Ouro Preto e seus “lugares de memória”
Nina Standerski
Beatriz P. S. Bueno
A formação de vilas e cidades na região de Minas Gerais, no período colonial, é fruto de uma conjuntura histórica relacionada à mineração do ouro. A configuração espacial de Ouro Preto representa esse processo, e, por seu aspecto singular, hoje atrai uma enorme quantidade de turistas. No entanto, esse turismo valoriza determinados monumentos, sem proporcionar a compreensão da cidade como unidade (não é o turismo que não proporciona, e sim a cidade que não proporciona ao turismo), e nem das relações ali existentes. O presente trabalho almeja oferecer esta compreensão de conjunto, na forma de um guia, que sugere um percurso arquitetônico pela cidade. O passeio privilegia a principal artéria que vertebrava a articulação dos "pontos quentes" (LE GOFF) da cidade colonial – o caminho de acesso a Mariana e São Paulo –, hoje conectora das principais referências históricas da cidade, seus "lugares de memória" (PIERRE NORA).
O "eixo-tronco" eleito para percurso articulava as duas Ruas Direita da vila – a Rua Direita de Antônio Dias e a Rua Direita do Pilar–, o que lhe conferia primazia no período colonial, dado que as ‘ruas direita’ no urbanismo português sempre conectavam os principais "pontos quentes" da cidade, relacionando-os aos caminhos externos de acesso ao núcleo urbano.
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