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secao 4!

Redesenvolvimento Urbano:

uma proposta para a requalificação e revitalização de antigas áreas industriais na Mooca e Ipiranga.

Felipe Asato Araki

Antonio Gil da Silva Andrade

Motivos e objeto de estudo

A Região Metropolitana de São Paulo, em seu contexto pós-industrial, vem passando por mudanças em seu perfil produtivo, tendo como reflexos a fragmentação das atividades industriais no território e a desativação das plantas fabris.

Neste cenário de construção e desconstrução, surgem vazios no tecido urbano. Contudo, nem todos os vazios necessariamente representam um problema, pois podem ser um respiro, uma praça, e, neste sentido, estão para a arquitetura assim como o silêncio está para a música, ou seja, fazem parte do conjunto e não precisam ser ocupados. Porém, quando os vazios, edificados ou não edificados, são frutos do abandono ou da especulação imobiliária, acabam se tornando espaços desocupados e/ou subutilizados que, muitas vezes, estão próximos a áreas centrais, em meio a uma malha consolidada e provida de infraestrutura. Assim, áreas vagas se constituem em verdadeiros desperdícios, tanto econômico, ambiental quanto social. Segundo Sánchez (2001), “[...] o abandono é ambientalmente perigoso, socialmente injusto, e, economicamente,pode representar um desperdício de recursos”.

Aparentemente, os espaços vagos e inutilizados sugerem um aspecto inofensivo. No entanto, esta aparência passiva esconde problemas urbanos graves, pois mantêm um estoque fundiário que não se disponibiliza para a demanda do crescimento, sendo responsável por restringir o desenvolvimento urbano e, assim, incentivar a expansão horizontal e ocupação desordenada da periferia, com assentamento da população mais carente em áreas inapropriadas ou de risco.

Outro agravante é quando estes espaços se constituem em áreas degradadas e desvalorizadas. Pelo fato de estarem abandonados ou subutilizados, com fins de depósito ou disposição de resíduos, acabam conformando lugares que se deterioram com o tempo e se estagnam, desvalorizando a si e seu entorno. Formam, segundo Vasques (2005), “[...] espaço de medo, de rejeição, de marginalidade, convertendo-se em uma paisagem urbana cujos elementos a população rejeita”. Pode-se dizer que agem como tumores que mortificam a região. Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, a presença de áreas degradadas afeta de maneira adversa não apenas o meio ambiente, mas também a saúde econômica e social de uma cidade (OCDE, 1998 apud GRIMSKI, 2004)

Assim, o escopo do presente trabalho é a elaboração de uma proposta de intervenção para redesenvolvimento das áreas potenciais ao longo do eixo ferroviário da Diagonal Sul, entre os bairros da Mooca e Ipiranga. A escolha desta área específica também se justifica perante o crescente interesse do mercado e do poder público, além de apresentar características e particularidades, que foram, então, ressaltadas e aprofundadas na construção de análises e diagnósticos.

Este estudo permitiu o reconhecimento da importância da localização da região, seu contexto metropolitano e sua inserção no perímetro da Operação Urbana Diagonal Sul. Além disso, revelou as principais questões urbanas, em seus aspectos sociais, econômicos e ambientais desta área de interesse, que, então, serviram de insumo para a elaboração das diretrizes e propostas de enfrentamento.

Surge como oportunidade para se repensar a forma de construção da cidade a partir de novas idéias e desenhos, em vista de umdesenvolvimento mais sustentável. O produto final se concretizou, então, com uma proposta de redenho urbano que busca a revitalização e requalificação, que pressupõem a priorização de espaços públicos e da escala do pedestre, a ocupação de áreas vagas, a promoção da continuidade urbana, a promoção de sistemas e infraestruturas integradas, equipamentos públicos e espaços acessíveis, o adensamento com diversificação e mistura de usos e de usuários, a recuperação ambiental e a otimização do uso de recursos naturais.

Em suma, as etapas do projeto foram:
- Reconhecimento das características (problemas e potencialidades) da área;
- Divisão em subáreas, enfatizando as potencialidades e particularidades;
- Estudos de fluxo e acessos;
- Projeto das ruas, da relação com o térreo e com os espaços públicos e semipúblicos;
- Considerações de condicionantes de conforto ambiental;
- Indicação de gabaritos e densidades;
- Indicação de drenagem;
- Indicação de hipótese de fases de implantação;

Por fim, constatou-se que há diversos fatores limitantes, além da necessidade da participação multidisciplinar, inerentes ao tema. Contudo, como o trabalho não se propõe a esgotar o tema, sua contribuição está na iniciativa da proposição de reflexão sobre a configuração urbana, ressaltando-se a necessidade de se repensar e sugerir novas idéias.

Ficha técnica

Área da Operação Urbana Diagonal Sul: 2.150 ha
Área foco: 290 ha
Área líquida total (quadras): 95,09 ha
Área comercial estimada: 29,75 ha
Área habitacional estimada: 190,3 ha
População estimada: 76.115 hab.
Densidade líquida (quadra): 800 hab/ha
Densidade bruta: 262,5 hab/ha
áreas verdes: 99,08 há, aprox.13,02 m² verde/hab
área institucional: 54,18 ha
área pavimentada: 43,6 ha

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