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secao 4!

Templo da Arte

Guilherme Maggio da Silva

Oreste Bortolli Jr.

O intuito deste trabalho é desenvolver um projeto arquitetônico de um Templo Católico, que possa abrigar também espetáculos teatrais, shows musicais, e outras atividades artísticas. Pretende-se conceber um espaço híbrido, de multifuncionalidade, sem que o mesmo perca as características litúrgicas e sacras que ordenam a religião em questão, e também possa ser reconhecido como uma excelente casa de espetáculos sacro-santos. A concepção projetual se dará com base em uma pesquisa litúrgica e de repertório, além da experimentação real na Comunidade Nsa. Senhora do Rosário de Fátima em Pirituba.

Desde os primórdios do cristianismo a cerca de 2000 anos atrás, a arte é usada como instrumento de divulgação dos ensinamentos do próprio Cristo o Deus vivo. As parábolas eram usadas por Jesus para despertar no intelecto e nos corações dos mais humildes o interesse pela santidade, pela caridade e pelos valores espirituais. Conforme Pedro, Paulo e os discípulos instituíam as primeiras comunidades cristãs e geravam as bases para a religião Católica Apostólica Romana, a palavra de Deus era divulgada através da palavra falada, de cantos e das já citadas parábolas.

A arte sacra procede do espírito santo e exprime a natureza sublime e austera daquele que é o criador e o inspirador de toda a criação. Já a arte religiosa exprime a vida pessoal, as experiências místicas e de fé, as lutas, as buscas e as graças concedidas pelo autor da vida. Ambas se completam e ao longo da história se mostraram eficazes na propagação e no entendimento da doutrina apostólica.

Com o passar do tempo as formas de arte foram assumindo importância extraordinária, dentro das celebrações litúrgicas, e em vários casos da antiguidade, artistas eram solicitados por padres, bispos, membros do clero, reis e grandes comerciantes, para através de uma imagem, uma música, uma escultura, levar a essência da fé a aqueles que não sabiam ler e escrever, e dependiam de tais meios para entender as celebrações e a história de seu credo.

Quadros, esculturas e mosaicos que relatavam acontecimentos bíblicos e a vida de santos, se tornaram muito comuns. O teatro por sua vez existente desde a era primitiva teve na religiosidade cristã o seu declínio, quando tal ato passou a ser considerado pagão e não condizente com a fé católica que acabara de ser instituída. Mas paradoxalmente na Era Medieval, tal expressão ressurge através da própria Igreja, para representar a história da paixão e ressurreição de Cristo.

Nos dias atuais é clara a presença de artistas nos cultos religiosos, em especial das religiões cristãs. Missas como as celebradas pelo padre Marcelo Rossi, nas quais se reúnem milhares de pessoas, motivadas por cantos e danças já não são mais incomuns. Eventos realizados no autódromo e no campo de marte não chocam mais e se tornaram clichês.

Entretanto poucos são os espaços pensados para que tais espetáculos aconteçam, ou se realizam em uma igreja de péssima qualidade acústica e térmica para tal evento, ou se transfere a prática para grandes galpões, casa de shows, campos abertos, que na maioria das vezes não conseguem manter a aura sublime e de introspecção que o templo religioso oferece.

A harmonia a que se almeja vai de encontro com a necessidade de expansão da fé implícita na construção de novos templos na modernidade. A questão religiosa se une à social e traz uma oportunidade completa aos mais necessitados, dispondo de cuidados para a alma do fiel, mas também oferecendo uma nova forma de enxergar o sagrado, como algo mais real e próximo. O transcendental se colocando ao alcance dos marginalizados, e dos amantes das mais variadas formas de arte.

Nota-se nos últimos tempos uma aproximação da liturgia para com a assembléia. Trazendo os fiéis a participarem efetivamente das celebrações e a se interessarem mais pelos seus significados. A tecnologia atrelada às novas maneiras de cultuar ao sagrado encontra nas expressões artísticas uma forma incisiva de inclusão religiosa e social, sem que o sagrado seja distorcido.

Para tanto se faz necessário um local transigente e harmonioso onde a arte e a religião possam ser celebradas juntas, e que o edifício possa reger tal diálogo, e fazer com que ambos atinjam o seu máximo aproveitamento sem que haja desrespeito entre as funções. A missa deve ter “cara” de missa e o show ter “cara” de show, e que o maestro a reger tal convivência seja a arquitetura.

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