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Projeto de Edificação Alta Sustentável de Uso Misto possível para a cidade de São Paulo

Patricia Gargiullo Nunes

Antonio Gil da Silva Andrade

O meio ambiente já apresenta sinais de esgotamento causados pela ação do homem. Nesse sentido, o trabalho pretende inserir no contexto degradante da cidade de São Paulo, mudanças em suas construções. Portanto, se propôs desenvolver um projeto que buscasse soluções de conforto aos usuários e que se aproximasse ao máximo da sustentabilidade, sem desprezar o entorno e os objetivos da construção civil.

Esse exercício envolveu uma série de reflexões sobre os assuntos expostos no título, os quais foram aprofundados, justificando suas escolhas. Com isso, o projeto se baseou no bom aproveitamento dos recursos naturais, visando a redução do consumo de energia e o desempenho, a integração da edificação ao meio em que se encontra, e a conciliação da multiplicidade de usos à edificação alta em direção a tal sustentabilidade.

A escolha da área a ser trabalhada se deu por meio da história da cidade com seus centros econômicos espalhados, cuja verticalização não passou pelo processo de reflexão ambiental e foi impulsionada pelo próprio Plano Diretor atrás de vantagens sobre o mercado imobiliário, criando edifícios de padrão internacional – caixa de vidro selada com climatização interna – que desconsideram até mesmo o clima do país. Dessa forma, seguindo as demandas da construção civil (edifícios de escritórios de grande porte), o terreno foi escolhido aproveitando-se da localização, dimensões (para a máxima exploração de seu coeficiente de aproveitamento) e infra-estrutura existente.

A área trabalhada está na Avenida Brigadeiro Faria Lima entre a Rua Aspásia, Avenida Horácio Lafér e Avenida Iguatemi. A presença de uma casa do século XVIII foi crucial e determinante, pois adicionou ao trabalho a idéia de criar um espaço contínuo e penetrável com paisagens acolhedoras para a região da avenida, favorável ao uso misto.

Partindo de estudos sobre insolação, análise das possíveis orientações junto à malha urbana e estudos sobre a casa tombada, a implantação e volumetria resultaram do desenvolvimento de linhas guias e pontos de giro relacionados ao desenho urbano e modulações para organizar espaços e acessos. Toda distribuição do programas de cada uso – torre de escritório (demanda da região e foco da construção civil) e centro comercial (complementar aos escritórios, favorável á região e perfeito para transição publico/privado da edificação) – preocupou-se com a integração do externo com interno e com o conforto dos usuários.

Por sua vez, a quebra da ortogonalidade e a colocação de um volume anexo associada ao posicionamento dos cores de serviços nas laterais e a presença de um átrio foram essenciais para tornar o volume num elemento harmônico e coerente. Com a grelha feita através das modulações esclareceu-se o giro dos blocos de serviços e resolveu indiretamente o sistema construtivo, o qual garante a flexibilidade dos espaços e durabilidade do edifício, dois fatores essenciais numa arquitetura de baixo impacto.

Igualmente, a adequação ao clima foi pensada em todos os momentos a fim do aproveitamento dos sistemas naturais. O tratamento das fachadas foi diferenciado para melhor eficiência e plástica, atingindo bons desempenhos e evitando problemas de ofuscamento e ganhos excessivos de calor principalmente para os escritórios.

Com as piores orientações protegidas pelos blocos de serviços, a fachada SW da Torre recebeu brises verticais móveis, enquanto as demais, NW e SE dos escritórios, receberam brises horizontais também móveis. O fechamento do átrio, fachada de maior importância, utilizou-se de um painel de vidro para integrar e relacionar o edifício com o exterior por sua transparência, sendo tratado com brises e aberturas que evitam ganhos térmicos e insolação excessiva. No caso do centro comercial anexo, por ser parte do volume, mas ao mesmo tempo diferenciado, o tratamento igual em todas as facess para dar um caráter de elemento de igual importância.

A ventilação em todo o edifício é mista, sendo essencialmente natural por efeito chaminé ou cruzada No entanto, foi acrescida de sistemas de forro gelado, uma vez que o número de equipamentos e luzes artificiais desses usos é elevado, mantendo o conforto interno mesmo após a ocupação.

A acústica foi resolvida propondo-se a utilização de material absorvente no forro, permitindo a abertura das janelas sem que o ruído da avenida prejudique. Já no caso da iluminação natural, a aplicação de bandejas de luz foi importante uma vez que as profundidades das lajes prejudicariam tal acesso ao usuário.

Os cálculos de desempenho comprovaram o bom funcionamento dessas soluções, as quais, em direção ao menor impacto, foram acrescidas por sistemas de reuso de águas das chuvas e cinza, para diminuir o consumo excessivo do volume, e de energia solar, ajudando com a diminuição dos gastos com energia elétrica.

Finalmente, o desenho urbano da praça pode ser pensado com o edifício bem definido. Optando-se pela contemplação da casa tombada e respeitando a drenagem, acessibilidade e fluidez da área, as curvas de nível foram trabalhadas. Aqui, mais propostas em prol das melhores condições foram feitas, como é o caso dos pisos elevados e permeáveis.

Portanto, através de estudos sobre os mais diversos assuntos e questões ligadas ao tema, e através de cálculos de desempenhos, concluiu-se que uma arquitetura deve considerar todas as relações do ser humano com a construção e ambos com o meio ambiente, a fim de tornar-se sustentável. Também se aceitou a hipótese de que o simples fato de projetar corretamente, considerando fatores como a otimização dos recursos naturais, já é suficiente para caminhar rumo à sustentabilidade.

Ficha Técnica:

Dimensões do Terreno: 180mX115m
Área do Terreno: 20.000m²
Área Construída: 57.000m²
Local: Avenida Brigadeiro Faria Lima-São Paulo

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