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secao 4!

Edifício de múltiplo uso no centro de São Paulo

André Cruz Rodrigues

Oreste Bortolli Júnior

Introdução

A escolha do tema e do local para o trabalho final de graduação consistiu basicamente em um posicionamento a favor da idéia de promoção da diversidade funcional e social do centro de São Paulo e da sua conseqüente requalificação, através da proposição de um equipamento público indutor. Além disso, houve o interesse pelo desafio projetual da resolução de programas arquitetônicos tradicionalmente horizontais, como por exemplo, um edifício escolar, em espaços residuais em áreas centrais onde a verticalização seria inevitável.

O resultado se deu através do projeto de um edifício de múltiplo uso onde predomina a função de escola pública de ensino fundamental e médio. A implantação em pilotis possibilitou um a proposição de um caminho de pedestres alternativo que permite um trajeto pelo interior da quadra independentemente do trajeto tradicional dependente da rua e contíguo ao tráfego de veículos. O edifício conta ainda com um conjunto de garagens subterrâneas, que se justificam a partir da hipótese de que um dos motivos que levaram à decadência e ao esvaziamento empresarial do centro foi à restrição radical ao acesso de automóveis que se deu através do superdimensionamento do modelo “full-mall” contido no projeto e na construção dos calçadões nos anos 1970.

Como embasamento teórico para realização do projeto, se fez necessária uma pesquisa para procurar entender ou ao menos interpretar a história recente do centro de São Paulo, naquilo que se refere às suas transformações do ponto de vista urbanístico, onde se concluiu que a proposta era justificável, pois ela consiste na defesa do aproveitamento de uma importante área da cidade que por muito tempo recebeu maciços investimentos em infra-estrutura pagos com dinheiro público e que agora se encontra subutilizada.

Área de projeto

O terreno escolhido, onde hoje funciona um estacionamento de veículos, possui com característica marcante estar cercado de edifícios residenciais e comerciais de grande proporção, como no caso, do Edifício Copan e do Edifício Itália, tal fato, torna o projeto delicado do ponto de vista do conforto ambiental, pois são grandes as sombras projetadas por esses edifícios, o que levou, a elaboração de máscaras de sombreamento e estudos de insolação, para que fosse avaliado o impacto do entorno intensamente verticalizado sobre o edifício proposto, influenciando diretamente as estratégias e as decisões do projeto.

O terreno possui sua face principal voltada para a Rua da Consolação e se trata da continuidade natural de uma via de tráfego seletivo que corta a quadra, conhecida tradicionalmente como Vila Normanda. Por se tratar de propriedade privada, o lote possuí um muro construído na sua divisa norte, o que impede o livre cruzar da quadra, impossibilitando de compor, conjuntamente com as típicas galerias comerciais do centro existentes no local, como a existente no térreo do Copan, um caminho alternativo e interessante para o transitar de pedestres independente do traçado viário e dos automóveis.

Programa

Foi feita uma pesquisa em busca de dados estatísticos para saber quais seriam as demandas por equipamentos públicos, onde se constatou, a indisponibilidade de escolas públicas e outros equipamentos próximos ao local de projeto, principalmente se for levado em consideração à demanda futura, baseada nos programas de requalificação funcional do centro. Por razões de especialização do exercício projetual, no caso, optou-se pelo favorecimento da função escolar em detrimento de outras propostas preliminares, como no caso da unidade básica de saúde e da creche. Outras funções foram adicionadas ao longo do desenvolvimento, como no caso da garagem subterrânea, escolha que se configurou tardiamente, baseada em justificativas já explicitadas anteriormente na introdução, além da constatação de que uma garagem no Edifício Copan possuí o mesmo valor venal que um apartamento, o que levou a conclusão de que, infelizmente, apesar de todos os problemas causados pelo predomínio do transporte individual motorizado em São Paulo, a dependência desse tipo de transporte é tão violenta que quanto maior for a restrição ao acesso de veículos particulares em uma determinada área, maior será a tendência para a sua decadência.

O programa das escolas baseou-se nas propostas da FDE, porém houveram revisões críticas dessas proposições, que foram motivadas, principalmente, pela natureza incomum de uma escola intensamente verticalizada se comparada aos modelos tradicionais.

Projeto

Em primeiro lugar, levou-se em consideração a legislação proposta para o local, a partir disso o edifício foi sendo concebido de maneira semelhante a um edifício de escritórios com planta livre, ou seja, ele foi pensado como uma sucessão de lajes completamente livres e com estrutura independente, onde qualquer layout seria possível de ser construído posteriormente. O estudo preliminar do edifício constituiu-se basicamente, da estrutura mista de concreto armado e perfis metálicos (que contém como premissa o espaço interno totalmente isento de pilares), dos pavimentos tipo, das circulações verticais (que foram dimensionadas e calculadas baseando-se na legislação referente à segurança contra incêndio do corpo de bombeiros e da NBR 9077) e dos equipamentos de hidráulica. A partir dessas definições se deu o inicio ao projeto do layout interno e outros detalhes necessários.

O desnível de 4 metros da Rua da Consolação em relação à Vila Normanda se configurou em uma grande questão para o projeto, problema que inicialmente, foi resolvido com patamares, obteve sua solução final através de uma generosa rampa onde houve a preocupação em se propor uma estrutura com forte apelo estético, como forma de valorizar o espaço público.

Escolheu-se por seguir a diretriz do “programa de reorganização da rede de ensino estadual” do Governo do Estado de São Paulo, que defende que a escola para a escola para a criança deve ser arquitetonicamente diferente da escola para o adolescente. Portanto a configuração geral do edifício se deu através de um partido que contempla um embasamento de proporções mais horizontalizadas onde está à escola de ensino fundamental de 1ª a 4ª série e um volume de proporções mais verticais onde se instala a escola de ensino de 5ª à 8ª série e ensino médio, entre essas “duas escolas” distintas se situam os dois pavimentos de práticas esportivas. Os pátios de recreação das escolas foram concebidos como tetos-jardim, cobertos parcialmente por uma leve cobertura metálica translúcida que se constituiu em outro objeto de apelo estético contido no projeto.

ficha técnica

área do lote - 2481 m²
coeficiente de aproveitamento máximo - área do lote x 4 - 9924 m²
total área construída - 10.953 m²
área construída não computável - pilotis - 1037 m² - garagem - 4755 m²
total área construída computável - 5161 m²
taxa de ocupação máxima - 0,7 - 1736 m²
taxa de ocupação obtida - 0,43 - 1075 m²
taxa de permeabilidade mínima - 0,15 - 355 m²
taxa de permeabilidade obtida - 0,18 - 438 m²
garagem - 4755 m² - 193 vagas
escola de ensino fundamental ciclo 1 - 2720 m² - 8 salas de aula - 280 alunos
escola de ensino fundamental ciclo 2 - 2600 m² - 9 salas de aula - 315 alunos

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