O presente Trabalho Final de Graduação estrutura-se a partir do tema Arquitetura e Educação. Trata-se de uma pesquisa que envolve uma primeira aproximação com os universos da pedagogia e da psicologia, acompanhada por uma busca por referências arquitetônicas e pedagógicas nacionais e internacionais. Deu-se atenção especial à questão histórica que embasa e "justifica" o panorama atual dos equipamentos públicos urbanos - principalmente daqueles voltados ao lazer e à educação - e à reflexões a respeito da elaboração de um programa pedagógico único, adequado ao caso estudado em especial. Como parte do trabalho foram desenvolvidos ensaios arquitetônicos para um Clube de Esportes e Centro Educacional na Vila Maria, zona nordeste de São Paulo. Esses ensaios foram precedidos e acompanhados pelo contato estreito com a comunidade e pelo levantamento de necessidades e potencialidades que pudessem ser utilizadas como partido de projeto.
O terreno escolhido, com área de aproximadamente 100.000 m², é um talvegue muito importante para a região, principalmente por abrigar duas nascentes cujos córregos foram tamponados. Essa questão também foi abordada com certo grau de aprofundamento, de maneira a ocupar papel fundamental no projeto de implantação do parque de esportes.
A reinserção dos córregos na paisagem urbana foi motivo de muitas discussões e tentativas de projeto. Pretendia-se transformar os cursos d'água em fios estruturadores de percursos, em elementos indissociáveis do novo equipamento proposto, que funcionassem ao mesmo tempo como instrumentos didáticos e propositores de possibilidades variadas de uso. Inicialmente, foram realizadas pesquisas junto ao Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo, de maneira a descobrir a vazão de cada um dos dois córregos e o volume de água pluvial captada pelo talvegue em questão. Confirmada a viabilidade da intervenção e calculadas as dimensões necessárias para que fosse mantida uma velocidade segura de vazão da água, iniciou-se o processo de idealização propriamente dito. O percurso proposto para o córrego que nasce no ponto mais alto do terreno é correspondente ao original, obtido através de imagens aéreas e do Gegran. Esse curso d'água insere-se de maneira marcante no parque de esportes e possibilita usos intermitentes: há um curso d'água principal, mais estreito e profundo, que permanece cheio durante todo o ano em decorrência da água que vem da nascente. Logo acima foi proposto uma espécie de boulevard, calculado para suportar as águas pluviais nos dias chuvosos e oferecer possibilidades múltiplas de uso nos dias secos. O outro córrego foi mantido tamponado sob o complexo escolar porque sua vazão não justificaria a intervenção necessária - é provável que em poucos anos não brote mais água de sua nascente.
O projeto proposto para o complexo esportivo parte de uma infra estrutura já existente – o espaço funciona atualmente como Clube Escola – e coloca uma série de intervenções que acabam por reestruturá-lo completamente, alterando características de uso, percursos e principalmente a relação do equipamento com o entorno próximo, com a comunidade usuária e com o Centro de Educação.
O Centro Educacional, também já existente e composto por um CEI, uma EMEI e uma EMEF, foi completamente alterado. Essa intervenção é também uma provocação, uma ênfase à negação aos preceitos educacionais tradicionais que se traduzem perfeitamente através da arquitetura padronizada existente. Muitos foram os autores, filósofos e pedagogos que influenciaram a elaboração do projeto proposto, mas não se pode deixar de citar a arquiteta Mayumi Lima e os pedagogos Celestin Freinet e Paulo Freire.
