Esse Trabalho Final de Graduação apresenta-se como uma proposta de requalificação de dois bairros situados na periferia da Zona Leste de São Paulo, Jardim Walquíria e Jardim Santa Adélia, através da implantação de um Sistema de Espaços Livres Públicos e de um Sistema de Equipamentos Públicos, ambos detectados como demanda prioritária pela comunidade, pela Subprefeitura responsável e, finalmente, pelo levantamento efetuado no princípio desse exercício.
Observamos que os Equipamentos Públicos atualmente implantados nos bairros da periferia de São Paulo têm pouca relação com a comunidade assistida, não apenas no que diz respeito a sua capacidade de atendimento e distribuição pelas regiões, mas também em relação a sua implantação nesses locais, resultando numa difícil identificação e apropriação do espaço e dos serviços neles oferecidos por parte da população, pressuposto básico para o sucesso pretendido por um programa público, seja ele de qualquer natureza.
Soma-se ainda a essa problemática a questão do mau tratamento dos espaços livres. De maneira geral, entendidos erroneamente como áreas verdes, os espaços livres urbanos são potenciais realizadores da esfera de vida pública , devendo, portanto, ser também vivenciados como parte do Sistema de Equipamentos Públicos e vice-versa.
Na área em questão, e essa é uma realidade observada de modo geral nas periferias, esses espaços, ainda que não adequados ao uso da população, são entendidos por ela como possíveis espaços de recreação e são dessa forma apropriados, resultando na sua manutenção pela própria função que eles adquirem perante a comunidade. Esse panorama evidencia o potencial de espaço de convívio social dessas áreas, que deve somar-se ao papel dos Equipamentos Públicos que, além de oferecerem serviços de atendimento à população podem, e devem ser cenário da esfera de vida pública, entendida enquanto realização do cotidiano, reforçando, dessa forma, a inter-relação dos sistemas que compõem o substrato da comunidade.
O trabalho aborda também o papel da região na dinâmica metropolitana, visto que se configura como um nó de articulação entre a Zona Leste, demais regiões da cidade de São Paulo e também e os municípios do ABC Paulista e a região de Mauá.
Sendo assim, a região é foco de atuação dos planos da Companhia do Metrô do Estado São Paulo, integrando a malha de infra-estrutura de transportes da cidade e, portanto, estando vulnerável às conseqüências que essa intervenção gera.
É o conjunto dessas relações de convívio da comunidade proporcionadas por espaços e equipamentos adequados, e da comunidade com o restante da cidade que promovem a identificação das pessoas com o lugar onde moram, que vai além dos limites administrativos de bairro.
É nesse ponto que o conceito de Unidade de Vizinhança é estudado e aplicado de maneira direcionada na proposição presente nesse trabalho, pois se entende que o atendimento das demandas da população possibilita a apropriação dos espaços e equipamentos pelos moradores e tão mais saudável é essa relação quanto maior é a presença do poder público no local, mostrando que a área tem valor para o conjunto da cidade, proporcionando também uma relação de apreço com o lugar.
