A pesquisa Origem Destino de 2007 teve seus primeiros resultados divulgados no final de 2008 e revelou que o tempo de viagem por modo coletivo aumentou 13,5%, passando de 59 minutos em 1997 para 67 minutos em 2007. Nos modos individuais o aumento foi ainda maior, chegando a 14,8%, o que indica a saturação do sistema viário. O distanciamento, cada vez maior, do tempo de viagem que seria considerado ideal e as notícias, cada vez mais recorrentes de recordes de congestionamento em São Paulo indicam o colapso da política de transporte praticada, cuja relação com a política de desenvolvimento do país é inegável se admitirmos que “o estabelecimento dos níveis de serviço providos pela infra-estrutura urbana decorrem do respectivo estágio de desenvolvimento específico, que impõe as condições de produção e reprodução social e, em particular, o nível de subsistência da força de trabalho” .
Diante disso, a superação do estágio extensivo da acumulação capitalista só poderá dar-se conferindo novos níveis de performance às aglomerações urbanas, ligados – não exclusiva, mas fortemente – às infraestruturas de transporte. Assim, o investimento maciço em infraestrutura como suporte para o crescimento econômico – dado que ela é condição para o desempenho das funções econômicas e sociais do espaço urbano – e como ampla fonte de empregos durante sua construção e manutenção, coloca-se como necessidade primordial. A infraestrutura de transporte tem sua importância reforçada ainda pela capacidade de atuar sobre o tempo de deslocamento, que, quando reduzido, aumenta diretamente a produtividade.
A rápida construção de uma rede de transportes eficiente é premente. O raciocínio sobre tal rede foi institucionalizado com a publicação do PITU 2020, abrindo espaço para a reflexão sobre o tema na escola nos últimos anos. A questão vem sendo tratada na disciplina optativa “AUP 555 – Elementos de planejamento de transportes”, na disciplina “AUP 272 – Organização Urbana e Planejamento”, da seqüência de Planejamento Urbano, e em alguns Trabalhos Finais de Graduação. As questões colocadas têm por base também o artigo “Elementos para uma política de transporte público em São Paulo” do professor Csaba Deák, que publicou a “Rede 90”, embrião para o PITU 2020. Entretanto a maior parte dos trabalhos desenvolvidos sobre o assunto tem seu foco no metrô. Sem deixar de reconhecer seu papel estruturador, pareceu-nos importante contribuir com a abertura do estudo para uma rede intermodal da qual ele constituiria a ossatura.
Este TFG pretende então ensaiar o desenho de uma rede de média capacidade acoplada ao transporte de massa para a Região Metropolitana de São Paulo, procurando definir alguns critérios de localização, traçado e implantação da rede de VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) para a conformação de uma rede intermodal. Com o desenvolvimento do trabalho mostrou-se necessária uma abordagem mais próxima das questões de desenho geradas pela inserção urbana do VLT. Prosseguimos, assim, com a elaboração de um projeto funcional de uma das linhas e seus possíveis desdobramentos na qualificação do espaço urbano e dos padrões de urbanização.
