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secao 4!

CONJUNTO DE BIBLIOTECAS NA FAVELA DE PARAISÓPOLIS

Camila Suganuma

Fábio Mariz Gonçalves

TEMA

O tema proposto para o desenvolvimento do Trabalho Final de Graduação é resultado da reflexão sobre a distribuição e configuração dos equipamentos culturais existentes e sua relação com as favelas na Região Metropolitana de São Paulo.

Ao observar a distribuição de equipamentos de cultura na cidade de São Paulo, nota-se o desequilíbrio entre a cidade informal e a distribuição de equipamentos culturais. Estes concentram-se nas regiões mais centrais, melhores servidas de transporte público, com mais altos índices de escolaridade e renda.

Outra ponto a ser observado sobre a questão dos equipamentos culturais, é a diversificação do relacionamento entre a arte e a cultura. Para atuar nas favelas, torna-se vital a interpretação da heterogeneidade existente e o entedimento de seus costumes para criar espaços de qualidade que incentivem as interações sociais.

PARAISÓPOLIS

E objeto escolhido é a favela de Paraisópolis, a segunda maior favela de São Paulo, que faz limite com umas das regiões mais ricas da cidade, o bairro do Morumbi, que apesar da proximidade apresentam-se como dois mundos distintos, que coexistem e que colidem, mas que se ignoram mutuamente, embora uma dependa da outra.

Paraisópolis possui ligações com duas importantes avenidas: Giovanni Gronchi e Morumbi. A principal via de acesso é a Avenida Giovanni Gronchi, limite que separa a favela do bairro e, ao mesmo tempo é seu elo com a cidade.

PROJETO

O projeto proposto consiste em criar um conjunto de bibliotecas que complemente a rede existente de equipamentos sociais, que encontra-se pulverizada na favela de Paraisópolis. O complexo de bibliotecas funcionaria como ponto de referência e elo conector entre os projetos existentes e as obras de intervenção que estão sendo realizadas. Unidades seriam divulgadoras e unificadoras das diversas atividades que ocorreriam na rede de espaços culturais, presentes no cotidiano dos moradores da favela.

Incentivo a espaços de fácil acesso que atendam às necessidades específicas de cada faixa etária. Proposta de criar espaços a serem apropriados e efetivamente utilizados pela comunidade, atendendo suas demandas, potencializando o uso do espaço comunitário e o aproveitamento de pequenos espaços.

A atual proposta, por se tratar de trabalho de graduação, apresenta visão mais prática, com o intuito de promover a discussão de novo tipo de biblioteca e espaço público, respeitando o contexto na qual está inserido. Foram escolhidos terrenos e áreas que enriquecem o exercício de projeto, e que sintetizam as tipologias existentes na cidade real.

O processo ideal de escolha dos terrenos, em situação real, seria participativo, onde seriam analisados as construções mais precárias juntamente com o estudo da inserção destes e o raio de atendimento das unidades. O mesmo ocorreria na construção do programa de necessidades, em que seria necessária a participação da comunidade, ouvindo quais as suas reais necessidades.

O projeto visa conformar uma rede de cultura e lazer que abranja toda a favela, e uma das dificuldades enfrentadas é a ausência de referências de um sistema descentralizado de biblioteca. Esta proposta tem o intuito de colocar em debate outras formas de pensar e elaborar projetos de equipamentos públicos que procuram interpretar os paradigmas da favela.

Os terrenos em geral são estreitos, e o desafio é prover iluminação e ventilação para pessoas que vivem em condições precárias e que têm o direito de usufruir de espaço confortável e estimulante. Este caráter do terreno requer a reflexão sobre espaço mínimo e a releitura do programa do espaço físico de biblioteca adequada às características da favela.

A falta de espaço confortável dentro da moradia fomenta a necessidade de espaços livres de convivência, e ao fornecer espaço de qualidade para as crianças se inspirarem, estimula-se o sentimento de cidadania, mostrando que eles tem direito a um espaço de qualidade, aspecto importante no processo de caracterização de favela, e sua transformação em bairro.

UNIDADES

Há em Paraisópolis dois tipos distintos de vias: o viário ortogonal estruturante, herança do traçado original do loteamento, e os becos e vielas que configuram espaços residuais deixados entre as edificações, construídas sem planejamento. As unidades propostas foram dispostas na malha ortogonal, onde encontra-se a maior parte do comércio e serviço da favela e a circulação é mais intensa.

O papel da rua tem influência potencializada no cotidiano da favela, procurando-se então incorporá-la no projeto. Em todas as unidades a transição espaço público e espaço da biblioteca, a relação interno e externo foi tratada de modo a tornar a biblioteca mais convidativa e aberta aos moradores.

O processo de formação de uma favela, construída de modo espontâneo pelos próprios moradores cria o sentimento de pertencimento ao espaço, que se reflete no papel que a rua assume de palco das atividades de interação e lazer, já que quase a totalidade dos moradores vivem em espaços restritos e tem a rua como lugar flexível, capaz de comportar as mais criativas possibilidades de uso.

A atual proposta pretende criar espaços que estimulem a interação e integração social, tentando criar a extensão da rua, sendo necessário indiscutivelmente contar com a participação dos moradores, para assim manter o sentimento de pertencimento destes espaços aos moradores de Paraisópolis.

A proposta a ser apresentada propõe proporcionar novos espaços de convívio, a serem apropriados pelos moradores. Formas simples foram exploradas, trabalhando a composição e escavação de um volume simples, do bloco.

Os terrenos escolhidos para a implantação das unidades procuram sintetizar as situações reais encontradas em favela e o resultado apresenta-se como tentativa de discussão de arquitetura popular mas diferenciada. A intenção é produzir espaço com qualidade estética e funcional, com materiais comuns, sem custos elevados, que a comunidade possa aplicar em sua própria moradia.

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