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secao 4!

Edifício comercial,

uma adequação não só tecnológica em direção à sustentabilidade.

Maíra Afonso de André

Antônio Gil Andrade

“Um processo é sustentável quando pode ser mantido indefinitivamente” (Geraldo Gomes Serra, palestra da iniciativa Solvin 2008)

Não seria possível propor uma arquitetura, que mesmo com a falência de toda a infra-estrutura à sua volta continuasse com um funcionamento garantido adi infinito. Ou uma arquitetura que trouxesse a garantia da perpetuidade de sua existência, mesmo pela sua capacidade de modificação, que se readaptasse à sociedade, ou tivesse seus materiais reutilizados, infinitas vezes. Sabemos que nem mesmo um material considerado reciclável tem possibilidades de passar por este processo infinitas vezes, seu ciclo de vidas é finito. Portanto, o que podemos, e devemos buscar é uma arquitetura em direção à sustentabilidade, uma arquitetura, o mais sustentável possível.

A discussão do espaço de trabalho, principalmente edifícios de escritório é crucial neste contexto. O padrão de arquitetura corporativa que se fecha em uma caixa selada envidraçada, inadequada ao nosso clima deve ser combatido com soluções que apresentem uma contrapartida mais adequada. Para tanto são incorporados ao desenvolvimento do projeto algumas proposições básicas: adequação da construção ao entorno e à infra-estrutura urbana, conforto ambiental dos usuários, maximização da utilização de sistemas naturais melhorando o desempenho energético, melhoria das condições de permeabilidade do solo em prol da facilitação do escoamento de água, configuração de áreas verdes e racionalização do aproveitamento da água e energia elétrica.

Com este intuito, foi escolhido o bairro da Luz como área de intervenção, por apresentar uma paisagem consolidada e rica em diversidade e história, com ampla infraestrutura, interligações com transporte público, e também por ser atual foco de estudo e implantação de projetos de revitalização. O principal destes projetos é o Projeto Nova Luz, estudado de forma mais aprofundada para que se compreendessem as proposições atuais, e como seria o posicionamento deste trabalho em função destas sugestões. Para que fosse feita uma proposta adequada, a área de projeto foi delimitada por uma quadra que apresentasse construções modificáveis e uma diversidade que apoiasse a qualidade do projeto.

O desenvolvimento foi feito primeiramente por estudos volumétricos que permitiram a definição de um todo compatível com o entorno. Foram propostas aberturas, eixos de transposição que permitem a travessia por dentro da quadra e a delimitação de espaços públicos, semi-públicos e restritos (escritórios). Os primeiros andares incorporam usos comerciais e de serviços se relacionando com caráter comercial da região que centraliza na Rua Santa Ifigênia diversas lojas de eletro-eletrônicos. Estas funções complementares viriam também a ressaltar o uso misto da quadra, aproximando espaço de trabalho, comércio, serviços, moradia e lazer. A aproximação dos usos potencializa o aproveitamento da infraestrutura urbana e diminuem os espaços de deslocamento. O térreo também incorporou uma sala de cinema que dialoga com as inúmeras construções culturais da região com uma função maior de lazer para moradores e visitantes. O segundo andar tem a função de intermediar os acessos, restringindo que o público em geral entre nas “torres” de escritório.

As necessidades envolvidas com o espaço de escritórios hoje e as tendência futuras foram estudadas. E as questões principais que se relacionam com possibilidades de modificação e flexibilização dos espaços foram incorporadas no desenho das plantas e proposição do sistema construtivo. Este sistema é principalmente constituído por uma laje em grelha, que amplia as possibilidades de passagem de fiação, e as caixas de circulação vertical que, com papel estrutural, apóiam as grelhas. A laje em grelha ajudou na resolução dos problemas térmicos das construções, pois permitiu que a ventilação fosse feita pelo piso. As condições bioclimáticas de São Paulo e orientação das fachadas expostas foram devidamente analisadas. Foram propotas soluções que permitissem o aproveitamento da luz natural de forma adequada (difusa), sem causar ofuscamentos, bloqueio a ruídos externos e apenas o uso de ventilação natural para refrigeração dos ambientes.

O conjunto é composto por estruturas mistas de concreto e aço, garantindo a durabilidade, segurança ao fogo e possibilidades de modificação e desmontabilidade, foi priorizado o uso de materiais e elementos pré-fabricados e pré-moldados.

Mostra-se assim, que é possível a proposição de um outro tipo de padrão de escritório, que incorpore outros usos e seja mais flexível, adaptado ao clima, cultura e sociedade de São Paulo, de forma a permitir uma renovação da paisagem e usos para um bairro e com grande potencial, mas sem, com isso, ignorar o entorno, moradores, e atuais funções e espacialidades da região.

Ficha técnica:

Área total da quadra: 7759 m²
Área do terreno: 5.126,87 m²
Dimensões: ~ 96x84 m²
Área construída: ~15700 m²

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