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Proposta Preliminar de Hospital para Tratamento de Câncer no Bairro do Belém

 

Michele Fernanda Ferreira de Araujo

Antônio Carlos Barossi

A construção só existe como tal enquanto a humanidade não pode desenvolver plenamente sua criatividade. Certamente os obstáculos para transformar uma atitude em prática, em ação são grandes. Mas importante mesmo é a atitude. Vilanova Artigas

Este trabalho é o resultado de uma pesquisa sobre a contribuição da arquitetura para a amenização da dor e a reabilitação de pacientes. Dentro de uma realidade hospitalar brasileira em que prevalecem a insuficiência de postos e a inadequação de espaços para o tratamento da vida, o estudo preliminar deste hospital vem apresentar uma solução simples, que pode ser interpretada como uma busca de diretrizes arquitetônicas para um projeto de hospitais. Tem, acima de tudo, o objetivo de pensar uma melhor qualidade de vida para a cidade e para o doente.

Ele não pretende esgotar o assunto de ambientes hospitalares, posto que seria necessário o trabalho associado de uma equipe multidisciplinar de profissionais. Ele vem expressar uma preocupação, no que diz respeito à arquitetura, em localizar adequadamente este edifício, prover espaços de convivência para o corpo clinico, familiares e pacientes.

Percepção acerca da arquitetura e dos hospitais

A arquitetura une os mais importantes elementos de planejamento: a conexão da construção e da cidade, a unidade entre tecnologia e construção. O desenho do sistema hospitalar compreende diversas estruturas isoladas, diferenciação de várias funções do hospital além de questões de salubridade.

A adoção de hospitais especializados com a separação de pacientes de acordo com o tipo de doença diminui o risco de infecções no âmbito da saúde e proporciona aumento de conhecimento para a ciência visto que concentra informações sobre um mesmo assunto.

Desde o princípio da história deste tipo de edifício, os hospitais têm passado do padrão de locais de cuidados caridosos e até religiosos para locais de alta tecnologia e que necessitam constantemente de alterações.

Por muito tempo os hospitais têm sido construídos pensando-se apenas na funcionalidade, sendo que tal funcionalidade se restringe à ocupação de um plano provido de todos os ambientes técnicos associados a equipamentos de alto desempenho.

Não fazia parte dos quesitos de desempenho a qualidade do ambiente com relação aos efeitos psicológicos que o ambiente impõe nos usuários.

Base técnica, arquitetônica e psicológica.

No desenvolvimento deste trabalho, no que diz respeito aos requisitos técnicos foram utilizados como fonte normativa a RDC 50 - desenvolvida pela ANVISA e a NBR 9050 que estabelece princípios de acessibilidade.

As bases arquitetônicas foram diversas, podendo ser destacadas as obras dos hospitais do arquiteto João Figueiras Lima, o Lelé, a partir do estudo da Rede Sarah Kubitschek, projetos do professor Siegbert Zanettini e o hospital Municipal de Cidade Tiradentes dos arquitetos José Borelli Neto, Hércules Merigo e Walter Makhohl, recentemente inaugurado.

Para balizar a pesquisar sob a ótica psicoterapêutica foram estudadas algumas teses de mestrado que tratam do assunto Psicologia Ambiental, que é uma vertente da psicologia que estuda a interação do meio físico sobre as pessoas.

Por fim, o resultado desta pesquisa foi um exercício de projeto que fez uso das informações conceituais e buscou transformar em "desenho, designo, desejo" aquilo que eu acredito ser o mais importante para nós arquitetos: por no espaço um sentimento.

Escolha da região

A região do Belém foi escolhida por fazer parte de um plano urbano para a cidade e pela relativa facilidade de acesso existente devido à proximidade à avenida Salim Farah Maluf, Avenida Celso Garcia, à Marginal Tietê e ao Centro da Cidade. Esta característica é um pressuposto para a instalação do equipamento de saúde citado, visto que atende às necessidades de população residente na própria cidade e regiões lindeiras e às normas da ANVISA - RDC 50.

A disposição destes equipamentos, como parte de um projeto urbano de maior escala, pretende o desenvolvimento desta diagonal da cidade e a formação de novas centralidades dotadas de infra-estrutura adequadas ao bem estar da população.

Escolha da região

Partiu-se do pressuposto de que o hospital tem de ser um edifício simples, inteligível para o usuário e agradável para todos. Acessível e integrado harmoniosamente ao ambiente urbano.

A linguagem utilizada é contemporânea e os materiais e tecnologias adotados buscam sintetizar a simplicidade e exatidão do edifício. Apesar de extremamente restrito, o prédio se abre para o entorno visualmente e se insere num contexto de múltiplos usos na cidade. O uso antigo do local favoreceu a extensão do lote e integração do hospital num ambiente urbano num significativo eixo de ligação da cidade.

A apropriação do terreno deu-se paralelamente à Avenida Alcântara Machado, no limite de fundo do lote de maneira a criar perspectiva visual ao edifício. Os eixos de acesso são o resultado do estudo do fluxo das pessoas usuárias e servidores através dos diversos meios de transporte: metrô, ônibus e veículo particular.A distribuição do programa horizontal e verticalmente foi adotado em função dos procedimentos e nível de relacionamento com o usuário. Cada pavimento abriga no máximo duas atividades principais.

Buscando criar um ambiente agradável para o tratamento e recuperação de pessoas doentes, familiares e corpo clínico adotou-se a inserção de espaços de lazer e descanso que quebram a monotonia do corredor a cada 24 metros. Assim o edifício é um paralelepípedo, composto de quatro blocos separados por um quadro de luz de 64m² em cada hall de elevadores e um grande átrio central no eixo mediano do edifício. Em cada andar e dependendo da permanência do usuário estes espaços abrigam jardins, brinquedotecas ou salas de estar compondo um conjunto de elementos de lazer e descanso sistematicamente dispostos e que ainda não fazem parte do programa convencional de hospitais.

Ficha técnica

Área do lote: 48.778 m²
Área do Centro de Pesquisa: 4480 m²
Área da Creche Escola: 270 m²
Área do terminal de Ônibus: 340 m²
Área do hospital: 62.134 m²

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