Um projeto de um complexo que abrigasse diversos equipamentos e atividades culturais. O local é uma área de 120 mil m2 anexa ao Parque Villa-Lobos, atualmente utilizada como canteiro de obras do metrô e próxima à confluência dos rios Pinheiros e Tietê e do CEAGESP.
Além de atender ao público do Alto de Pinheiros, o Parque atua como uma das poucas áreas de lazer de Rio Pequeno, Jaguaré, Vila Leopoldina, bairros com antiga presença industrial. Sofrem a carência de um equipamento de grande porte (bibliotecas, museus, teatros), e o Parque, caracterizado por espaços para práticas esportivas, também não apresenta ambientes destinados a atividades culturais.
A área é relativamente distante do chamado centro – são cerca de onze quilômetros do “marco zero”. Apesar da crença de que o centro tem também de ser requalificado, o projeto defende a idéia da São Paulo consolidada como metrópole: o crescimento e a ocupação de áreas dispersas e afastadas já é fato, portanto resta adequar a cidade a condições satisfatórias de mobilidade e oferta de serviços e equipamentos.
A construção de um equipamento como o aqui proposto possibilita a criação de um marco, um elemento que crie uma identidade para a região e assim, uma maior interação com a sua população. Em longo prazo, é possível prever um cenário de um novo bairro que se consolidará nos hoje abandonados galpões industriais e que já vêm despertando interesses para novos usos.
É considerada a proximidade da Universidade à área do projeto: com seu papel de extensão a USP poderia atuar em cursos e atividades à comunidade. Entra a proposta de uma ligação física – como uma ponte para pedestres – entre as duas áreas, e à estação de trem.
Um primeiro olhar sobre a implantação revela quatro grandes eixos de acesso, através dos quais o programa se revela e os integra.
Através do eixo Noroeste advindo da região do atual CEAGESP, avista-se uma generosa rampa (i=7%) que faz a transição da cota da rua (721) à cota de implantação da marquise. Na cota 721 encontra-se uma grande praça de acesso, que leva ao térreo do Museu e, através de circulações verticais, à marquise; avistam-se também as “caixas” de Oficinas e cursos, que apoiadas em grandes pilares, “balançam” sobre a praça: a primeira destas caixas é dedicada a aulas de música e dança, e a segunda, a ateliers de arte e salas para aulas teóricas e projeções.
O Museu apresenta o piso térreo como uma galeria expositiva (100m de comprimento), que leva ao segundo e principal piso, na cota 725. Um grande mezanino integra os dois pisos, conectados através de uma grande escadaria, além das demais circulações verticais. No segundo piso, as faces laterais são fechadas, atuando como paredes estruturais, enquanto as faces norte e sul são envidraçadas e abertas à marquise e ao Foyer Expositivo, respectivamente.
De estrutura metálica leve, com quatro apoios e cobertura envidraçada, o Foyer Expositivo permite exposições e instalações temporárias, com importante caráter de conexão entre Museu, Biblioteca e Grande Auditório.
No lado Leste, a grande esplanada existente tem continuidade para a nova área, através de uma rampa (i=7%), que leva ao piso térreo da Biblioteca e ao Auditório (cota 720.5), continuando num sutil aclive (i=1%) até um a alça viária de conexão com a Marginal Pinheiros.
Como forma a permitir visualidade e fluxo contínuo da esplanada, o Auditório tem fechamento em panos de vidro, e os setores de apoio concentrados nas laterais, aproveitando-se do desnível existente. Destinado a eventos de menor demanda, possui aproximadamente 550 lugares.
Dividido pela esplanada, o térreo da Biblioteca concentra em área menor o acervo infantil, com mobiliário mais informal, além de um pátio aberto, aumentando a iluminação naquele espaço. Na área maior, a midiateca, setorizada em áudio, vídeo e internet através de “ilhas” de atendimento e circulação.
Através de dois mezaninos, o piso da midiateca se integra ao setor de periódicos no piso superior (cota 725). Na continuidade deste piso superior, encontra-se o acervo literário e um café. A estrutura é resolvida através de lajes nervuradas, de vãos 14x8m, apoiadas em pilares de seção circular (d=0,5m). As duas fachadas laterais são envidraçadas, permitindo grande visualização do Parque e da cidade; através de vigas de transição, os pilares utilizados nestas fachadas são metálicos, em maior número e com desenho mais inventivo.
Na fachada leste, um rasgo no volume permite uma generosa circulação coberta e já garante a proteção à iluminação direta; na fachada oeste é utilizado um brise em forma de tela (chapa perfurada), estruturado no próprio perfil do pilar.
O Grande Auditório de forma volumétrica circular, distinta do restante do equipamento, tem como destaque um palco múltiplo que, além do interior, abre-se a uma praça semi-esférica que vence o desnível entre área verde e esplanada.
Um núcleo construtivo envolve a platéia de 1900 lugares e o palco interno através de paredes estruturais que sustentam as grandes treliças da cobertura metálica. Ao redor deste núcleo, distribuem-se acessos à platéia e espaços de recepção, além de saídas de emergência. Na cota 722.5, em área inferior ao palco, concentram-se áreas de apoio.
A grande Marquise integra os diferentes edifícios, e tem estrutura semelhante à Museu e Biblioteca. Como forma a permitir iluminação em área tão extensa são feitas três aberturas envidraçadas e duas grandes aberturas ventiladas, com vegetação na cota de implantação, possibilitando um espaço de permanência.
O restante da área é destinado à ocupação por áreas verdes e percursos semelhantes àqueles do Parque, com desenho mais sinuoso e lúdico. O trecho sul é dotado de vegetação mais densa, protegendo a área das vias expressas; ali se encontra também a conexão com a USP e à estação de trem através de ponte pedonal, de sutil desenho.
Biblioteca: 7324m2
Museu: 3662m2
Oficinas: 1590m2
Café/Restaurante: 385m2
Auditório: 1969m2
Grande Auditório: 3410m2
Marquise: 8454m2
Total: 26794m2
Terreno: 126000m2
Capacidade (estimativa/ambientes): 4700 pessoas
