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TIETÊ LESTE – RESGATES e PERMANÊNCIAS

reurbanização da orla fluvial do parque ecológico do tietê

Tammy Evelise Pereira de Almeida

Alexandre Delijaicov

Este estudo pretende discutir - a partir de um recorte sócio-espacial - a estruturação induzida da metrópole periférica, a produção de não-lugares no tecido urbano e as possibilidades de regates de espaços, memórias e indivíduos.

A definição desse recorte resulta de reflexões e da convivência com os problemas e potencialidades que atualmente caracterizam o cenário leste da várzea do Tietê, na metrópole paulista. A sobreposição de um contexto urbano inconcluso e emergente às características paisagísticas e referenciais próprias da paisagem natural da várzea revela a necessidade e as potencialidades de intervenção nesse contexto para a consolidação desses espaços enquanto lugares urbanos.

Inicialmente restrito ao entorno imediato do Parque Ecológico do Tietê - núcleo Eng. Goulart, o objeto de estudo é ampliado para uma escala metropolitana, a partir da identificação de uma unidade sócio-espacial e paisagística de maior abrangência. – a qual denominou-se Tietê leste. Essa ampliação reforça as principais questões e potencialidades que motivaram a escolha desse recorte de estudo e favorece a estruturação das estratégias de intervenção. Em um segundo momento, retorna-se ao objeto de estudo inicial – entorno do Parque Ecológico do Tietê –, cenário das principais propostas apresentadas nesse estudo.

Destacam-se, nesse processo, sucessivas aproximações de escala - definidas em três recortes espaciais principais: Tietê leste, Cangaíba e Orla Fluvial. A cada um desse recortes, sucedem-se análises e propostas que, em conjunto, representam as principais intenções e reflexões.

A primeira escala de análise e propostas – TIETÊ LESTE - abrange os estudos realizados sobre os territórios situados na várzea do Tietê, a montante da barragem da Penha. Representa uma introdução às questões principais que possibilitam apreender estes espaços enquanto uma unidade sócio-espacial. Apresenta, portanto, uma leitura das principais questões referentes ao processo de ocupação das várzeas paulistanas e, em especial, a conformação espacial de territórios de exclusão no trecho em estudo. Resultam desta etapa a identificação de unidades de paisagem constituintes do trecho analisado, a definição de estratégias de intervenção e esboços de propostas diante das principais questões levantadas.

A condição de isolamento dos bairros e espaços de lazer situados na várzea, as desconexões definidas pelas barreiras urbanas existentes e pelas dimensões da área de alagamento e a desestruturação da paisagem pela inserção de eixos infra-estruturais metropolitanos são as principais questões que definem as estratégias de intervenção esboçadas:
conectar os bairros varzeanos à cidade alta, através de intervenções pontuais ao longo da ferrovia;
transpor a várzea, conectando os tecidos urbanos de São Paulo e Guarulhos;
delimitar a área de preservação e a ocupação urbana presente na várzea, possibilitando assim o completamento da condição urbana dos núcleos consolidados sobre a várzea e a apropriação urbana do espaço de preservação como parque fluvial metropolitano.

Em uma segunda aproximação - intitulada CANGAÍBA - trabalha-se com o entorno do Parque Ecológico do Tietê. Esta etapa reflete o levantamento e a interpretação de diagnósticos e a definição de diretrizes principais a serem desenvolvidas na etapa posterior. Nesse momento, são elementos de estudo: o Parque Ecológico do Tietê e o morro do Cangaíba - uma das unidades de paisagem definidas anteriormente. Destaca-se, neste momento, a aproximação deste trabalho ao Trabalho Final de Graduação desenvolvido por Martha Hitner, que estuda uma rede de percursos – de águas e de pedestres – no morro do Cangaíba.

Desta etapa, resultam a definição das frentes urbanas propostas para o entorno da área de preservação – parque industrial e logístico na margem norte e orla fluvial habitacional na margem sul da várzea do Tietê –, procurando consolidar a apropriação urbana desse elemento como espaço de lazer metropolitano e definindo uma conformação espacial urbana para os espaços residuais que atualmente caracterizam seu entorno imediato.

A última escala de trabalho – ORLA FLUVIAL – representa o aprofundamento das questões estudadas anteriormente e o desenvolvimento das estratégias e diretrizes de intervenção para uma das frentes urbanas propostas. Nesta etapa são apresentados estudos e propostas para o desenho da orla fluvial e para a configuração do parque fluvial metropolitano na área de preservação.

O desenho proposto para a orla fluvial, resultante do redesenho dos principais elementos estruturadores do espaço – caminhos das águas e eixos infra-estruturais metropolitanos – pretende definir, para a configuração urbana proposta, espaços referenciais junto aos principais percursos e espaços de encontro propostos. Dessa forma, uma hierarquia de espaços públicos é proposta a partir da reinserção dos percursos das águas na várzea, definindo esplanadas, praças e alamedas d'água, às quais associam-se respectivamente centro cívicos, praças de estação e percursos cotidianos, definindo uma rede hierarquizada de espaços e de situações urbanas. A estrutura urbana proposta, define, portanto, os principais espaços de encontro e os principais momentos de conexão entre o tecido urbano proposto na várzea e a cidade consolidada no morro do Cangaíba como elementos referenciais na paisagem.

Os núcleos urbanos existentes na várzea, inseridos nessa estrutura urbana, são absorvidos pela malha urbana proposta, e conectados, dessa forma, ao tecido urbano da cidade.

A consolidação do parque fluvial metropolitano junto à área de preservação potencializa a configuração urbana pretendida. Estruturado a partir da implantação de um canal de derivação do Tietê destinado a receber os cursos d'água reinseridos na várzea, e da reestruturação da Rodovia Ayrton Senna em uma avenida urbana – via parque –, o parque proposto também define uma hierarquia de espaços de lazer. O canal de derivação desenha uma faixa de aprox. 100m de largura, destinada a implantação dos equipamentos e elementos infra-estruturais necessários para configurar o espaço de lazer ativo. A esse parque de lazer ativo, associam-se os passeios e ciclovia propostos para a configuração da via parque, desenhando um passeio beira-parque amplo, definindo uma situação de parque cotidiano.

A área de preservação, limitada pelo canal de derivação do Tietê, representa um terceiro espaço de lazer, de uso menos intenso, conectada ao parque de lazer ativo por largas passarelas situadas no prolongamento dos principais percursos criados no tecido urbano proposto. Essa configuração insere a área de preservação – enquanto floresta urbana – na vitalidade urbana, sem desconsiderar, contudo, a necessidade de definir limites físicos para a dinâmica da fauna e flora presentes na área de preservação.

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