O transporte na Região Metropolitana de São Paulo está aquém das necessidades da sua população, que já beira os 20 milhões de habitantes. Com o aquecimento da economia começamos a presenciar a cada dia um pouco do que nos espera, se nada for feito, no futuro. Uma verdadeira crise de mobilidade está começando a afetar a cidade.
Para analisar os sistemas de transportes é importante verificar a conexão entre a oferta do sistema de circulação e a estrutura urbana, já que eles são elementos interdependentes. Assim como a conveniência e a acessibilidade econômica dos meios de circulação, e também a compatibilização entre o tempo disponível dos indivíduos e as horas de operação das atividades de destino das viagens.
No planejamento de transportes contemporâneo tem sido uma tendência considerar que a rede com a forma mais vantajosa para muitas cidades é uma rede que ofereça uma extensiva e onipresente cobertura para uma grande área central enquanto estende linhas diametrais para a periferia. Essa rede geralmente consiste em linhas diametrais que atravessam a área central, mas não focam um único ponto, suas estações de transferência são dispersas através dessa área, promovendo uma área de cobertura maior.
Desde os planos do Consórcio HMD de 1969, em que uma rede de metro foi proposta para a cidade de São Paulo, não havia sido feito um plano abrangente para os transportes. Em 1999 foi finalizado o PITU 2020 (Plano Integrado de Transportes Urbanos para 2020), após esse plano foram lançados diversos planos alternativos. Mas todos esses planos não possuem a visão de futuro idealizada pelo PITU, na elaboração do PITU não se partiu de um problema futuro, que normalmente é criado através da extrapolação de tendências futuras dos deslocamentos, e se cria soluções para que o problema não se torne realidade, mas sim de qual cidade desejamos, qual é o futuro desejável e como chegar até ele. Com isso a rede do PITU é muito mais abrangente do que as redes posteriores, porque se pensou em uma cidade mais igual e acessível a todos. As redes posteriores tentam apenas resolver o transito de automóveis, criando uma rede concentrada no chamado centro expandido, que seria ao mesmo tempo economicamente auto-sustentável.
O PITU 2020, de 1999, propõe uma rede de 232,1km de metrô para 2020, alem de diversas intervenções no sistema de trens, sobre pneus, viário e gestão do transito. Posteriormente se propôs a rede essencial, de agosto de 2006, com 163,3km de metro apenas para o ano de 2025, sem um plano para os outros sistemas, a rede essencial serviu de base para o PITU 2025, de dezembro de 2006, que estendeu os investimentos aos sistemas de trilhos, sobre pneus, viário e gestão do transito, sem alterar o plano de metrô, mantendo o horizonte de 2025. O Expansão São Paulo, de 2009, o mais atual dos planos diminuiu a rede de metro para 99,7km e adiciona 53,4km de metro leve, o que somado dá 153,1km de rede para o ano de 2014. Com esses valores é possível ver a política do não investimento em infra-estrutura, com uma rede cada vez menor e cada vez mais concentrada no chamado centro expandido.
O Expansão São Paulo, último plano de expansão divulgado pelo metrô em 2009, apesar de mais abrangente (atende algumas áreas fora do centro expandido), não foge da lógica dos planos anteriores, o metrô fica concentrado no vetor sudoeste, sendo que as únicas linhas que fogem dessa lógica são a 6 Laranja na sua porção norte até a Brasilândia, e a 15 Branca que corta a zona leste até a Penha.
Como rede de transportes, o Expansão São Paulo apesar da extensão para as regiões norte e leste da cidade, mais abrangente que as redes anteriores lançadas após o PITU 2020, não cria uma mudança na acessibilidade da cidade, ao escolher modos inadequados para as demandas, já cria uma rede aquém das necessidades, com conexões que irão ficar sobrecarregadas, ausência de um desenho que mude a lógica dos deslocamentos, atende uma região com boa oferta de transportes e não cria ligações com importantes regiões da RMSP.
A rede do PITU 2020 foi escolhida como ponto de partida para uma readequação da rede proposta alem de sua possível ampliação. A rede do PITU 2020 é a mais abrangente e a mais bem desenhada para atender aos deslocamentos futuros da cidade, as propostas a seguir apresentadas procuram maximizar as qualidades da rede e facilitar os deslocamentos na metrópole. Também se procurou atingir pontos do tecido urbano que potencializassem transformações, as chamadas centralidades urbanas, para que se espalhasse pela cidade uma rede de comércio e serviços que dinamizaria as atividades na cidade.
Na Região Metropolitana de São Paulo, uma rede como a do PITU 2020 já é considerada ousada e mais que suficiente. Mas apesar de parecer abrangente, a rede do PITU ainda é modesta frente as redes de outras grandes cidades do mundo. Por isso, nessa parte do trabalho, o desafio é justamente avançar em relação ao PITU, aumentando a rede a ser construída.
O objetivo deste trabalho é contribuir no estudo da formação do espaço urbano através de uma infra-estrutura urbana. Ao localizar com mais precisão as linhas do PITU 2020, o trabalho procura pensar qual o papel das linhas de transporte de massa numa metrópole, tanto para a circulação das pessoas quanto para a estruturação do espaço urbano. Por isso, se procurou localizar as linhas nos eixos comerciais mais importantes, por que é nos eixos comerciais é que concentram a vida dos bairros.
Linha - Extensão (km) - Tipo de Linha
Linha 1 – Azul - 30,9 - Diametral
Linha 2 - Verde - 40,34 - Diametral
Linha 3 – Vermelha - 33,45 - Diametral
Linha 4 – Amarela - 42,93 - Diametral
Linha 5 – Lilás - 44,55 - Tangencial
Linha 6 – Laranja - 44,42 - Circunferencial
Linha 13 – Marrom - 44,6 - Circunferencial
Linha 14 – Rosa - 32,69 - Tangencial
Linha 15 - Verde Escuro - 34,8 - Tangencial / Circunferencial
Linha 16 – Roxa - 32,35 - Diametral
Linha 17 – Branca - 43,94 - Tangencial / Radial
Extensão total da rede (km) 424,97
Área de atendimento (km²) 1300
Total de conexões no metrô 51
População RMSP (Mi. Hab) 19,8
Extensão per capita (km/Mi.Hab.) 21,46
