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secao 4!

BIBLIOTECAS EM REDE:

ensaio de uma unidade na Zona Leste

Tatiana Galati Ozzetti

Alvaro Puntoni

Este trabalho partiu do interesse pela reflexão sobre o papel do espaço público contemporâneo, aliado a um anseio de pensar a cidade por meio da investigação projetual. Desta maneira, o objeto de estudo escolhido, uma biblioteca pública, busca pensar este espaço retomando a idéia do lugar coletivo, vivo, dinâmico e orgânico, de encontro, reunião e convivência, e ao mesmo tempo estruturador e transformador.

Diante do evidente déficit deste tipo de equipamento na cidade de São Paulo, propôs-se elaborar um projeto de uma biblioteca como parte de uma rede estruturada de escala metropolitana. Desta maneira, a intervenção na área escolhida é encarada tal como um projeto-piloto, a partir da elaboração de um conceito que poderia servir de modelo enquanto partido arquitetônico, organização do programa e sistema construtivo, daí seu caráter de ensaio. Esta idéia serviu de base para as primeiros estudos de projetos, e foi o princípio que originou, por exemplo, a busca por uma solução estrutural simples, a modulação e o emprego de elementos industrializados.

A escolha da área de intervenção privilegiou a proximidade à rede de infra-estrutura urbana existente, considerando o fácil acesso e a oferta de transporte coletivo. A opção por uma área periférica, assim como a proximidade à um equipamento público reflete uma preocupação na criação de referenciais urbanos, a partir da configuração de uma “praça de equipamentos” que potencializa a idéia de construção de um polo de centralidade, enquanto aglutinador de pessoas e atividades humanas.

A intervenção realiza-se no distrito do Tatuapé, nas imediações da Avenida Melo Freire, ou Radial Leste; próximo ao Terminal de ônibus, à estação do Metrô Carrão e ao centro esportivo Clube-Escola Tatuapé. A Avenida, de tráfego intenso, é um dos mais importantes eixos de transporte Centro-Zona Leste. Utilizou-se como foco de projeto simultâneamente as margens norte e sul deste eixo. A área é compreendida pelo quateirão que abriga o Clube, e atravessa a Radial Leste e o trilho do trem até o outro lado, chegando ao quarteirão que compreende hoje um estacionamento e alguns galpões sub-utilizados.

O projeto consiste em um conjunto de edifícios interrelacionados diretamente. Cada bloco é autônomo, no que se refere ao seu programa, mas juntos se complementam, compondo um sistema.

Trata-se de três blocos conectados por um edifício-lâmina, que funciona como elemento estruturador do conjunto. A lâmina conectora é implantada no mesmo eixo da passarela da Estação, tal como uma extensão da mesma, numa apropriação do percurso já existente. Este edifício tem um papel fundamental dentro do sistema. É responsável pela circulação, pela conecção entre blocos, pelos acessos e distribuição. É o elemento articulador entre interno e o externo, entre programas, entre níveis, entre instâncias públicas e privativas.

Os demais blocos são distribuídos ao longo deste eixo ocupando ambos os lados da Avenida, compondo o programa da Biblioteca, são eles: Bloco Biblioteca, Bloco Eventos e Bloco Audio-Visual. Os três, juntos, comportam acervo de livros e mídias diversas, áreas de leitura e de estudo, áreas de convivência, salas multiuso para eventos, oficinas e exposições, auditório para 350 lugares, salas de projeções, terminais de consulta, computadores com acesso à internet e ao acervo digital.

As cotas 738.25 e 741.75 desenham o chão da cidade, privilegiando o pedestre, sugerindo percursos, marcando praças e chegadas ou áreas de estar; procura conciliar o parque com a descida do metrô e o programa da biblioteca.

O desnível entre os dois lados da Radial é suave, porém procurou-se evidenciá-lo no projeto. Enquanto a cota 738.25 marca, de um lado, uma praça rebaixada a 1,75 m da Avenida, do outro apresenta um patamar que começa em nível com a rua e segue conformando um piso suspenso que termina a quase 2 m do chão. Aí, abriga-se a cafeteria, já próxima ao foyer do auditório.

Considerou-se 741.75 a cota do Clube-Escola. É neste nível que se encontram os acessos principais aos três Blocos, assim como a cafeteria.

A passarela existente, na cota 745.25, faz a ligação entre os lados da Avenida. Propôs-se um alargamento da mesma em 5 m, de maneira a possibilitar a criação de áreas de estar como espaço para leitura de jornais e revistas e acesso a internet.

Os programas se desenvolvem a medida em que os pavimentos se sucedem e as extensões e ligações entre os blocos se revelam por dentro da lâmina conectora.

Escadas de emergência, elevadores e sanitários compõem o programa de pequenos edifícios de apoio aos Blocos. Painéis duplos de concreto estruturados por pilares metálicos fazem os fechamentos laterais e possibilitam a passagem de tubulações por entre eles. Um vidro translúcido fecha as faces menores e ao mesmo tempo ilumina seu interior.

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