A relação entre Ação Cultural e Arquitetura foi discutida através do projeto arquitetônico de um centro cultural para o bairro de Cidade Ademar. A proposta visa dotar o bairro, carente de equipamentos culturais públicos, de um espaço que abra possibilidades de ação cultural. O local escolhido para a proposta - o mesmo adotado pela Subprefeitura da Cidade Ademar para um teatro, não construído - tem entre os condicionantes de projeto a relação de vizinhança com uma escola estadual, vegetação de porte, desnível de 13 metros e acesso a três ruas.
A solução proposta procurou implantar o programa mais extenso do edifício abaixo do nível da escola, se apropriando do desnível do terreno, criando uma praça sobre ele que é uma extensão do pátio da escola e ligando todos os acessos do conjunto.
O acesso principal ao centro cultural e o café estão neste nível, da praça superior, sob uma marquise, que acolhe o público formando uma espaço de estar. As caixas de circulação vertical e os dutos de ventilação afloram nesse piso. Através de um vazio, avista-se a biblioteca, convidando para entrar no edifício.
A marquise também delimita o espaço da escola, praça e centro cultural. Assim, os edifícios podem estar abertos entre si, para alguma atividade em conjunto, ou todo o espaço aberto para o público. No acesso pela rua Itatás, as crianças podem aguardar o início das aulas ou entrar diretamente no pátio.
Pela Rua Itatás também fica o acesso ao estacionamento, que está sob a quadra. É de uso da escola e do centro cultural, e possui saídas independentes.
O teatro ocupa o espaço central do edifício e o restante do programa foi distribuído ao seu redor, de modo que, ao longo do percurso, os diferentes espaços e atividades nele desenvolvidas possam ser descobertos, as vistas para o exterior e para a praça que se desenvolve em níveis. A pessoa que está no piso da biblioteca, vê o infocentro no pavimento abaixo. Se desce, chega ao terraço e enxerga as aulas de dança. Deste espaço, observa o teatro no primeiro pavimento.
A implantação, desse modo, vence o desnível do terreno, resguarda o edifício do ruído vindo da escola e da radiação solar vinda do oeste. Cria fachadas que recebem a luz da manhã e meio do dia. Nessas fachadas estão as salas de aula multiuso e o infocentro.
O teatro é o lugar do ensaio e do espetáculo, é de uso cotidiano. As portas pivotantes permitem que ele possa ser todo aberto, as aulas podem ser assistidas por quem circula ao redor. Quando abertas, as portas também garantem o acesso direto ao depósito, para receber cenários, equipamentos. O teatro também pode ser visto pavimento superior: o acesso à varanda técnica permite conhecer as instalações de cenário, som e acústica.
A praça e o terraço podem abrigar diversas atividades. A idéia é que possa acontecer um sarau sob a marquise, uma roda de capoeira no pátio da escola, uma oficina de silk screen na sala de aulas práticas, a produção de um zine no infocentro. O terraço apode abrigar uma exposição de esculturas, uma projeção de filme na empena.
A pessoa que desce pela praça vê as atividades nas salas de aula e pode acessar o edifício em qualquer pavimento. À noite, por exemplo, em horários somente de espetáculo, o edifício pode ser fechado e o acesso se dá pela praça, direto da cobertura – café – para o saguão do teatro. Ou pela rua Itapecerica da Serra, no nível do saguão.
A estrutura do edifício é de concreto armado in loco, e não necessitou de vãos generosos para abrigar os espaços do programa. Para o teatro, os pilares foram reforçados e o vão de 20 metros é vencido com uma viga metálica que também sustenta os equipamentos e instalações do teatro. Todos os pavimentos possuem saída para praça escalonada, para saída em caso de emergência, além da escada de circulação principal. A praça, no acesso pela nível mais baixo, permite acesso do caminhão de bombeiro à fachada em caso de incêndio. A ventilação do teatro e dos ambientes enterrados é feita de forma mecânica através dos dutos que chegam até a cobertura.
É possível a montagem de quatro tipos de palco: italiano, elisabetano, grego ou de arena e palco corredor ou passarela através de uma estrutura modular para montagem das platéias. Quando não estão em uso, os módulos são guardados no depósito.
Seu acervo é especializado em teatro e assuntos relacionados, para dar suporte às atividades de aula e montagem de espetáculos. Pode abrigar também o registro da produção do próprio centro cultural. Na entrada, o espaço pode ser utilizado para atividades da biblioteca como discussão de textos, contação de histórias, por exemplo.
Acesso à internet e uso de programas, através do uso individual e em grupos. Pode abrigar aulas de informática.
O centro possui uma sala com pias e bancadas para realização de oficinas práticas e um sala de aula que pode ser dividida em duas, conforme a necessidade. Para a realização de aulas com vídeo ou uso de computadores, carrinhos com equipamentos guardados na administração e podem ser retirados conforme a necessidade de uso.
A sala de dança também pode ser dividida em duas, conforme a necessidade. Tem acesso fácil aos vestiários, os mesmos utilizados pelos artistas quando há espetáculos.
Terreno 9700,00 m²
Escola existente 2400,00 m²
Edifício
Exposição/ Saguão 381,00 m²
Bilheteria/ Apoio 16,50 m²
Guarda-volume/ Recepção 28,00 m²
Acolhimento 188,00 m²
Café 50,00 m²
Teatro Platéia 409,50 m²
Balcões 120,00 m²
Varandas técnicas 120,00 m²
Camarim 139,00 m²
Vestiários 64,00 m²
Sala de dança 220,50 m²
Biblioteca 381,00 m²
Salas multiuso (2) 185,00 m²
Infocentro 47,50 m²
Administração 379,00 m²
Estar Áreas internas 264,00 m²
Marquise 577,00 m²
Terraço 271,00 m²
Sanitários 209,00 m²
Circulação 440,00 m²
Almoxarifado 22,00 m²
Ar condicionado 8,00 m²
Gerador de energia 15,50 m²
Depósito 282,50 m²
Reservatório de água 49,00 m²
Depósito de lixo 2,00 m²
Estacionamento (108 vagas) 2619,00 m²
Total 7488,00 m²
