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secao 4!

Implementação de Bairro na Várzea do Tietê

Camila Del Gaudio Orlando

Fábio Mariz Gonçalves

A área de intervenção possui aproximadamente 180 ha e está localizada em uma região estratégica da Região Metropolitana de São Paulo visto que ela está na confluência de grandes eixos rodoviários e próxima a equipamentos urbanos de caráter metropolitano e regional como o Aeroporto Internacional de Cumbica (5Km), o Parque Ecológico do Tietê, o centro da cidade de Guarulhos (4 Km) e a USP Leste (2Km).

A presença das Rodovias facilita o acesso de veículos à área de intervenção, porém, estas funcionam como barreiras urbanas aos pedestres, que encontram dificuldade em acessar tanto o terreno quanto as fábricas e os presídios que funcionam atualmente no local.

O Plano Diretor do Município de Guarulhos classifica a maior parte da área da gleba como Macrozona de Dinamização Econômica e Urbana, “com potencialidade de atrair novos investimentos imobiliários e produtivos, nas quais há moradias com alta incidência de terrenos vazios e subutilizados ... possuindo infra-estrutura deficiente... .”

Algumas obras de infra-estrutura de caráter regional já estão previstas ou em andamento na região. Destacam-se: a ampliação do aeroporto e da rede ferroviária metropolitana (Expresso Aeroporto e Trem de Guarulhos), a criação de um corredor de ônibus entre a estação Tucuruvi do metrô e Guarulhos, a extensão da Avenida Jacu-Pêssego e a construção da nova interligação da cidade de Guarulhos com a Rod. Presidente Dutra.

A melhoria da infra-estrutura do entorno aliada ao contínuo crescimento da população de Guarulhos aumentará a pressão pela ocupação da área que, atualmente, já está sendo aterrada e modificada.

Entre as conseqüências do aterramento e da terraplanagem estão a diminuição das áreas verdes e a mudança no traçado do canal de circunvalação.

Este canal foi construído paralelamente à implantação da Rod. Ayrton Senna para conduzir às águas dos córregos situados à sua margem direita para o Rio Tietê.

A intensa urbanização que ocorreu ao redor dos córregos que deságuam no canal de Circunvalação provocou um aumento das vazões e hoje, o Canal está no limite de sua capacidade, não conseguindo escoar as maiores vazões de cheia.

A área de intervenção está a montante dos locais de deságüe da maioria dos córregos no canal de Circunvalação e, por isso, não está sujeita à enchentes. Porém, ocupar indevidamente sua montante implicará no aumento das vazões e na potencialização das enchentes que ocorrem ao longo dos córregos que deságuam à jusante do Canal.

Dentro deste contexto, o presente trabalho apresenta uma proposta de ocupação que visa minimizar os problemas decorrentes da urbanização desta área sensível da região metropolitana.

Priorizando questões referentes à drenagem, impermeabilização do solo, locomoção e áreas verdes, o plano de massas para a área procurou criar áreas residenciais, comerciais e institucionais interligadas por um sistema de espaços verdes e livres e um sistema viário que prioriza o pedestre e o uso de veículos não motorizados.

Na área ao norte da avenida central propôs-se a construção de edifícios lâminas de alturas variadas com as maiores fachadas voltadas à leste e à oeste a fim de que todos os ambientes recebam insolação em, pelo menos, um dos períodos do dia.

Os edifícios próximos à Rod. Pres. Dutra voltam-se ao Norte para proteger os espaços internos das quadras e os demais edifícios dos incômodos acústicos causados pelo grande fluxo de veículos nas rodovias.

Os lotes do edifícios residenciais serão elevados em relação às calçadas a fim de proporcionar um resguardo aos apartamentos situados no andar térreo das edificações.

A área ao sul da avenida central possui mais áreas com vegetação. A fim de acomodar melhor as edificações nos lotes, não sendo necessário o desmatamento das áreas remanescentes optou-se pela construção de torres habitacionais.

Ambas as tipologias seguem a mesma linguagem e obedecem a mesma lógica de alinhamento e disposição, contribuindo para a criação de uma característica própria para o bairro.

Os edifícios de comércio e serviços, implantados ao longo da avenida central, procuram dialogar com a linguagem estabelecida para os edifícios residenciais sendo, basicamente, compostos por três blocos.

O bloco inferior dos edifícios ocupa grande parte do lote e possui um alto pé direito, de cerca de 7 metros, para possibilitar a criação de mezaninos nas lojas. O bloco intermediário é recuado em relação aos demais, a fim de “soltar” o bloco superior.

O andar térreo dos edifícios comerciais são recuados em relação à calçada criando marquises destinadas a abrigar os pedestres da insolação direta e das intempéries. Complementadas pela vegetação existente entre a via e as calçadas, essas marquises protegem também as vitrines das lojas que virão a se instalar nos edifícios contra a insolação direta.

A fim de proteger os espaços livres e os edifício dos incômodos acústicos causados pelas rodovias propõe-se a construção de uma barreira de 4 m de altura entre a área loteada e as rodovias. Além da proteção acústica, a barreira evitará a travessia de pedestres em locais indesejados e evitará que estes caminhem no acostamento das rodovias.

As barreiras acústicas serão recobertas com vegetação rasteira, arbustos e árvores de diferentes portes. Além do conforto visual, essa vegetação funcionará como um filtro natural que impedirá a passagem do material particulado produzido pelas rodovias para a área de intervenção.

Optou-se por trabalhar com um CA maior que o estabelecido pelo Plano Diretor de Guarulhos a fim de preservar as áreas com vegetação remanescente sem que houvesse a diminuição da área edificável e prejuízo da densidade estabelecida.

As áreas verdes remanescentes foram preservadas e o potencial construtivo das áreas verdes e livres que ultrapassaram a porcentagem dos 15 % da área verde mínima estabelecida pela Lei de Parcelamento foi transferido aos lotes a serem edificados.

Estima-se uma população de 60.000 habitantes para o local, resultando numa densidade de 335 hab/ha considerando as áreas dos presídios como área de intervenção e 378 hab/ha caso estas sejam desconsideradas.

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