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Sistema Construtivo em Madeira

Rafael Novais Passarelli

Luís Antônio Jorge

O presente trabalho surgiu a partir de uma inquietação sobre o que poderia constituir um princípio básico fundador da arquitetura. Questionava-se como produzir uma experiência arquitetônica completa, porém condicionada por sérias limitações de meios. Desse modo, a arquitetura seria desenvolvida dentro de seus fenômenos fundadores, sua própria essência.

Como ponto inicial do projeto foram adotadas construções sobre palafitas, pois, identifica-se neste tema uma das expressões mais essenciais da arquitetura, pensada fundamentalmente enquanto espaço de abrigo, respondendo às questões do clima, sítio e materiais de forma despojada e com recursos escassos.

Foi idealizado a proposição de um sistema construtivo industrializado e flexível sobre estacas direcionado às populações carentes, frequentemente o caso dos moradores desta tipologia arquitetônica. Objetiva-se com a seriação a redução dos custos e, com a flexibilidade a possível adequação às diversas condições de clima e implantação no país. Portanto, um sistema básico que possibilite grande variedade de implantações; que seja local enquanto aplicação, porém global enquanto conceito.

A madeira é o principal material construtivo do sistema proposto. Tal escolha, justifica-se pelo bom desempenho térmico, e também pela grande possibilidade de industrialização e automatização da produção. Valendo-se de tecnologias já extensamente utilizadas em países cujo setor madeireiro tem grande participação na construção civil, como a Áustria, Suíça e Finlândia, por exemplo, porém ainda pouco difundidas no Brasil.

A partir da natureza própria da madeira sabemos que sua boa utilização gera impacto reduzido, especialmente no caso de um manejo sustentável de florestas ou das madeiras de reflorestamento, sendo talvez o único material 100% renovável da construção civil. Além disso, mesmo no caso dos materiais modificados industrialmente, a energia despendida na produção destes é pequena se comparada a outros materiais (cf.: BERGE, Bjørn. The ecology of building materials).

Adicionalmente, em pequenas e médias construções, as novas tecnologias de produção, permitem uma construção de baixo desperdício de material, rápida execução com grande limpeza de canteiro, e, devido ao baixo peso específico, fácil transporte e manejo das peças. Uma vantagem para a implantação desde pequenos lotes urbanos até áreas de difícil acesso.

É um sistema construtivo pré-fabricado, industrializado e flexível em madeira, constituído, sobretudo, de painéis pré-fabricados e um elemento tridimensional, configurando o bloco hidráulico.

O sistema busca uma implantação leve, permitindo que o relevo siga sem grandes movimentações de terra, e causando mínimo impacto sobre o meio. Não obstante, tal solução deve permitir implantação tanto em áreas planas como em áreas de encostas.

Visando à possibilidade de se atender programas e tipologias diversos, a espacialidade da construção foi trabalhada a partir de critérios modulares. Cada painel é feito a partir de uma proporção de 2:1, em acordo com a proporção de uma das medidas padronizadas para produção de placas de madeira beneficiada e reconstituída, à saber 1,22 x 2,44 metros.

Portanto, o sistema construtivo a ser desenvolvido será constituído, sobretudo, de painéis pré-fabricados . Tendo em vista que se objetiva a flexibilidade de implantação, é natural que tal construção tenha elementos os quais permitam um desempenho satisfatório em termos de conforto, tanto em regiões quentes e úmidas, presentes em locais de clima equatorial-úmido ou clima tropical, quanto em regiões mais frias e secas, como observado nos locais de clima semi-temperado. Deste modo, tem-se um sistema construtivo cujo escopo de adaptação abrange o território nacional. Para tanto será necessário o desenvolvimento de uma tipologia de painéis para lidar com as diferentes solicitações de vento, luz e isolamento térmico. Também será necessário o desenvolvimento de mais dois sistemas estruturais: um sistema de estacas, responsável por elevar a construção do solo e, também, um sistema de cobertura. Tais sistemas sempre que possível utilizarão elementos em comum entre si e entre o sistema de painéis buscando racionalizar ao máximo o sistema construtivo como um todo, reduzindo seu número de componentes.

O equacionamento de questões referentes à economia dentro desse sistema construtivo, orienta-se visando à sua viabilidade de homologação em programas de financiamento de habitação de interesse social da CDHU ou Nossa Caixa. Foi feito um levantamento dos requisitos pertinentes à arquitetura, em cada programa de financiamento, como base para o desenvolvimento do programa de necessidades que foi utilizado neste projeto.

O Bloco hidráulico, contendo todas as áreas molhadas da edificação (banheiro, área de serviço e cozinha), estimado em 10,6 m2, foi pensado como um elemento tri-dimensional na construção.

Esta escolha justifica-se pelo seguinte fato: sendo um elemento inteiramente construído em fábrica, todas as instalações hidráulicas já estariam feitas e conectadas à seus respectivos aparelhos, agilizando assim, a construção, além disso, esta solução permite uma maior flexibilidade de dimensões para as divisões internas do bloco.

Para que tal solução seja viável, o bloco sanitário não poderia exceder 2,6 metros de largura, possibilitando o transporte sem escolta em carreto comum. Desse modo, seguindo-se a modulação do projeto, para as paredes externas, chegou-se a uma largura de 2,44 metros por 4,88 metros de comprimento.

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