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Projeto de Intervenção no Limite da APA do Carmo

Anna Gabriela Hoverter Callejas

Fábio Mariz Gonçalves

O tema proposto para o desenvolvimento do Trabalho Final de Graduação é resultado de uma reflexão acerca de alguns processos envolvidos na expansão da mancha urbana da Região Metropolitana de São Paulo. O trabalho pretendeu explorar, através de uma breve análise territorial, proposta de desenho urbano e projeto de edificação, questões relacionadas às ocupações irregulares em áreas de proteção ambiental.

A escolha do lugar

Partiu-se da problemática levantada para a eleição de uma área, dentro da Região Metropolitana de São Paulo, que contemplasse os seus principais aspectos. Áreas de proteção ambiental como a Serra da Cantareira, os reservatórios Bilings e Guarapiranga, na zona sul e os morros cobertos por vegetação que precedem as enconstas da Serra do Mar já não atuam como barreiras naturais de contenção à expansão da mancha urbana. Nesse contexto, também se insere a atual situação da reserva do Parque do Carmo.

Situada na Zona Leste da cidade, na bacia do rio Aricanduva, a Macrozona de Proteção Ambiental do Carmo tem sofrido com a pressão por adensamento devido à expansão da rede de infra-estrutura metropolitana. A complexidade que envolve o desenvolvimento de um projeto na área próxima à APA do Carmo reside na contraposição entre a mancha urbana altamente adensada e o vazio imposto pela reserva ambiental. O projeto discutirá como deverão ser ocupadas essas áreas, que hoje abrigam construções irregulares, considerando a grande pressão que exerce o ambiente construído sobre os vazios urbanos. Mais do que tentar recriar um limite em que as duas formas de ocupação do território se contrapõem, o projeto procura trabalhar essa borda como uma linha de encontro entre espaço livre e espaço ocupado.

Caracterização da área de estudo – a APA e o seu entorno

A escassa oferta de moradias por parte do poder público aliada à grande oferta de infra-estrutura em toda a região de Itaquera têm forçado a ocupação de terrenos inseridos nesta Macrozona de Proteção Ambiental por parte de loteamento irregulares e favelas.

Para uma melhor compreensão deste panorama, foi feito um breve diagnóstico. A elaboração desse contexto inclui aspectos que influenciam diretamente na escolha da área de projeto e nos parâmetros da proposta feita. Essa análise inclui a localização dos principais equipamentos; os programas de desenvolvimento econômico para a Zona Leste, os Planos Regionais Estratégicos (PREs) das diferentes subprefeituras, o prolongamento da Av. Jacu-Pêssego e as operações urbanas existentes; o sistema de transporte público que atualmente é oferecido à região e a construção do Expresso Tiradentes; os espaços livres existentes e os Parques lineares propostos pelos PREs.

Diretrizes gerais de projeto

Ao longo do desenvolvimento do trabalho, alguns parâmetros foram sendo definidos para a elaboração de um plano geral de intervenção para a área delimitada. Os sistemas hídrico, de áreas verdes e de espaços públicos foram concebidos dentro de uma rede interligada, que conecta a área de inetervenção com seu entorno. O desenho do rio Aricanduva foi reforçado, reafirmando a existência de uma franja na qual coexistem a ocupação e o meio natural, reconstruindo uma margem, entendida como necessária para a preservação da Área de Proteção Ambiental. As edificações propostas dão sentido ao espaço público, configurando as quadras e garantindo espaços com uso, evitando o aparecimento de áreas residuais.

O projeto apresentado aborda diferentes escalas. Define diretrizes de intervenção para uma área delimitada em um dos limites da APA do Carmo, ao longo do Rio Aricanduva, que se resumem a: estabelecer o Rio Aricanduva como limite para a Ocupação; a recuperação do rio e de seus afluentes; implantção de parque linear; incentivo à agricultura urbana; redefinição das quadras; proposta de desenho para o piscinão; diretrizes para a ocupação e adensamento da área de intervenção; proposta de desenho para a avenida Raguebi Chohfi e a construção de um centro comunitário.

Habitação: projeto de uma quadra

Partindo da estratégia definida no plano geral de intervenção, o trabalho seguiu com intenção de desenhar uma das quadras propostas: reestabelecendo seus limites, desenhando o espaço público da rua, definindo espaços que variam entre públicos, privados, e privados de uso público. O conjunto foi organizado não como um único lote, um único condomínio de apartamentos, mas como a somatória de lotes de diferentes tamanhos, com diferentes características e que definem espaços de qualidades distintas.

Chega-se à escala do edifício com a premissa de garantir essa mesma variedade dos lotes e espaços às tipologias a serem oferecidas às famílias envolvidas.Com base em levantamento feito sobre os moradores da comunidade, os assistentes sociais podem trabalhar em conjunto com arquitetos que desenvolvem o projeto para o conjunto, orientando-os em relação às reais necessidades dos futuros usuários. As unidades variam, então, de acordo com o número de cômodos, com a presença ou não de vaga de garagem, de salão reservado para comércio, e de acordo com a acessibilidade da unidade, podendo a família optar por apartamento no térreo. Aliada às características da família está a sua capacidade de financiar o apartamento: quanto menor a sua área, mais acessível seria às famílias de mais baixa renda.

Igualmente importante tornou-se, então, o potencial de tranformação dessas unidades. Famílias de mais baixa renda, que poderiam ter acesso a um apartamento de menor área (até 50m2, como definido pelo padrão HIS) poderiam ter a opção de investir, futuramente, em seu apartamento, podendo expandí-lo, em área (agregando cômodos), o que acaba valorizando também o imóvel, ao contrário do que normalmente acontece com os apartamentos em conjuntos habitacionais populares hoje.

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