Da necessidade das pessoas é que surgem os novos problemas para os designers solucionarem. Essas necessidades podem ser explicitas ou implícitas. As explicitas são perceptíveis pois todos as conhecem, o que não significa que são mais fáceis resolver. Como estão constantemente no foco das atenções as soluções na maioria das vezes visam apenas o lucro. Os designers devem tentar solucionar as necessidades das pessoas, isso significa que quando a proposta deixa de ser benéfica ao usuário e se torna unicamente favorável a industria pode trazer prejuízos ao consumidor.
Esse foi o método utilizado nesse trabalho, que segue com poucas diferenças a sequência metodológica descrita no livro Das coisas nascem coisas de Bruno Munari. Primeiro define-se o problema e todas as suas articulações e depois começa o processo para tentar resolve-lo.
As embalagens atuais de shampoo e condicionador não levam em consideração que logo após abrirmos e colocarmos o produto na mão não temos mais como fechá-los, pois em uma está o produto e outra a embalagem. E assim ou esperamos terminar toda operação ou fechamos as usuais tampas flip-top com auxílio de um terceiro objeto. Isso significa que podemos causar diversos gastos nesse processo, pois se o produto permanece aberto ele pode se modificar quimicamente ou ainda que por algum descuido derramá-lo causando desperdício. A prática mais habitual é tentar fechá-lo de alguma outra forma sem ser com a mão ( para a qual ele foi projetado) causando eventualmente algum dano a estrutura física da embalagem e de seu funcionamento correto.
A escolha pelo sabonete líquido foi feita também por uma observação comportamental. Qualquer embalagem de sabonete existente no mercado induz por seu estrutural o uso apenas do polegar no movimento, mas observando os usuários e como eles interagem com o produto foi possível perceber que habitualmente se usa a palma da mão no movimento. Por vezes assim a eficiência da embalagem fica comprometida, afinal ela não foi projetada para ser utilizada daquela forma.
A embalagem da colônia no entanto foi selecionada por evidenciar uma necessidade explicita dos usuários. O desejo de transportar o produto com segurança, sem vazar e sem danificar a embalagem é comum entre o público feminino. O sistema criado dificultará a ativação do borrifador e também o desrosqueamento da tampa, proporcionando maior segurança no transporte.
A definição de um problema deve ser suficientemente satisfatória até chegarmos no limite do que se quer projetar, esgotando as possibilidades. Delimitando quais são as determinações desse produto, como uma lista de requisitos de projetos.
A próxima etapa desse processo é uma das mais complexas e demoradas: a das idéias. Normalmente elas não são lineares e nem ao menos imediatas. Os desenhos definitivos dos projetos não foram imediatos, passando por diversos problemas e algumas possíveis soluções antes de chegar no resultado. Conforme Bruno Munari o trabalho mais árduo para o designer é conciliar todas as soluções encontradas para cada tipo de problema em apenas um projeto global de forma criativa.
A solução está portanto em conseguir unir todas essas características assimiladas até agora em um só desenho, em um só projeto. A criatividade não deve ser considerada apenas um estado pois ela resulta do processo. Previamente juntamos todas as informações necessárias que nos indicam possíveis direções a serem seguidas.
No caso de cada produto da linha os determinantes para a criação foram os requisitos de projeto e seus desdobramentos. Com a solução de um problema surgiam outros tornando assim a adaptação do projeto a todos as exigências iniciais um processo cuidadoso e lento. Esse ajuste individual de cada um dos resultado aos outros já resolvidos alongou o tempo de projeto, no entanto foi o momento mais importante do ponto de vista estrutural.
Desenhos e esboços em tamanhos reais foram feitos para idealizar os movimentos que seriam executados. Neles podemos perceber alguns possíveis erros que não estejam de acordo com o projeto, pequenos detalhes que venham comprometer determinada idéia. Modelos físicos de aparência foram desenvolvidos com o objetivo de avaliar as dimensões e a interação do usuário com o produto. Como durante esse trabalho a ergonomia foi um tema importante nas decisões, usando os modelos simultaneamente aos desenhos para encontrar o melhor modelo a pega e aos movimentos.
Os ajustes começam a se fazer necessários nessa fase. Aumentar ou diminuir alguma dimensão, tornar o movimento mais natural, detalhes só percebidos com um modelo físico em tamanho real. A partir desse momento partiu-se para os desenhos de construção, desenhos técnicos. Pequenas alterações nas peças ainda tiveram que ser solucionadas, mas nada que alterasse a estrutura final do produto.
O desenho técnico informa representativamente como funcionam essas embalagens. Eles devem ser objetivos e legíveis para compreensão e para a execução de um protótipo real. No caso desse projeto os cortes e as elevações de cada peça foram os detalhes considerados importantes para entender o funcionamento do produto.
A seleção de materiais e tecnologias para as embalagens foi igualmente parte de uma coleta de dados dos produtos disponíveis no mercado. Desconsiderar essa etapa é construir algo irrealizável e fantasioso. A escolha dos materiais depende de alguns fatores como: custo, propriedades do material, adaptação do material a forma proposta, facilidade no descarte entre outros. No caso de cosméticos, e nesse especificamente que são produtos Premiuns, devemos também levar em conta o valor estético. A preocupação desse trabalho foi procurar materiais que aceitassem bem os esforços que serão exercidos sobre eles, assim como a durabilidade pois os produtos desenvolvidos usarão refil.
