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secao 4!

Desenho contemporâneo de fonte para textos:

um estudo projetual

Paulo André Chagas

Priscila Lena Farias

Esse trabalho tem o intuito de apresentar o processo de desenvolvimento de uma fonte de textos, como trabalho final de graduação, na fauusp. O tfg se estrutura como um momento de reflexão acerca das motivações pessoais e da trajetória ao longo da graduação, evidenciando, em meu caso, o interesse por disciplinas e assuntos relacionados ao design gráfico e, principalmente à tipografia. Sendo assim, o presente trabalho busca sintetizar tais experiências, lançando também um olhar sobre os possíveis encaminhamentos profissionais.
O interesse específico por fontes para livros surgiu com a leitura de Elementos do estilo tipográfico?1, em 2004, livro este que me atentou para a importância e a complexidade da tipografia. Dentro das inúmeras percepções sobre este tema, aferidas durante a leitura, a perenidade inerente aos livros (aproximando-os à realidade da arquitetura) mostrou-se extremamente interessante. Ainda neste processo, pude inferir que, em projetos mais cuidados, o maior (e menor) dos detalhes em livros, assim como em qualquer comunicação impressa e digital, é a fonte.
Há então uma instigante dicotomia na tipografia, já que esta, para cumprir com seu objetivo, deve ser identificada e compreendida pelo leitor, sendo neutra, para não sobrepor seus conteúdos aos do texto que ela deve comunicar. Isto porque a fonte congrega significados sobre seu tempo, sobre a técnica e o método de sua impressão, há então, nas sutilezas e detalhes de seu desenho, um relato sobre as condições que a geraram.
Ainda que o design de tipos seja de extrema importância, como tentei expressar anteriormente, este é um assunto pouco explorado em nosso país, com uma tímida produção de fontes para textos e uma literatura especializada muito restrita.
Sendo assim, o texto a seguir aborda, primeiramente, uma análise comparativa de fontes selecionadas para o estudo projetual, com os primeiros desenhos e algumas versões desenvolvidas ainda neste estágio (tfg 1), chegando então a uma versão preliminar da fonte Nassau, que é a que está sendo usada neste libreto (tfg 2).

Na etapa descrita como tfg 1, foi proposta uma análise de 5 fontes reconhecidas pelo bom desempenho no âmbito editorial. Para que este processo fornecesse parâmetros de projeto mais claros, foram realizados estudos de casos específicos. Restringiu-se como objeto de análise, fontes contemporâneas que apresentassem, através da consagração pelo uso, aplicação, crítica positiva ou repercussão na literatura especializada, saltos qualitativos em seus desenhos (sem descartar critérios pessoais referentes à afinidade estética, para esta seleção).
Os estudos realizados, tiveram como base, pesquisas de autores de livros especializados, que também são autores de famílias tipográficas?2. Buscaram analisar e comparar graficamente, de forma concisa e direta, as 5 fontes escolhidas, para uma maior compreensão do processo de desenho de tipo e, por fim, chegar a parâmetros que indicassem caminhos para um novo desenho.
Apesar das fontes escolhidas não terem sido desenhadas exclusivamente para o uso em livros, sendo utilizadas também em revistas e jornais, estas foram, e ainda são, amplamente utilizadas para este fim, pois apresentam características em comum desejáveis em uma fonte contemporânea destinada a grandes massas de texto.
As fontes escolhidas foram: 1] Swift Regular; 2] Fedra Serif a Book; 3] Arnhem Blond; 4] Lexicon n1 Roman a; 5] Andralis Regular
Os testes foram: 1] Relação entre espessura da haste e altura-x; 2] Análise das proporções das capitulares através do H; 3] Análise das proporções das caixas-baixas através das letras o, b, n e s; 4] Encontros das hastes com as curvas; 5] Demonstração de uma forma básica comum das letras através da sobreposição; 6] A contraforma e 7] Performance da altura-x.
A partir dos testes, inferiu-se que as questões de legibilidade extrema pela manipulação desse repertório, e não pelas condições técnicas de impressão em si, seriam um caminho a ser trabalhado no tfg 2 para se conseguir desenvolver as características desejáveis de uma fonte contemporânea para livros: um desenho mais eficiente e com certa personalidade, um pouco mais “livre” do que o das fontes para jornal, nas quais a eficiência e a resistência em baixas condições de impressão e papel são ainda mais desejáveis.

Para o uso editorial satisfatório, a fonte deve conter, do seu peso regular, o romano, acompanhada por versaletes, e o itálico. O peso bold (negrito) é também desejável.
Depois de várias versões já mostradas, o desenho final do romano regular apresenta: cor mais escura que a usual; ascendentes e descendentes mais curtas, elevando a altura-x; eixo levemente variado; caixa-alta um pouco menor; serifas com formatos mais agudos; terminações arredondadas e curvas internas abruptas que remetem levemente à herança caligráfica.

Este tfg, assim como todos estudos decorrentes deste período acerca das complexidades da tipografia e do design de tipos, levaram à conclusão de que este trabalho deve ser apresentado como um estudo projetual. Percebe-se a necessidade de revisar alguns caracteres, espaçamentos e kerning (principalmente para o bold e itálico), além da criação de uma variação com mais peso para maior contraste (heavy ou black). Há também, como uma extensão do estudo da produção gráfica e da realidade de uso desta possível fonte, um caminho a ser trilhado em relação à testes com matrizes de impressão e papéis diferentes. Ou seja, este é um trabalho em andamento.

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