O conceito de reabilitação de edifícios, nestes últimos anos, tem evoluído de forma considerável. Imóveis reabilitados representam alternativa diante da progressiva construção, apresentam melhor desempenho ambiental e muitas vezes contribuem para a revitalização de áreas degradadas, diversidade de usos e de classes sociais. Essa reabilitação surge como alternativa à demolição e à construção de novos edifícios, nos quais algum impacto ambiental é inevitável.
A reabilitação de edifícios existentes tem como objetivo valorizar o edifício existente, adaptar edifícios para novas necessidades, melhorar as condições do ambiente interno e revitalizar uma área urbana. Entretanto, no atual contexto mundial da importância do papel da arquitetura como atividade de baixo impacto ambiental, a requalificação de um edifício tem como estratégia fundamental responder às demandas contemporâneas de desempenho ambiental, energético e tecnológico.
Tendo em vista que a opção de reabilitar edifícios tem representado uma boa alternativa diante à problemas urbano, arquitetônico e socioeconômicos, o projeto proposto para este Trabalho Final é a requalificação arquitetônica do edifício Bunkyo, sede da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa, localizado no bairro da Liberdade.
O interesse em trabalhar a requalificação arquitetônica do edifício Bunkyo vem, em primeiro lugar, pelo fato de ser um edifício de imenso valor histórico e cultural para comunidade nipo-brasileira que atualmente apresenta diversos problemas relacionados não somente ao conforto ambiental e à eficiência energética, mas também ao desgaste provocado pelo tempo e pela falta de manutenção adequada.
Edifícios construídos nas décadas de 60 no caso o edifício Bunkyo, 70 e 80 compõem, em geral, o maior número dos edifícios que necessitam de uma reabilitação, por muitas vezes não haver na época de sua construção preocupações com o desempenho ambiental do ambiente além de terem sido projetados para condições de uso bem diferentes das atuais.
Em comemoração aos 50 anos da imigração japonesa no Brasil, foi fundado em 1955 a Sociedade Paulista de Cultura Japonesa. Esta entidade tinha como objetivos a confraternização dos compatriotas residentes no Brasil e seu aperfeiçoamento cultural; realização de obras para educação das gerações seguintes (herdeiros da colônia japonesa); intensificação do trabalho de divulgação da cultura japonesa; fortalecimento dos trabalhos de intercâmbio cultural Japão-Brasil, etc. Como entidade representativa da colônia japonesa fazia negociações com o governo brasileiro e japonês na defesa de interesses dos imigrantes japoneses.
A construção da sede central (edifício Bunkyo) foi realizada com subsídios do governo japonês para a comemoração do cinqüentenário da imigração.
A Sociedade Paulista de Cultura Japonesa, criada por ocasião dos 50 anos de imigração, passou a funcionar cada vez mais como entidade integradora da comunidade. Os grandes acontecimentos, como a obra de construção do Centro Cultural, foram dirigidos por ela.
O edifício Bunkyo foi construído em três fases. Na fase inicial foram construídos quatro andares, sendo construídos posteriormente mais cinco andares completando assim o edifício que atualmente possui nove andares.
Em 1968, mudou-se o nome de Sociedade Paulista de Cultura Japonesa para Sociedade Brasileira da Cultura Japonesa (Burajiru Nihon Bunka Kyokai - Bunkyo, nome abreviado pelo qual é mais conhecido). Esta entidade se tornou órgão central e integrador das associações de japoneses e sociedades culturais e outras entidades similares em diversos locais do Brasil.
Em 1988, foi acrescido um prédio anexo com ginásio esportivo, auditório de 180 lugares, biblioteca, sala de exposição e estacionamento.
Diretrizes para o desenvolvimento do projeto de intervenção:
- Caracterização do edifício e seu entorno: aspectos arquitetônico, construtivo e funcional bem como o levantamento do programa de atividades.
- Diagnóstico do desempenho ambiental do edifício: avaliação do clima local, da orientação das fachadas, do desempenho acústico, térmico e luminoso do edifício.
O projeto de intervenção levou em conta todos os itens expostos e analisados ao longo desse trabalho. Os aspectos culturais, a história do edifício e seu entorno, às necessidades dos usuários, a adequação dos espaços e as questões de desempenho ambiental dos ambientes.
O que se propôs neste projeto não foram edifícios e sim um conjunto arquitetônico com ênfase na integração da espacialidade interna e externa, objetivando a sociabilidade e o bem-estar dos usuários. Um conjunto arquitetônico que estivesse inserido no contexto urbano.
O projeto previu a otimização e flexibilização dos espaços em que se buscou atender as exigências do código de obras e questões de acessibilidade. Foram criados espaços com mais infra-estrutura que propiciassem melhores condições aos atuais usuários e freqüentadores.
Uma das premissas do projeto de intervenção foi manter o programa de atividades, que possui imensa riqueza cultural, e ao mesmo tempo criar espaços mais permeáveis.
LOCALIZAÇÃO: RUA SÃO JOAQUIM, LIBERDADE
ÁREA TERRENO: APROXIMADAMENTE 4.100m2
ÁREA CONSTRUÍDA: APROXIMADAMENTE 17.000m2