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secao 4!

ESCOLA:

REQUALIFICAÇÃO DE EDIFÍCIO INDUSTRIAL NA MOOCA

Nathália Emmi Asamura

Antonio Carlos Barossi

Pelo fato de estarem abandonados ou subutilizados, os galpões industriais na Mooca se deterioram cada vez mais com o tempo e desvalorizam a si e a seu entorno. Desta forma, é preciso destinar novos usos a esses edifícios, como equipamentos públicos, habitações e parques lineares plenamente inseridos na malha urbana, re-inserindo esses edifícios à dinâmica urbana.

A cidade contemporânea deve ser pensada a partir de suas estruturas existentes. Segundo Carlos Leite de Souza, o desafio da arquitetura contemporânea é trabalhar sobre a cidade existente, sem negá-la, a partir de seus condicionantes.Essas grandes glebas ociosas ou subutilizadas configuram-se como representantes históricos da formação daquela sociedade urbana.

A Mooca apresenta-se atualmente como um ascendente pólo imobiliário, e assim, poderá atrair novas centralidades. No entanto, o que ocorre hoje na região são empreendimentos residenciais ao longo da Avenida Paes de Barros, pólos comerciais e de serviços entregues ao arbítrio da iniciativa privada, ou seja, trata-se de espaços sem nenhum desenho e planejamento.

Desta forma, é urgente a intervenção do poder público no local, elaborando planos urbanos de revitalização da região, requalificando as áreas degradadas sem excluir a população residente no local, reinserindo terrenos ociosos na cidade e criando equipamentos públicos de lazer, cultura e educação.

As principais problemáticas encontradas na área em estudo são:
- dificuldade de transposição de barreiras urbanas, no caso, a ferrovia;
- o isolamento do bairro em relação ao resto da cidade, apesar da sua proximidade com o centro;
- a ação especulativa do mercado imobiliário resultando no surgimento de empreendimentos imobiliários que segregam física e socialmente ;
- a demolição indiscriminada de patrimônios industriais presentes na região;
- o desperdício de solo urbano bem equipado de infra-estrutura;
- a carência de espaços verdes e de equipamentos de educação, cultural e de lazer.

Através do estudo da área, chegou-se ao diagnóstico anteriormente apresentado. A região carece de equipamentos públicos de lazer, esportivos e de educação. O importante legado industrial sofre as consequências da especulação imobiliária, sendo desconsiderado por completo. A especulação imobiliária propriamente dita promove ainda o surgimento de ocupações que negam a cidade, como os condomínios fechados. Estudando diversos projetos urbanísticos para área, concluiu-se que a proposta urbanística do Una Arquitetos responde a todas as problemáticas apontadas. Por tal motivo, resolvi adotar o projeto do escritório, e nele inserir uma proposta de requalificação dos antigos armazéns das Indústrias Runidas F. Matarazzo, edifício de valor histórico localizado à Rua Borges de Figueiredo. A requalificação ocorreria através de um projeto de uma escola de ensino fundamental.

Por tratar-se de um patrimônio histórico, procurou-se respeitar ao máximo a estrutura existente. Deste modo, o projeto de intervenção no patrimônio industrial existente ocorreu através da mudança de seu uso, de forma a distinguir claramente o que está sendo preservado e o que está sendo proposto. Para tanto, o projeto propõe o uso de técnicas contemporâneas, sem cometer o erro de tentar reproduzir a técnica utilizada na época em que o edifício original foi construído, comentendo assim, um “falso histórico”. Os volumes novos devem proporcionar ao edifício existente um contexto atual, mas ao mesmo tempo, destacando-o como um legado arquitetônico, técnico e cultural do passado. “Os edfifícios propostos devem se apresentar com personalidade própria no contexto, sem no entanto agredir o existente” (FERRAZ, Marcelo. Em palestra na FAU). Desta forma, os edifícios novos propostos se descolam completamente do existente, destacando-se dele, sem no entanto, competir ou destoar com o patrimônio, estabelecendo uma conversa entre eles.

Como a área é carente de equipamentos de lazer, a escola configura-se não apenas como equipamente de educação, é um local de encontro da comunidade, até mesmo nos finais de semana. Para tanto, as quadras poliesportivas voltadas para a calçada, convidam o transeunte a entrar, e configuram-se como uma continuação do parque linear proposto pelo Una. A fachada do edifício existente permite essa permeabilidade das pessoas por apresentar grandes aberturas, características de edifícios industriais. Esse aspecto contrasta com os muros altos e segregadores do condomínio erguido à frente do galpão representado na foto ao lado. Além das quadras, as piscinas também servem à toda a comunidade. A partir delas, um deck flutuante sobre a raia configura-se como um local de encontro diferenciado, um solário semelhante ao proposto por Lina Bo Bardi no Sesc Pompéia.

Devido à ausência de equipamentos culturais, foi proposto um auditório com capacidade para 550 pessoas que serve tanto à escola para palestras e aulas, quanto à comunidade, abrigando espetáculos de música, teatro, dança. Além disso, a bilbioteca da escola ficaria aberta nos finais de semana, permitindo que todas as pessoas da comunidade tenham acesso ao acervo e à internet.

Por abrigar tantas funções, os ambientes foram organizados de modo a adequar os diferentes usos, uns mais públicos, outros restritos à escola. Por esse motivo, as salas de aula localizam-se num edifício vertical novo, que se descola completamente do edifício existente e possui uma circulação vertical independente. Deste modo, a escola pode ficar aberta nos finais de semana, mas as salas de aula fechadas.

O mezanino apresenta uma função de elemento estruturador do projeto, uma vez que permite a integração de todos os ambientes. Através dele, se tem acesso à biblioteca, às quadras pelas arquibancadas, ao auditório, às piscinas e à escola.

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