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secao 4!

Centro Regional de Culturas Construtivas

 

Paula Regina da Cruz Noia

Anália Maria Marinho de Carvalho Amorim

O projeto de um Centro de Culturas Construtivas no município de Iguape atendera a demanda de reconstrução dessa comunidade caiçara enquanto unidade cultural. Dado o contexto econômico, político e social local, o produto final busca uma real compreensão de problemas e potencialidades de um projeto de arquitetura, visando inovação, economia e desenvolvimento local e durável. Valoriza a importância da memória construtiva e do conhecimento da matéria, seus dados históricos, técnicos, etnológicos e sensíveis, sem desprezar a noção de que encontra-se dentro de um espaço em constante contato com novas tecnologias. Essa síntese proveniente desse dinamismo é que devera trazer o equilíbrio que possibilite assim um desenvolvimento da comunidade em questão.

O objetivo principal desse trabalho final de graduação é o projeto arquitetônico de um edifício de caráter institucional que funcione como Centro de Culturas Construtivas de Iguape. Mesclando os conceitos de educação e trabalho, o Centro capacitaria parcela jovem da população para um oficio que garantiria autonomia e equilíbrio a essa comunidade, além de estabelecer uma nova unidade na memória construtiva local, assimilando também seus novos valores incorporados. Para tanto foi necessária essa pesquisa socio-economico-ambiental inicial.

O produto final do trabalho é o projeto de arquitetura do Centro de Culturas Construtivas e a adequação das técnicas pesquisadas às demandas do projeto do edifício. Detalhes técnicos sobre as características desses materiais e suas aplicações no projeto. O estudo de cada tecnologia construtiva ira exercer um papel fundamental à lógica de concepção espacial do edifício, não sendo dissociado desse pensamento projetual em nenhum momento do processo. Deve-se ressaltar que todo esse esforço de pesquisa cultural, sociológica e técnica, justifica-se apenas até a união de bases suficientes para a elaboração do projeto de arquitetura, que como objetivo pratico final do trabalho, é a tarefa que cabe ao arquiteto.

situação atual : Vale do Ribeira

A condição socioeconômica atual do Vale do Ribeira é decorrente em grande parte desse seu processo de evolução histórica. A parte mais significativa de sua produção econômica corresponde à comercialização de produtos naturais, como o extrativismo natural e pesqueiro e a produção agrícola. Essas atividades, já prejudicadas por não agregarem tanto valor a sua produção, são ainda agravadas se consideradas em um mercado onde os concorrentes têm a vantagem de maiores aportes tecnológicos e mão-de-obra qualificada. Já no setor secundário, a região apresenta poucos estabelecimentos, e uma absorção de mão de obra pequena, situada principalmente nos setores de mineração.

A agricultura ainda é a principal atividade econômica, sendo representada principalmente pelas culturas do chá e banana. Isso devido à importância da pequena propriedade rural no Vale. A maior parte da mão de obra agrícola absorvida no setor é encontrada em pequenos núcleos agrícolas distante dos grandes centros. Dados do Censo Agropecuário de 1995-1996 (IBGE) registraram que 35,95% dos estabelecimentos agropecuários da região de Governo de Registro tinham menos de 10 hectares, enquanto que a média estadual era da ordem de 29,95%. Ha também parte da população que se beneficia da extração e venda do palmito e plantas ornamentais. E necessário lembrar que essas atividades, apesar de ainda praticadas e expressivas na economia da região, configuram-se hoje como ilegais, em função da legislação das últimas décadas e a criação das unidades de conservação.

divisão de núcleos e programa

Na elaboração do programa de necessidas, o Centro regional de culturas construtivas foi dividido em dois nucleos, o CREAR e o CRETEC. O CREAR (centro regional de artesanato) vem a suprir a demanda atual da associação de artesãos por um espaço de trabalho, exposição e venda de sua produção . Já o CRETEC (centro regional de tecnologias construtivas) será a escola técnica de construção civil que viria atender às demandas de qualificação de mão de obra e formação profissonal da região, já explicadas anteriormente. Definiu-se então o programa de necessidades.

A área escolhida para ser destinada ao projeto do centro centro regional de culturas construtivas é pertencente à prefeitura do município de Iguape. Seu uso hoje é de centro de eventos da região, espaço destinado à feiras de produção regional e festas tradicionais, caráter a ser mantido mesmo com a implantação do centro. O terreno, limitrofe à uma zona de reserva ecológica, localiza-se muito próximo ao centro histórico de Iguape, à orla maritima, à ponte da Ilha comprida e aol acesso à rodovia BR 116, configurando assim uma zona de interesse especial.

Configurando um elemento articulador entre a reserva, o mar e o centro histórico, o centro devera respeitar tais condicionantes em sua ocupação. Assim, o edifício posiciona-se criando um generoso recuo em relação ao morro, conformando assim um espaço de eventos, apresentações, feiras, uma praça cerrada por essas duas volumetrias. É esse respiro no interior da quadra que denominaremos praça do comércio.

Na sua implantação, O volume implanta-se em sua quadra dividindo-a em dois espaços, a tal praça do comércio e a praça de acolho junto a rua. Sua planta, radial configura esse cerrado espaço no interior da quadra que abre ao exterior da quadra. O principal partido é o edificio posicionando-se costas à rua, abrindo-se ao interior da quadra, e seus acessos entre os núcleos do edifício (CRETEC, edifício central e CREAR) possibilitam recolher o público distribuido em todos os trechos da rua e marcam um convite à praça do comércio. A idéia para essa praça é como um espaço de manifestação publica, aludindo ao conceito de ágora. Um espaço vazio onde realizam-se apresentações, mercados e feiras livres, com a presença de um palco, tendo como pano de fundo a reserva ecológica. Há também o intuito de criação de áreas de manejo florestal sustentável adjacente ao centro, para o cultivo do bambu Guadua Angustifolha para a construção civil.

O edificio, composto por duas partes interdependentes (a grande cobertura e as caixas modulares) permite assim maior flexibilidade e fluidez ao espaço que posteriormente pode ter seu uso modificado de acordo com a demanda local. A cobertura, perene, torna-se uma base fixa de apoio à praça do comércio, que pode comportar diversos usos. As salas de aula e áreas de exposição, voltadas para a praça, possuem divisorias móveis e podem adaptar-se à feiras, configurando assim uma zona de integração entre o exterior e o interior do edifício. Suas oficinas, de costas à rua, abrem-se diretamente ao canteiro, servindo como apoio técnico e extensão do mesmo.

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