura existente, o objetivo é oferecer uma nova dimensão ao espaço e interatividade entre a microescala e macroescala. Assim, propiciamos a obtenção de um local verdadeiramente público, que promova a autêntica união e o resgate da cidadania.

Ficha técnica

Área da intervenção: 17.000 m²
Área construída: 90.000 m²

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