O tema proposto para o desenvolvimento deste trabalho final de graduação é a discussão sobre desenho urbano como instrumento de ações efetivas em melhorias qualitativas do espaço urbano. Este trabalho busca a consonância das escalas metropolitana e local, e procura ponderar os impactos das grandes estratégias de projetos urbanísticos ao contexto específico e interno do bairro, com o propósito de garantir a coesão espacial e social que a cidade necessita. Para tanto, aprofunda-se o estudo na questão da implantação da infra-estrutura de transporte e como ela se sobrepõe ao tecido urbano. Considera-se o entroncamento da Linha 10-Turquesa da CPTM, Avenida do Estado, Rio Tamanduateí e Avenida Radial Leste como área-foco de estudo. A presença desses eixos estruturais de transporte garantem para a região a macro acessibilidade, entretanto a micro acessibilidade encontra-se bastante deficitária.
A proposta de intervenção busca recuperar o sentido urbano desta área através de projetos pontuais que gerem maior coesão espacial, reaproximando trechos isolados.
Propõe-se um canal que reestrutura a região da Mooca Baixa, ‘quebrando’ as barreiras dos quarteirões grandes existentes. A proposta remete-nos ao potencial pedagógico em recontar a história da cidade através da história dos rios.
O canal de derivação proposto faz trajeto diferente ao rio, com aproximadamente 1,5 km de extensão, retém também parte do escoamento que chega direto a ele, ajudando no controle de cheias da Bacia. Possibilita espaços de lazer inundáveis juntamente à vegetação proposta; aproveitar a baixa declividade das áreas de várzea para promover espaços para caminho de pedestres e ciclistas, formando pequenos micro-climas em meio à centralidade urbana.
Quando o canal atravessa quadras de rua a rua, cria-se de praças e passeios (seções-tipo C1 e C2). Lugares que não apresentam potencialidades paisagísticas como o meio das vias, propõe-se a alocação do canal no meio do eixo viário (seção-tipo A). Para as ruas transversais à Avenida do Estado e Avenida Radial Leste que têm fluxo menos intenso de automóveis, propõe-se o contato mais próximo das pessoas com o canal, deslocando-o do centro da via para um dos lados (seção-tipo B).
Para verificar como o canal e as praças anexas se conformam dentro do quarteirão e juntas se inserem à cidade, propõe-se o plano de massas de edifícios no quarteirão considerado o ‘coração do canal’, tendo como diretriz principal o adensamento habitacional máximo nesta área de ZEIS3.
Para solucionar a questão da rodovia urbana como barreira física para o pedestre, pensou-se em projetos de transposições que acontecessem sob a Avenida do Estado.
As passagens subterrâneas possuem como função principal a transposição da avenida, no entanto é mecanismo auxiliar no controle das cheias do Rio Tamanduateí. Desse modo, nos momentos de picos de cheias, o túnel retém parte da água e vai liberando gradualmente.
Implantado onde atualmente encontra-se a linha 10-Turquesa da CPTM. Esta proposta de projeto foi possibilitada devido a diretriz da Secretaria de Transportes Metropolitanos de enterramento das linhas da CPTM em todo o centro expandido de São Paulo.
O parque proposto assume papel importante tanto para a escala metropolitana quanto local. Para a escala da cidade, sua configuração linear cruza e costura a cidade, beneficiando e conectando espaços. Para a escala local, é a área livre pública estruturadora que permite a readequação da orla, área que hoje se encontra abandonada e degradada.
Em um dos extremos deste Parque Linear encontra-se o Complexo-Estação da Mooca, que constitui-se por grande espaço livre público com equipamentos de lazer e cultura.
A estação da Mooca da CPTM foi rebaixada para o subsolo assim como a linha 10 no trecho Brás-Mooca. Dessa forma, a estação fica subterrânea, com um pavimento de distribuição com comércio e serviços e de acesso ao nivel da plataforma. O edifício do antigo galpão da Antarctica é o acesso único a estação.
Propõe-se plano de massas de edifícios no terreno desativado da Companhia Antarctica Paulista. Este plano de massas faz parte do projeto maior que diz respeito à melhoria da mobilidade do pedestre na região. Acreditando que a segregação espacial e a dificuldade de acessibilidade da região seja alterada devido ao bem maior, visualiza-se a integração entre o aquém-rio e o além-ferrovia
Propõe-se nova estação de metrô para a atual linha 10 da CPTM, implantada na altura da Avenida Radial Leste. Cria-se grande praça como inserção urbana da estação, a qual se encontra subterrânea e libera no nível da rua espaço amplo que tem como diretriz principal caráter articulador das escalas e fluxos urbanos entre a Zona Leste e o Centro (acontecendo pela Avenida Radial Leste em viaduto) e bairro e metrópole (acontecendo pelos trens da CPTM). O espaço amplo livre é justamente para as pessoas se apropriarem livremente dele.
Aproveita-se a oportunidade para pensar os baixios de viadutos como parte integrante no planejamento funcional da cidade, sendo contemplados como áreas intersticiais potenciais livres.
A coincidência de pontos, linhas e superfícies sobrepostos pressupõem para a região da Estação do Brás lugar preferencial de concentração e polarização de fluxos e atividades. O real potencial urbano representado pelos nós de transporte emerge quando são concebidos espaços urbanos privilegiados.
A distância horizontal entre as duas estações foi trabalhada a fim de proporcionar espaços mais agradáveis de estar, que resultou no projeto da Esplanada do Brás, que engloba todas as áreas verdes livres, o espaço para comércio na praça rebaixada e o edificio da biblioteca proposto.
O desnível entre a Estação Brás de Metrô e a Estação Brás/Roosevelt da CPTM foi vencido com a implantação de um equipamento público. A biblioteca têm a função, junto com as rampas anexas a ela, de vencer a diferença de nível entre a plataforma do Metrô e o nível da rua.
