“Terremotos ou abalos sísmicos ou tremores de terra, são termos utilizados para identificar eventos sísmicos, conforme o seu "tamanho". Desta forma, o termo terremoto é reservado para eventos grandes, geralmente aqueles com perdas humanas e grandes estragos”, define a Profa. Dra. Tereza Higashi Yamabe, professora de Física e Geofísica - Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (UNESP) - Presidente Prudente/SP.
A dificuldade em se prever um terremoto está na ausência de um padrão, já que os tremores normalmente acontecem de forma diferente a cada sismo e em cada região. "Não existe uma fórmula para prever terremoto. O que existem são estudos específicos para cada tipo de feição que antecede um tremor - que podem aparecer com anos ou apenas alguns dias antes do evento -, e como isso pode funcionar em área específica", explica o brasileiro Cristiano Chimpliganond, geólogo do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília.
Existem partes do planeta que estão mais vulneráveis à ocorrência de terremotos devido a sua situação geográfica e geológica, como é o caso de El Salvador, país situado na América Central.
Uma catástrofe de grandes proporções, como é o caso dos terremotos, causa grandes danos humanos, materiais e ambientais, deixando as vítimas vulneráveis física e psicologicamente, abalando em princípio, suas necessidades básicas.
Segundo a Teoria da Hierarquia das Necessidades do psicólogo norte-americano Abraham Maslow (1970), as necessidades fisiológicas e de segurança são as primeiras necessidades básicas de um ser humano.
De acordo com Maslow (1970), as necessidades fisiológicas constituem o nível mais baixo de todas as necessidades humanas, mas de vital importância. Neste nível estão as necessidades de alimentação, de repouso, de abrigo, etc.
As necessidades fisiológicas estão relacionadas com a sobrevivência do indivíduo e com a preservação da espécie. São necessidades instintivas, que já nascem com o indivíduo. São as mais prementes de todas as necessidades humanas: quando alguma dessas necessidades não está satisfeita, ela determina fortemente a estrutura comportamental do homem. A necessidade de segurança constitui o segundo nível das necessidades humanas. São as necessidades de segurança ou de estabilidade: a busca de proteção contra a ameaça ou privação e a fuga ao perigo.
Diante dos prejuízos materiais, humanos e econômicos sofridos por países e cidades, quando da ocorrência de catástrofes naturais, muitos organismos internacionais promovem estudos e ações humanitárias que visam preparar as populações e entidades responsáveis para enfrentar as catástrofes naturais da melhor maneira possível.
Nesse contexto, vale destacar o trabalho da AFH (Architecture for Humanity), organização beneficente, fundada em 1999 que busca soluções arquitetônicas para as crises humanitárias. A entidade cria através de competições, workshops, fóruns educacionais, parcerias com organizações de amparo e outras atividades, oportunidades para arquitetos e designers de todo o mundo ajudar as comunidades em necessidade.
Cameron Sinclair, arquiteto inglês, diretor-executivo e co-fundador da AFH, defende uma arquitetura socialmente consciente que se empenha em aliviar os sofrimentos das populações que sofrem com a escassez de abrigos quando afetadas por desastres naturais.
Para Sinclair e todos os seus seguidores o sentimento de ajudar quem precisa vem do seguinte ideal: “a de que o design pode fazer a diferença”. Em seu livro “Design Like You Give a Damn: Architectural Responses to Humanitarian Crises” (2006), Sinclair apresenta uma compilação de mais de 80 projetos de soluções contemporâneas e inovadoras através do design humanitário. É uma obra indispensável para projetistas e organizações humanitárias encarregadas na reconstrução dos lares afetados por catástrofes em qualquer parte do mundo.
Tendo conhecido os conceitos e ideais da Arquitetura Humanitária, sendo estudante de Arquitetura, e cidadão Salvadorenho, constatei a real necessidade de propor um projeto de abrigo emergencial portátil e de uso temporário para ser fabricado em El Salvador, sendo este o objetivo desse trabalho.
O estudo desse projeto se concentrou na pesquisa de materiais e estruturas disponíveis para a confecção de abrigos emergenciais, através dos projetos de abrigos já existentes, de artigos publicados sobre o tema e nas informações técnicas colhidas em visita à Defesa Civil de São Paulo e à Nautika, uma fábrica de barracas.
A metodologia utilizada para esse trabalho caracterizou-se pela interdisciplinaridade, combinando conhecimento das seguintes áreas: estudos em design, arquitetura humanitária, pesquisa de materiais, pesquisa na área da psicologia e sismologia.
Na fundamentação teórica procurei embasar-me em autores como: Tereza Higashi Yamabe, Antônio Luiz Coimbra de Castro, Abraham Maslow, Cameron Sinclair, Shigueru Ban e Robert Kronenburg.
Assim, o desenvolvimento dessa monografia se dá em cinco partes, onde o capítulo um trata do tema terremotos: o que são, como ocorrem, escala e as principais tragédias pelo mundo.
O capitulo dois é dedicado a El Salvador, onde o país é retratado física, política e economicamente, além de relatar os principais terremotos ocorridos no país e os prejuízos causados.
O capítulo três aborda alguns dos exemplos dos abrigos já existentes através de vários arquitetos e o que já foi proposto em termos de abrigo emergencial. A minha proposta do abrigo emergencial portátil e temporário está apontada no capitulo quatro, onde é apresentada a descrição dos materiais usados, desenhos, dados técnicos e de montagem do mesmo.
No capítulo cinco, a última parte desse trabalho, são feitas as considerações finais e as conclusões da proposta desse projeto.