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A cidade de São Paulo e a Copa do Mundo de 2014:

Planos e estratégias de Design, Arquitetura e Urbanismo

Maria Augusta Rodrigues da Cunha

Luís Antônio Jorge

Sediar grandes eventos, como Copas do Mundo de Futebol, há tempos tem se tornado objeto de interesse de diversas cidades e países. Devido as suas escalas de intervenção (passando do urbanismo ao design), tais megaeventos (com duração de só algumas semanas) possibilitam a ocorrência de transformações, que até então, não poderiam ser realizadas em tão curto espaço de tempo. Como grandes oportunidades, esses podem ser vistos como formas de construção do futuro.

Porém, nem todas as transformações realizadas conseguem atingir seus objetivos. Muitas vezes, há uma dissociação entre o planejado e o construído, fazendo com que tais jogos, acabem perdendo seu poder transformador.

Dessa maneira, para atingir seus objetivos, esses eventos devem ser vistos como oportunidades de visibilidade e crescimento, tendo como base, ações que visam servir e melhorar a qualidade de vida de visitantes e moradores, no ambiente urbano, além das semanas de torneio.

Escolhida como uma das cidades sedes, e procurando fazer com que a Copa do Mundo de 2014, possa ser aproveitada como uma chance de crescimento e desenvolvimento urbano, este trabalho visa a contextualização, análise e proposta de planos e estratégias que possam ocorrer na cidade de São Paulo.

Mesmo sendo um evento de grande escala, com implicações em diversas áreas, o foco do trabalho será nas transformações de cunho urbano, principalmente em relação a mobilidade e a identidade, tomando como base a região do estádio do Morumbi, em São Paulo.

Desse modo, grandes eventos esportivos, como Copas do Mundo de Futebol, podem ser considerados megaeventos, devido a sua importância histórica, social e econômica, através de uma capacidade de atrair um imenso nœmero de participantes, de diversas nacionalidades, possuindo grande repercussão mundial.

Assim, ao se falar de megaeventos, a palavra legado compreende o conjunto de ações que permanecerão após o término desse evento, seja através de estruturas fixas (como novos estádios), seja através de programas de mobilidade, ações sociais, etc. De acordo com Rubio1, o principal argumento para sediar eventos como esses, são exatamente os legados para as comunidades locais. Se nos primeiros anos de sua existência, poucas cidades e países estavam dispostos a abrigar tais competições, hoje em dia a corrida para se tornar sede é voraz. A razão disso é exatamente a visibilidade ocasionada com esse tipo de evento, contribuindo para um reconhecimento e multiplicação de dividendos de países, cidades, marcas, etc. Além disso, o reconhecimento do esporte como atividade lucrativa, com grande apelo emocional e de repercussão global, possibilita uma maior atração e foco para esse tipo de evento.

No caso de cidades e países, sediar grandes eventos significa também atrelar a imagem do local a magnitude dos jogos a serem realizados. Assim, o que se tem observado, mais particularmente no período contemporâneo, é a recepção desses campeonatos, como uma estratégia de revitalização e regeneração de cidades e países. Como exemplo disso, nota-se a transformação urbana na cidade de Pequim, na China, durante os Jogos Olímpicos de 2008, sendo esse um dos exemplos estudados.

Essas transformações se dão também através da identidade da cidade e/ou país sede, já que devido ao longo período de preparação e planejamento2, os moradores se sentem envolvidos nesse processo, cujo maior objetivo é deixar um legado para as gerações futuras.

No caso da Copa do Mundo de 2014, São Paulo, uma das cidades sede, necessita de transformações em diversas áreas, que não acabem atendendo somente os requisitos para a realização dos jogos, mas que contribuam para o desenvolvimento da cidade como um todo, após o evento. Daí encontra-se a grande oportunidade de transformar a cidade.

Nesse sentido, o trabalho procurou, tomando como foco a área do estádio do Morumbi, propor planos e estratégias que envolvessem a cidade e a região. Foi proposto um novo traçado viário (imagem XXX), com um corredor de ônibus, ligando o estádio a estação de metrô mais próxima (Linha 4 Amarela-imagem XXX), além de um redesenho urbano das áreas livres, vizinhas ao estádio, possibilitando mais conforto, segurança e infra-estrutura de serviços aos torcedores, bem como aos moradores da região. Por fim, procurando dar identidade ao local e a cidade, aproveitando a Copa, foram propostas ações de transformações visuais e funcionais a região.

Desse modo, a praticamente quatro anos da abertura dos jogos e sem ainda saber ao certo de algumas decisões (se São Paulo realmente irá receber o jogo de abertura, por exemplo), procurou-se cercar as principais questões que envolvem a cidade e o evento, sendo mobilidade e identidade, no caso, as mais aprofundadas. A idéia não foi abarcar todas as problemáticas envolvidas durante e após a Copa do Mundo, mas mostrar e contextualizar as necessidades da cidade, em relação ao evento.

Possuindo uma escala complexa, o objetivo foi questionar a importância desses jogos, como uma grande oportunidade de crescimento e desenvolvimento urbano e social.

Os planos e estratégias propostos foram algumas das soluções encontradas, baseadas em exemplos bem sucedidos em outros megaeventos e estudos sobre a cidade de São Paulo e região do estádio do Morumbi. São sugestões que, para serem implementadas, precisam de um nível de detalhamento bem maior do que o proposto nesse trabalho.

Nesse sentido, o trabalho procurou mostrar que a realização destas, juntamente com planos de ordem econômica e política, podem fazer com que a Copa do Mundo de 2014 seja um evento transformador para a cidade de São Paulo, bem como para o Brasil.

  1. RUBIO, Kátia. Os Jogos Olímpicos e a transformação das cidades: os custos sociais de um megaevento.
  2. Geralmente uma cidade e/ou país sede é escolhido 6 anos antes da realização do evento.

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