logofau
logocatfg
secao 4!

Habitação no centro de São Paulo

Thiago Saburo Inoue

Milton Braga

Introdução

Através deste trabalho pretende-se criar um projeto na região central de São Paulo, como uma das formas de minimizar o impacto do esvaziamento no local. O trabalho também serve como uma conclusão para a matéria AUP274 – Desenho Urbano e Projeto dos Espaços da Cidade, no ano de 2008, onde foi apenas simulado um empreendimento imobiliário. Contudo as conclusões obtidas anteriormente, não serão necessariamente as mesmas deste novo trabalho.

Problematização

Uma das problemáticas a serem enfrentadas é o déficit habitacional no país. No ano de 2000 cerca de 8%* das moradias no município de São Paulo foram consideradas precárias ou de qualidade ainda menor. Outro dado é de que cerca de 10% da população do município, vive em favelas, algo em torno de um milhão de habitantes*. O trabalho não pretende servir de resposta para todo o problema, mas sim questionar e refletir sobre a produção arquitetônica atual, propondo ao final do trabalho um edifício que possa atender a maior parte das necessidades básicas da população.

Outra questão seria o abandono da região central do município. A cidade de São Paulo, assim como outras grandes metrópoles, passa por um período de esvaziamento da sua área central, com expansões para regiões mais periféricas trazendo certos problemas para estas novas zonas, como a falta de infra-estrutura ou a invasão de áreas protegidas (como os mananciais). Além do subaproveitamento de todo o sistema público já presente no centro, que ao longo do dia funciona com sua capacidade máxima, porém durante a noite ele é pouco utilizado. E toda essa população que já trabalha na região central de São Paulo, poderia habitá-la, ao invés de se deslocarem durante horas até suas residências, geralmente nas áreas periféricas da cidade, trazendo mais problemas para o município como os congestionamentos e super lotação nos transportes públicos. Além de diminuir a qualidade de vidas dos habitantes.

*dados do site do IBGE

Escolha da área

Para escolha do local de projeto foi selecionada uma região dentro de uma ZEIS3 (áreas com predominância de terrenos ou edificações subutilizados situados em áreas dotadas de infra-estrutura), assim chegou-se às proximidades da rua Santa Ifigênia, onde mesmo existindo tal zona, são encontrados poucos projetos sociais, os HIS (Habitação de interesse social) ou os HMP (habitação para mercado popular).

O terreno foi escolhido principalmente por se tratar de um estacionamento pouco utilizado e que ocupa uma grande área, com cerca de 3.400m² (dados coletados durante visita ao local). Além disso, tal empreendimento dentro de uma ZEIS, não cumpre com sua função social, privilegiando o particular em detrimento do público, tomando um espaço que poderia muito bem abrigar outro tipo de atividade.

Escolha do programa

Para desenvolver um programa de necessidades foi usada a legislação do Município de São Paulo. Segundo a lei de uso e ocupação do solo(LUOS) de 2004, um novo empreendimento dentro de uma ZEIS 3 precisa ter um mínimo de 40% de área construída destinada a HIS, um mínimo de 40% para HMP e no máximo 20% para outros usos. Quanto ao coeficiente de aproveitamento pretende-se utilizar o máximo permitido pela lei, que seria 4. E para cumprir tal exigência os apartamentos ficam inicialmente com uma área limitada a 50m².

“Art. 177 Parágrafo V - nas ZEIS 3, a concessão do direito de construir acima do coeficiente de aproveitamento básico até o coeficiente de aproveitamento máximo de 4,0 (quatro) será gratuita para empreendimentos em que pelo menos 50% da área construída sejam destinados a HIS ou HMP com até 50m² (cinqüenta metros quadrados) de área útil total, ressalvados os casos de reforma com mudança de uso para HIS ou para HMP com até 50m² (cinquenta metros quadrados) de área útil total, de edifícios já construídos com coeficientes de aproveitamento superiores a 4,0 (quatro).” (Lei nº 13.430, de 13 de setembro de 2002.)

Como já citado anteriormente o grande número de comércios na região incentiva à escolha de uma tipologia mista. Desta maneira teríamos nos andares inferiores um uso mais coletivo, como lojas, restaurantes ou até mesmo uma creche.

Desenvolvimento do projeto

O projeto foi dividido em quatro partes uma torre com 18 andares, um prédio em forma de lâmina com 9 pavimentos e 12 unidades por andar e outras duas construções na base do edifício que estariam reservadas para áreas comerciais, o aluguel destes estabelecimentos poderiam gerar renda para a manutenção dos espaços comuns dos edifícios.

A área comercial teria aproximadamente 1100m² podendo abrigar lojas de diferentes tamanhos de acordo com as necessidades de cada lojista. As coberturas destas costruções seriam utilizadas como área condominial para a lâmina de apartamentos e seriam áreas verdes, com gramíneas e poderiam captar parte das águas pluviais. Todo o restante da área térrea seria usado na criação de uma praça pública.

Os apartamentos da lâmina horizontal possuem área média de 42m² para 1 dormitório, 51m² para 2 dormitórios e 36m² para as quitinetes podendo se enquadrar como habitação de interesse social. A diferença na tipologia é gerada a partir do módulo básico de 1 dormitório que pode adicionar um quarto a um outro módulo gerando a unidade de 51m², o restante se torna a quitinete. Sistema semelhante ao utilizado pelo UNA arquitetos no concurso Habita Sampa.

Os apartamentos presentes nas inflexões do edifício são diferentes dos demais, um direcionado para os deficientes físicos, com área de 50m² e apenas 1 dormitório. O outro de menor área se tornou uma quitinete.

Na torre os apartamentos possuem 75m² e três quartos, com essa metragem seriam classificados como habitação para o mercado popular(HMP). Por causa do formato compacto os apartamentos acabaram possuindo 3 fachadas facilitando a circulação do ar.

Na cobertura da lâmina foi criada uma ligação entre os prédios, unindo um espaço aberto(solário) e um mais recluso(salão de festas) formando uma grande área condominial conjunta, numa tentativa de integrar as duas populações.

Ao final do projeto novamente a área total destinada para habitação não chegou na desejada de 11000m², e sim em 9120m², e um aumento do gabarito talvez prejudicasse a qualidade da construção, por isso decidi mantê-lo mais baixo com gabaritos próximos aos adotados na região.

O sistema construtivo utiisado é uma estrutura de concreto armado, com blocos revestidos de argamassa servindo de vedação. Os módulos estruturais, de (5,5mX7,55m) foram em grande parte definidos de acordo com os tamanhos das vagas do estacionamento subterrâneo.

ficha técnica

área 3400m²
área construída 12220m²
142 apartamentos

slideshow image

If you can see this, then your browser cannot display the slideshow text.

 

topo