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secao 4!

Escola Técnica São Remo

Marianna Perrone Martins Costa

Fabio Mariz Gonçalves

A proposta deste trabalho é desenvolver o projeto de uma escola técnica e de ensino médio pública, cujos espaços livres possam ser utilizados como uma praça de acesso franco.

A idéia de projetar um edifício de ensino público originou-se devido ao importante papel que a escola desempenha na formação dos cidadãos. As crianças e jovens passam pelo menos quatro horas durante 200 dias letivos por ano na escola, de forma que não podemos negar a importância que esta ocupa em sua formação.

Em seu livro, Arquitetura e Humanismo: o papel do arquiteto, hoje, em Portugal, Vasco Croft cita o educador e humanista Henry Morris que, segundo ele, acreditava ser possível criar comunidades mais responsáveis e autodirigidas capazes de participar de forma mais efetiva da governança do país através do sistema de ensino.

Durante o processo de pesquisa, pude conhecer a associação sócio-educativa e cultural, Projeto Alavanca, que atua na favela São Remo, e conhece o contexto local e suas necessidades.

Conversando com Daniela Mattern, Coordenadora Geral do Projeto Alavanca, fiquei sabendo da intenção da associação de implantar uma escola técnica na comunidade, pois eles já oferecem alguns cursos, mas o espaço é insuficiente e a demanda é grande.

De acordo com o projeto de educação profissional realizado pelo Projeto Alavanca existe uma grande demanda por uma escola profissionalizante no local, verificada pelo crescente número de matrículas nos cursos oferecidos pelo projeto, sendo que os alunos não pertencem apenas á comunidade São Remo, eles também vem de outros bairros como Rio Pequeno, Jaguaré, Vila Dalva, João XXIII, Jardim Boa Vista e de outros municípios como Osasco e Cotia.

O relatório também informa que atualmente residem cerca de 13 mil pessoas no Jardim São Remo, sendo que 3 mil são jovens entre 14 e 28 anos e quase todos são desempregados ou trabalham em empregos que não requerem qualificações e com pouca oportunidade de carreira.

Local

O terreno escolhido localiza-se entre o portão do Hospital universitário e a favela São Remo, próximo a duas importantes avenidas, sendo de fácil acesso não só para os moradores da São Remo, como também para os bairros próximos.

Visitas ao terreno permitiram identificar a intensidade de seu uso como travessia entre a favela São Remo e a entrada do Hospital Universitário (como é mostrado na imagem abaixo e nas fotos a seguir). O projeto pretende manter essa passagem criando uma praça no local.

Projeto

A intenção do projeto é conciliar o programa demandado pelo Projeto Alavanca com as idéias de uma escola aberta à comunidade, permeável e sem barreiras, que incentive os transeuntes a entrar e utilizar o espaço da escola, aproveitando-se da topografia para criar espaços de convivência agradáveis, distribuídos em vários níveis, que incentivem a interação entre os alunos, professores e a comunidade, e que possibilitem observar o que acontece nas salas de aula e nos pátios de diferentes pontos.

Desta forma, o projeto visa demonstrar como é possível casar o ensino técnico com o desenvolvimento humano através de um projeto que incentive outras relações que não apenas a de aluno - professor em sala de aula.

A escola comunitária é defendida por Vasco Croft em seu livro Arquitetura e Humanismo: o papel do arquiteto, hoje, em Portugal onde apresenta dois argumentos a seu favor:
“O Primeiro argumento, de raiz social e pedagógica, sustenta que existe uma relação evidente entre os problemas sociais e humanos que afectam os alunos e o seu êxito escolar.”.
“O segundo argumento é de raiz econômica e questiona: se são investidas verbas enormes para construir escolas, campos de jogos, ginásios, piscinas, bibliotecas, teatros, centros de saúde, etc., por que razão não fazer coincidir os interesses da comunidade com os interesses da escola?”.

Diferentemente das escolas existentes atualmente no Brasil, esta não terá muros, por ser uma escola de ensino médio e técnico eles não são necessários, pois como não é voltada para crianças pequenas, não há a necessidade de pátios fechados.

Seus espaços livres serão bem iluminados para possibilitar o uso noturno, como uma praça, a exemplo do Sutton Centre (vista aérea na pagina anterior e foto da entrada abaixo), situado na cidade Sutton a cerca de 210 km ao norte de Londres, apresentado por Croft, que é um exemplo de como uma escola aberta 24h pode ser bem sucedida. Ele diz que as atividades ao longo do dia e da noite contribuíram para a preservação da escola, uma vez que os próprios usuários ajudavam a vigiar e proteger o centro de ações de vandalismo.

É este o tipo de uso que o projeto busca incentivar, criando um equipamento público que faça parte do percurso diário da comunidade, que se aproveita do desnível do terreno para criar praças de acesso franco, que possam ser utilizadas com liberdade uma vez que os blocos que compõem a escola podem ser fechados de forma independente sem interferir na circulação da praça.

A biblioteca, o auditório, as oficinas e as salas de aula, organizam-se em blocos autônomos, de forma que o horário de funcionamento da biblioteca independe do auditório e das salas de aula e vice-versa.

Desta forma o projeto cria três praças principais. A primeira, na cota mais baixa, está mais relacionada ao restaurante e às oficinas. A segunda, na cota intermediária, relaciona-se com o auditório e com a lanchonete. A terceira, na cota mais alta, ocupa o percurso de transposição do terreno, já utilizado pelos moradores da favela São Remo e está relacionada à quadra e à biblioteca.

Além dessas grandes praças, são criados pequenos locais de convivência e contemplação, para transitar de uma sala para outra os usuários estarão sempre em contato com o exterior.

Todos os espaços livres conectam-se por meio de uma circulação que se desenvolve através de passarelas, escadas e rampas. A circulação entre as salas de aula permite um constante contato visual com a praça central, hora desimpedido, hora filtrado pelos brises verticais ou colméia.

Ficha técnica

Terreno - 11.166,74 m2
Área total do projeto - 6222,17 m2
Capacidade do auditório – 540 lugares

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