O objeto de estudo é a realização de anteprojeto de arquitetura de edificação na cidade de São Paulo que atenda às necessidades do usuário de perfis determinados, às condições da paisagem urbana local e às potenciais expectativas do mercado imobiliário.
No anteprojeto realizado, buscou-se o atendimento a condições fundamentais da arquitetura no que se refere ao atendimento ao programa pré-estabelecido, agenciamento espacial, síntese estrutural, escolha e emprego dos materiais e tecnologias construtivas.
A cidade de São Paulo possui grande demanda de edificações multifamiliares, representada pelos diversos lançamentos e empreendimentos em construção. Estes empreendimentos são planejados, projetados e construídos de acordo com a atual lógica dos investidores e incorporadores.
De acordo com tal lógica, a edificação é planejada, desenvolvida e vendida exclusivamente como um produto cuja única expectativa é o máximo retorno financeiro, deixando-se em muitos casos em segundo plano as condições de construtibilidade, adequabilidade ao programa, conforto ao usuário e integração do edifício à paisagem.
Este cenário suscita uma reflexão sobre a condição que a arquitetura tem assumido neste mercado e as conseqüências negativas para o seu desenvolvimento, para o usuário e para a cidade. Como proposta de trabalho, tem-se o desenvolvimento do anteprojeto de arquitetura de edificação que atenda às necessidades do mercado brevemente apresentado, mas que prioritariamente atenda às questões arquitetônicas, a saber: inserção do edifício na paisagem urbana, adequabilidade de equipamentos do empreendimento às expectativas do perfil de usuário determinado, uso racional das tecnologias construtivas disponíveis, exploração da plástica dos materiais, adequabilidade da concepção estrutural e das instalações ao programa determinado.
Desta forma, primeiramente foi determinado o perfil de usuário a ser considerado. A estrutura familiar brasileira modificou-se bastante nos últimos anos. Observa-se uma considerável fatia de mercado composta por solteiros, separados ou divorciados acima dos 30 anos e casais definitivamente sem filhos.
Considera-se também o público composto por casais acima dos 40 anos com filhos adolescentes e adultos em vias de saírem definitivamente de casa e casais acima dos 50 anos com filhos que já saíram de casa.
O terreno escolhido localiza-se à Rua Dr. Gabriel dos Santos, 214, bairro de Santa Cecília. Encontra-se a 650m da estação Marechal Deodoro do metrô, vizinha à estação Barra Funda que possui conexão ao sistema de trens da CPTM e abriga um dos principais terminais rodoviários da cidade. Em relação à estrutura viária, fica próxima à Avenida Pacaembú e a Avenida General Olímpio da Silveira. A Avenida Pacaembú faz parte de um eixo de conexão entre a Avenida Dr. Arnaldo e a Marginal do Rio Tietê. A Avenida General Olímpio da Silveira faz parte da ligação leste-oeste que compreende a Avenida Francisco Matarazzo, Elevado Costa e Silva, Avenida São João e a Radial Leste.
Com o objetivo de preservar parte da memória arquitetônica do bairro, cria-se uma composição de edificações as quais plasticamente expressam distintos momentos construtivos. Fazem assim parte dessa composição as edificações multifamiliares vizinhas, o novo edifício a ser implantado e uma das duas casas presentes no terreno escolhido a ser preservada. A casa preservada, em diretriz de projeto, tem sua fachada revitalizada e o interior reformado para abrigar programa de lazer inerente à edificação projetada.
A planta livre apresenta-se como partido fundamental de projeto baseada na variabilidade das necessidades espaciais que os diversos perfis de usuários e suas respectivas fases de vida necessitam. Objetiva-se um arranjo espacial e tecnológico que permita que as unidades sejam facilmente adaptadas as necessidades diversas e variáveis de seus proprietários. São vinte unidades, sendo dez com área interna total de 168m² e dez com 255m². As unidades de 168m² possuem duas vagas na garagem e as unidades de 255m² possuem três vagas. Todas possuem depósito individual no subsolo.
O projeto nasce da relação que a edificação estabelecer-se-á com a casa preservada, da concepção estrutural e das instalações das unidades.
A estrutura, assim como a previsão das instalações, foi concebida para garantir a total flexibilidade espacial das unidades. Assim, os pilares e as vigas são perimetrais e os balanços econômicos obtidos proporcionam uma leveza da inserção do edifício no terreno, contribuindo para a sensação de descolamento do mesmo em relação à casa existente. As lajes são do tipo pré-moldada de concreto com isopor, material que garante eficácia construtiva e que permite o vencimento de grandes vãos (9m). Essa composição estrutural permitiu a obtenção de unidades sem vigas internas, item que garante a flexibilidade do arranjo espacial.
Nas adjacências do núcleo que caracteriza o encontro das duas unidades, encontram-se os reservatórios de água superior e inferior, e as duas das prumadas verticais de água e esgoto que derivam horizontalmente para as unidades em seus respectivos pavimentos. Encontra-se também a prumada de gás encanado e a prumada de instalações elétricas e de sistemas prediais como telefonia e televisão.
A concepção espacial das unidades é modulada em múltiplos de 60 cm. Essa modulação envolve os dois panos de lajes descritos e o projeto de caixilharia e foi determinada em vista do padrão de medidas das placas de gesso acartonado e das placas de piso elevado. Essa modulação interfere na determinação das diversos layouts, apresentando-se como referências os layouts sugeridos.
Em relação aos materiais empregados na construção, todos são pensados de forma se explorar suas potencialidades técnicas e plásticas.
-Edificação residencial
-Tamanho do lote: 2129m²
-Área do térreo: 753m²
-Área total: 7005m²
-Área construída edificação: 5090m²
-Área construída estacionamento: 1915m²
-Nº de andares: 10
-Nº de unidades: 20
-Área total das unidades: 168m² e 255m²
-Vagas de automóveis: 50
