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secao 4!

CENTRO DE DANÇA -

Equipamento público para a escala do bairro

Viviane Bernardes Gomes

Antonio Carlos Barossi

O trabalho tem por objetivo o estudo e desenvolvimento de um projeto para um CENTRO DE DANÇA que seria uma escola de dança pública e um espaço cultural dedicado a valorizar a integração da dança com as múltiplas expressões de cultura.

Os benefícios da dança como atividade física são bem conhecidos: flexibilidade, melhora do condicionamento aeróbico, aprimoramento da coordenação motora e perda de peso, entre tantos outros. Mas, muitos se esquecem da dança como uma socialização, terapia para a alma, combate à depressão e à timidez e o mais importante: a dança como instrumento pedagógico, pois através da dança podemos ensinar a disciplina, o trabalho em equipe, a responsabilidade, o respeito, etc.

A dança aparece em diferentes formas de ensino em academias e conservatório que proporcionam a formação profissional; em escolas dentro das áreas de educação física e artística; e em ONGS com objetivo da consciência corporal e inserção social. Porém, tanto as escolas como as ONGS não dão continuidade ao ensino e as crianças acabam sem a oportunidade de seguir uma carreira profissional ou até mesmo de continuar atividade física e cultural. Outro fator é que o ensino só existe para as crianças sendo que a dança não tem idade “Algumas pessoas dançaram a vida inteira, outras só descobriram esse prazer depois da aposentadoria ou após encaminhar os filhos na vida. E depois que eles começam, não querem mais parar”, comenta Marlene Liveraro Bodelaci, coordenadora do Clube da Terceira Idade.

Analisando esse contexto que o projeto tem como proposta principal um centro de dança, uma escola que proporcionaria a população de qualquer classe social, e qualquer idade a aprender os diversos tipos de dança.

Atualmente existem poucos espaços dedicados à dança e nas áreas periféricas de São Paulo podemos afirmar que não existe nenhum que atendem os requisitos básicos para a atividade da dança. Dessa forma, o projeto tem a escala do bairro, ou seja, sua implantação é uma área periférica com a intenção de atender o público local.

Para elaboração do projeto fez necessária a analise de referências programáticas, para isso foram utilizados procedimentos visuais, adotou-se sempre a escala de 1: 500 para a comparação entre diagramas e plantas. Criou-se diagramas onde os ambientes são separados de acordo com a população que atende definindo um certo fluxo do edifício.

São analisados 3 escolas de dança no Brasil, elas tem um porte menor do que o desejado pois são equipamentos privados ou com parceria publico -privada, 3 teatros , levando em consideração mais as áreas do palco .

Para elaboração do centro de dança é necessário entender como cada espaço funciona. O principal requisito a ser atendido é o auditório e a salas de dança para dimensionar ambos foram feitas, minuciosas analise de necessidades e estudos ergonômicos que geraram o programa. Assim, foi definida a dimensão do projeto iniciando a busca para implantação, lembrando da escolha pela escala do bairro.

Baseado na necessidade de transformação do bairro e na ambição de transformação e formação de crianças, jovens, e adultos através da dança, foi escolhido o bairro de Pedreira pertencente à subprefeitura da Cidade Ademar, pois após analises de dados foi constatado a que não há equipamentos culturais na região.

O terreno escolhido esta abandonado faz fronteira com uma UBS, um CEI, uma praça e a represa Billings. O terreno tem um declive de 15m e por isso possui uma bela vista para a represa.

Foram feitos alguns estudos de implantação visando a menor agressão da topografia, a valorização do visual panorâmico, o aproveitamento do desnível para a criação de mais de um acesso, e a utilização do terreno também como área livre. Junto com a implantação foram feitos estudos de insolação de modo a resolver o conforto térmico do edifício.

Inicia se então o projeto tendo como diretriz a elaboração de um edifício que integre a dança com o entorno; divulgando a dança por meio da arquitetura a gerando espaços que despertem o interesse em crianças e adultos para o ensino da dança levando o conhecimento da cultura da dança a regiões onde não há equipamentos culturais.

O PROJETO

O projeto para o CENTRO DE DANÇA se realiza a partir da análise dos diversos condicionantes pré-existentes, buscando soluções que se constituam respostas ativas às questões impostas pelo sítio e sua topografia; pela relação com os equipamentos públicos existentes; pelo programa, e pela necessária relação entre a dança, a cultura e a paisagem.

A estratégia de implantação busca a predominância da paisagem a qual o CENTRO DE DANÇA se soma, reduzindo a interferências no terreno e possibilitando a ocupação de todo o resto da área com a criação da praça em diversos níveis. O projeto se insere no terreno através de um volume no eixo Nordeste-Sudoeste que se acomoda na topografia, cujos pontos se coincidem com as diversas cotas existentes possibilitando a criação de mais de um acesso ao edifício, e mantém intacto o potencial visual panorâmico em relação à represa Billings.

Assim, com o principio utilização do declive natural do terreno apenas criando diversos patamares, o partido do projeto adotou como prioridade a implantação da caixa cênica, pois esta tem uma altura de 15m não podendo ter nenhuma abertura, tornando-se uma caixa fechada que na maioria dos projetos de teatro aparece enterrada. Com isso, a caixa cênica foi implantada na cota 750 no nível da represa bem no centro do projeto distribuindo em suas laterais partes do programa e a circulação.

A proposta se estrutura a partir da formação de dois volumes. O primeiro onde está localizado a caixa cênica central ficando “embutido” no terreno formando em sua cobertura uma praça que se relaciona com a UBS e o CEI, e o segundo fica solto do terreno compondo um volume com todas as salas de aulas.

Pensando sempre em enfatizar a dança, as salas de aula se destacam ficando no nível mais alto do edifício e aparecendo com muitas paredes envidraçadas, de modo que mesmo estando na rua, ou na praça podemos ver a dança, e divulgar essa arte. Contudo, na fachada noroeste, dessas salas, foi necessária uma proteção através de brises verticais moveis que acabam formando um elemento de composição visual, com suas cores, movimentos e ritmo.

As cores dão vida ao concreto frio, e criam um contraste entre a textura de concreto, o vidro e a cor. Variando entre o rosa e o vermelho os brises não só realçam a fachada, mas transmite uma sensação de alegria, aconchego e bem estar.

Deste modo, o trabalho também é marcado com a pureza dos materiais que evidenciam sua estrutura e suas linhas puras, destacando o concreto aparente.

O partido estrutural foi dimensionado em concreto armado para possibilitar um maior vão no auditório, assim distância padrão entre pilares é de 12 metros e no auditório o vão de 24 metros. Para obter essa diferença de vão é preciso uma viga de com uma maior altura que recebe a carga do pilar e distribui nas paredes estruturais do auditório, funcionando como uma viga de transição. As lajes são nervuradas nas duas direções, ajudando a vencer os vão e balanços existentes e ficam expostas assim todos os ambientes seguem a mesma modulação de 1,5m de eixo a eixo.

Essa estrutura modulada gera uma clareza geométrica ao projeto, internamente, essa característica permite a formação de grandes espaços que se integram formando percursos amplos e diversos vazios.

Os vazios estão presentes no projeto e possibilitam o diálogo entre uma andar e outro, criando um interesse em explorar o edifício e conhecer os ambientes do programa.

Dessa forma, o programa de necessidades proposto para a construção do CENTRO DE DANÇA começa a ser distribuído entre as cota 750, que é a cota da represa até a cota 770, acima do nível da rua.

Por fim, o CENTRO DE DANÇA ganha forma, cor, textura, sua arquitetura permite a renovação do bairro proporcionando a integração dos alunos, familiares, funcionários, e moradores do bairro com a paisagem e a dança. Assim através da arte e em particular, da dança será possível o estímulo à criatividade, da mais simples à mais complexa, desenvolvendo hábitos saudáveis, habilidades, cultura. Além de contribuir para a formação cultural e profissional promovendo a inclusão social de todo o bairro.

Ficha técnica:

Terreno: 6.255,00 m² - desnível de 15,00 m
Uso: CENTRO DE DANÇA
Área Construída Total: 8.373,00 m²
Área livre: 4.465,00 m²

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