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secao 4!

Exposições de Lina Bo Bardi

 

Mayra de Camargo Rodrigues

Luciano Migliaccio

O objeto deste TFG são algumas das exposições realizadas por Lina de 1959 à 1985: Bahia no Pavilhão Bahia, São Paulo (1959);Nordeste no MAP, Salvador (1963).A mão do povo brasileiro, no MASP(1969). As quatro do Centro de Lazer SESC Fábrica da Pompéia entre 1982 a 85: Design no Brasil: história e realidade; Mil brinquedos para a criança brasileira; Caipiras, capiaus: pau-a-pique e Entreato para crianças.

As exposições são vistas aqui como parte do trabalho de Lina no campo da arquitetura, principalmente a partir da noção de projeto.Os espaços das exposições de Lina, assim como a arquitetura de seus edifícios, sempre possuem um projeto, um desenho que expressa um desejo,desde os elementos utilizados para expor os objetos, como suportes, painéis, armários, caixotes, andaimes e vitrines, ao próprio espaço da exposição a arquitetura da exposição. A atuação de Lina nessas exposições é ampla, envolvendo desde a idealização até o projeto e a montagem, atingindo resultados de grande coerência.

"Bahia" é preparada por Lina e Martim Gonçalves em Salvador e trazida para São Paulo durante a V Bienal Internacional.O universo ligado à Bahia torna-se o centro dessa exposição: suas cidades,sua arquitetura,festas,crenças,arte popular,culinária,música,objetos do cotidiano e sua população que vêm representados de diversas formas,seja por fotografias,pela presença dos objetos ou pela recriação de um ambiente que os situam na realidade.

"Nordeste" surge como parte de um amplo projeto cultural e político de Lina para a forma como deveria se desenvolver um desenho industrial e a indústria no Brasil,através da criação do Museu de Arte Popular do Unhão e de seus centros de Documentação sobre Arte Popular e de Estudos Técnicos do Nordeste.O programa reunia além de um museu, as oficinas do Unhão; projeto de uma escola, que tinha como perspectiva o desdobramento em uma Universidade Popular, fundada na valorização da experiência artesanal (ou pré-artesanal) já existente no Nordeste. Assim, o material reunido revela o esforço de um levantamento por todo o Nordeste.No primeiro pavimento é apresentada em grandes armários e caixotes, como encontrado nas feiras e mercados populares, a multiplicidade do conjunto dos objetos. No térreo, estão as carrancas do Rio São Francisco, os ex-votos, as imagens de santos, apresentados em suportes que tendem a isolá-los mais do que apresentá-los como um conjunto.

Em "A mão do povo brasileiro" apresenta-se através de um mesmo suporte que é reorganizado diante dos objetos que deve expor, inúmeros elementos do mobiliário, instrumentos, adornos, vestuário, cerâmica, esculturas, figuras religiosas e brinquedos realizados no Brasil. Objetos que são colocados lado a lado e misturados no espaço da exposição, sem uma separação clara, mas mostrados como conjunto.

Design e Mil brinquedos, além de apresentarem os objetos antigos, como nesta exposição A Mão, abrem espaço para a mais recente produção industrial. As quatro exposições do SESC possuem uma particularidade pelo fato de não se realizarem em um contexto de museu,mas sim em um Centro de Cultura e Lazer projetado por Lina, situação que permite uma maior relação entre as exposições aos conceitos presentes na arquitetura da Fábrica da Pompéia.

Nessas duas primeiras exposições é possível dizer que existe uma espécie de separação no espaço entre a produção "antiga-artesanal" e a "recente-industrial", apesar de uma se encontrar espacialmente ao lado da outra.Na exposição Design, no início estão os objetos artesanais e ao fundo os produtos industrializados e o design gráfico. Assim, como a exposição Mil brinquedos que de um lado apresenta os brinquedos antigos e de outro os industrializados.

Em "Caipiras,capiaus:pau-a-pique" a relação "artesanal"-"industrial" é dada não pela presença simultânea dos elementos artesanais e industriais, como ocorre nas outras exposições, mas sim pela realização de uma exposição que recria os aspectos da vida do interior rural de São Paulo e Minas Gerais inserindo-os no contexto urbano-industrializado do Centro de Lazer em São Paulo. Ai são construídas as casas de pau-a-pique, o forno a lenha e o alambique pelos habitantes dessas regiões que foram trazidos ao SESC para montar a exposição à maneira como organizam sua vida. O interior das casas foi ambientado com seus objetos, assim como a venda, o paiol e a capela.

"Mil brinquedos" estimula uma aproximação entre exposição e arquitetura do SESC, visto que o tema dos brinquedos permite explorar um caráter lúdico da exposição ligado a brincadeira e ao universo infantil que também está presente nas intenções presentes na arquitetura do SESC. Elementos como o Carrossel e a Bóia, ao fundo da exposição, que podem ser utilizados para brincar, iniciam um relação muito mais ativa entre freqüentador e exposição.

"Entreato para crianças", investigou-se a ligação das crianças com os bichos, que se tornavam grandes brinquedos para a experimentação livre das crianças, que podiam entrar, atravessar, subir, descer, brincadeiras que possibilitavam uma grande interação entre o universo infantil e dos animais.

O fato de Lina ser neste momento a diretora cultural da unidade permite a criação de uma programação cultural muito coesa que explora as potencialidades do espaço e dos elementos criados na arquitetura do SESC.

As exposições propõem novas maneiras de se relacionar com os elementos que diariamente convivemos chamando à necessidade de tomarmos consciência de seus significados, seja dos objetos, dos brinquedos, dos animais, da história e do presente.

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