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secao 4!

Parque Fluvial Urbano no Rio Aricanduva

Nicolas Xavier de Carvalho

Helena Aparecida Ayoub Silva

Este Trabalho Final de Graduação consiste no projeto de um parque fluvial urbano ao longo de um trecho de aproximadamente 7 km do rio Aricanduva (trecho definido aqui como curso médio do rio), situado na região leste da cidade de São Paulo. A proposta se insere dentro de uma visão sistêmica de reestruturação das infraestruturas, habitação, equipamentos públicos e áreas verdes urbanas, a partir das orlas fluviais da bacia do Alto Tietê.

A ideia de um parque linear é reforçada pela possibilidade de integração total de grandes áreas verdes com a malha urbana, garantindo a presença constante do parque no cotidiano das pessoas. O projeto propõe ainda a adaptação do rio Aricanduva à navegação, pois o transporte hidroviário, aliado às outras modalidades de transporte, pode contribuir imensamente para aliviar o tráfego intenso de caminhões. Dessa maneira seria possível resgatar o papel dos rios urbanos - hoje poluídos e aprisionados entre rodovias - como logradouro público principal da cidade. Além disso, o conjunto formado por canais, lagos, extensas áreas verdes, equipamentos e habitação corresponde a um projeto de desenvolvimento cultural e social.

O tema central deste trabalho decorre de uma profunda insatisfação com a condição de nossa sociedade atual. A dinâmica do mundo contemporâneo nos conduz a uma mecanização intensa das tarefas cotidianas. A facilidade de acesso à informação em escala global e a rapidez com que se dão as transformações e a circulação de mercadorias provocam uma sensação de que o tempo passa mais depressa, principalmente nas grandes cidades. A sensação é de estar sempre “correndo atrás”, de forma que o tempo para o momento de reflexão é curto e insuficiente.

Em São Paulo, os espaços de lazer e interações não-funcionais se reduzem a poucas ilhas espalhadas no tecido urbano, pois não há um sistema de espaços públicos, a ideia de percursos é substituída pela de fluxos, os espaços de encontro são escassos.

Apressados e dominados pela magnitude da grande metrópole, não podemos deter a marcha para desfrutar de um encontro, da festa; de forma que o sentimento de comunidade, pressuposto de uma aglomeração urbana, perde o sentido de ser.

Apesar do grande distanciamento social que vivemos, o fenômeno urbano, fundamental para o desenvolvimento do modo de produção capitalista, acentua o confronto entre classes sociais, uma vez que a proximidade física no espaço se torna necessária para a reprodução do capital e do próprio espaço. Tal contradição fica clara nas palavras de Milton Santos:

“(...) com o desenvolvimento das forças produtivas e a extensão da divisão do trabalho, o espaço é manipulado para aprofundar as diferenças de classes. Essa mesma evolução acarreta um movimento aparentemente paradoxal: o espaço que une e separa os homens.”
(SANTOS, 2004, p. 32)

Porém, uma leitura crítica do cenário colocado é dificultada pela ideologia dominante: os locais de trabalho, de estudo, de lazer que são concebidos como mercadorias para seduzir e atrair o consumidor; as atividades culturais que levam o nome de marcas; a arquitetura (pós)-moderna do espetáculo; a exaltação da concorrência e da competitividade em detrimento da produção coletiva.

Dessa maneira, a discussão sobre as questões relativas ao espaço público – livre, de encontro e de contemplação da obra humana – se coloca como fundamental no resgate do significado da vida em sociedade, que Le Corbusier, no livro Os Três estabelecimentos Humanos, define como uma lei natural “(...) que faz os homens se agruparem para se ajudar mutuamente, se defender e economizar seus esforços”.

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