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secao 4!

Escola Inclusiva:

conforto e mobilidade

Lara Martins Del Bosco

Denise Helena Silva Duarte

Este trabalho tem como objeto o estudo de questões ligadas ao conforto em edificações existentes, não apenas como variáveis numéricas (temperatura, umidade, nível de intensidade sonora, etc.), mas como: “um sub-sistema de valores fundamental da arquitetura, que compreende valores técnicos, práticos e artísticos” (SCHMID, 2005, p.5).

Assim, tem como objetivo promover o conforto e a mobilidade para todos os usuários de uma escola, levando em conta diversas necessidades, e não apenas as necessidades de pessoas com algum tipo de deficiência ou mobilidade reduzida como previsto em norma. Para tal, trabalha com a idéia de arquitetura inclusiva, aplicando técnicas de retrofit, visando à adaptação dos espaços para a circulação autônoma de todas as pessoas.

A inclusão de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida na sociedade deve ser promovida desde cedo, garantindo a elas os mesmos direitos de todos os cidadãos e proporcionando os mesmos estímulos e possibilidades de experiências e crescimento. Segundo dados do IBGE (Censo 2000), apenas 13% das pessoas com algum tipo de deficiência freqüentam creche ou escola; esse valor sobe para 35% quando se olha para o grupo de pessoas sem deficiência ou mobilidade reduzida. Vale ressaltar que o acesso à educação não é ideal no Brasil para qualquer grupo de pessoas, porém essa diferença nas porcentagens não deve proceder de qualquer tipo de preconceito ou forma de discriminação.

O conceito denominado Desenho Universal, criado na década de 70 nos Estados Unidos, surge para suprir essa carência de atenção aos problemas de mobilidade. O que antes era tratado apenas como um problema da ergonomia para promover a acessibilidade, passa a prever a concepção e o projeto de espaços e edifícios que “atendam à maior gama de variações possíveis das características antropométricas e sensoriais da população” (ABNT, 2004, p. 3) a fim de garantir que um maior número de usuários tenha acesso ao espaço, utilizando-o com o devido conforto e autonomia.

O que se vê, é que não é suficiente para a promoção real do conforto e da mobilidade pensar apenas nas restrições físicas das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Um exemplo claro dessa ineficiência são algumas estações do Metrô da cidade de São Paulo, que são totalmente acessíveis de acordo com as normas referentes (elevadores, piso tátil, etc.), porém não conseguem garantir que qualquer pessoa embarque nos trens com segurança e conforto em horário de pico.

Um grande desafio que ainda se enfrenta é o combate à adoção de técnicas apenas para que a lei seja cumprida. Muitas vezes vê-se a reprodução de exemplos das normas, sem o estudo das reais necessidades dos espaços e de seus usuários, e sem levar em conta o que deveria ser o principal objetivo de todos os projetos: o conforto, em sua forma mais abrangente. O resultado é um custo mais elevado de construção, estética muitas vezes não agradável, manutenção da dependência da pessoa com deficiência e o ambiente não é considerado confortável pela maioria dos usuários.

Cabe, assim, ao arquiteto ter uma visão consciente do assunto, tendo em vista a real necessidade de se projetar e re-projetar espaços acessíveis, agradáveis e funcionais, tanto na escala urbana quanto na escala do edifício, e até mesmo na escala dos utensílios e ferramentas, que tornem possível e confortável a sua utilização por qualquer pessoa, com autonomia.

Metodologia:

• Pesquisa teórica na bibliografia referente à acessibilidade e deficiência (pesquisas, trabalhos acadêmicos, normas técnicas, leis e decretos, etc.)
• Pesquisa teórica na bibliografia referente ao conforto em ambientes construídos, com a contraposição dos conceitos de ergonomia com os novos conceitos de desenho universal e arquitetura inclusiva.
• Estudo de referências para o desenvolvimento do projeto de aplicação: análise da situação geral de algumas edificações e espaços públicos na cidade de São Paulo, focando nos problemas e nas técnicas empregadas para a promoção da mobilidade.
• Escolha do edifício a ser adaptado: a opção por um edifício de escola infantil teve como base a questão da inclusão das pessoas na sociedade desde cedo.
• Análise do edifício a ser adaptado, baseada nos conceitos e técnicas levantados na pesquisa teórica.
• Projeto de adaptação do edifício, levando em conta o conforto dos ambientes, em seus aspectos técnicos, práticos e lúdicos.

Ficha Técnica – aspectos abordados no projeto

- Atividade 1: Acessar a escola - alunos e visitantes: pontos de ônibus; travessia de pedestres; embarque e desembarque; circulação na calçada; estacionamento para visitantes e bicicletário.
- Atividade 2: Estacionar/acessar a escola – funcionários: acesso de veículos ao estacionamento; acesso para pedestres; estacionamento.
- Atividade 3: Alimentar-se: espaço da cantina; circulação em frente aos sanitários acessíveis / acesso interno à cantina.
- Atividade 4: Utilizar o sanitário - público geral: bloco de sanitários inferior e superior; acesso externo à cantina; área de serviço do pavimento superior.
- Atividade 5: Acessar o nível da Educação Fundamental: elevador associado às escadas existentes.
- Atividade 6 - Resolver assuntos acadêmicos: secretaria; sanitários dos professores; sinalização vertical.
- Atividade 7: Acessar o nível da Educação Infantil: conexão entre os níveis (rampa e escadas); espaço de convívio.
- Atividade 8 - Divertir-se com horta, viveiro e brinquedos: horta; viveiro.
- Atividade 9: Assistir ao jogo: plataforma vertical; guarda-corpo com painéis de vidro; área de serviços.
- Atividade 10: Acessar e utilizar a piscina: acesso à piscina e ao ginásio; vestiários.
- Atividade 11: Estudar - Ensino fundamental: acesso às salas; carteiras reguláveis; análise da iluminação natural das salas; análise do conforto acústico; análise do conforto térmico no interior das salas.
- Atividade 12: Estudar - Ensino infantil: brinquedos inclusivos.
- Atividade 13: Sentir e perceber - Jardim Sensorial: proporcionar diferentes estímulos e percepções.

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