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secao 4!

Sede para o Conservatório Municipal de Arte de Guarulhos

Aline da Silva Escórcio Ribeiro

Helena Aparecida Ayoub Silva

INTRODUÇÃO

Este trabalho consiste na apresentação de uma proposta de projeto para um edifício sede para o Conservatório Municipal de Arte de Guarulhos. Trata-se de uma demanda real que persiste sem solução há muitos anos na cidade e reflete, entre muitas outras questões acerca da gestão do município, o investimento insuficiente em equipamentos de cultura. Nas atuais circunstâncias, a construção de uma nova sede para o conservatório seria muito mais que mais um edifício escolar, mas representaria um avanço na questão cultural e social da cidade. Diante deste fato, este trabalho percorre o processo da elaboração do projeto de arquitetura desde o entendimento de sua inserção na escala urbana e social até chegar na escala do edifício propriamente dito.

CONTEXTUALIZAÇÃO: A cidade de Guarulhos

Fundada em 1560, inicialmente sob a denominação de aldeia de Nossa Senhora da Conceição, Guarulhos é hoje a segunda maior cidade do Estado de São Paulo em população, possui cerca de 1,3 milhão de habitantes (IBGE, agosto de 2009) distribuídos em 46 bairros que compõem um território de 318 km² de área(IBGE). Guarulhos faz parte da Região Metropolitana de São Paulo, e sua região central dista 17 km do centro da capital do Estado. A cidade faz divisa com os municípios de Mairiporã, Nazaré Paulista, Santa Isabel, Arujá, Itaquauqecetuba e São Paulo.

Hoje, economicamente bem enquadrada, a cidade possui o 9º maior PIB do país (Prefeitura de Guarulhos, 2009), tendo a atividade industrial como a principal responsável por este título. É também a 16ª cidade em volume de exportação (Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Guarulhos, 2009), e vivencia um ritmo cada vez mais crescente das atividades comerciais e de construção civil. Soma-se a isso uma relevante movimentação financeira gerada em decorrência do aeroporto internacional de Cumbica.

Porém, o que potencialmente culmina em um crescimento econômico não se reflete em um desenvolvimento urbano e social satisfatório. Além de a cidade sofrer com os problemas mais comuns vividos em grandes cidades cujo crescimento urbano não foi devidamente planejado, como problemas de transporte, precariedade de moradias e degradação ambiental, sofre também com a desmotivação por parte da população em tentar reverter esse quadro e lutar por seus direitos devido a sua não identificação com a história e com a cultura local.

O CONSERVATÓRIO MUNICIPAL DE ARTE DE GUARULHOS

O Conservatório Municipal de Arte de Guarulhos iniciou suas atividades em 1961 e até 2009 contabilizou cerca de 30 mil alunos ao longo desses 48 anos em seus cursos regulares. Conta hoje com 14 cursos livres gratuitos de instrumento. O programa pedagógico desses cursos é voltado para o ensino de música erudita e é constituído por aulas teóricas e práticas.

Atualmente são abertas 300 vagas por ano, sendo que são divididas por faixa etária, 100 para alunos de 10 a 13 anos, 100 para alunos de 14 a 17 anos, 50 para alunos de 18 a 24 anos e 50 para alunos acima de 25 anos. Existem também os cursos regulares de música oferecidos para deficientes visuais e auditivos, com as aulas de Musicografia Braille e o projeto Música do Silêncio.

Para o futuro há o desejo de se ampliar o projeto pedagógico também para o ensino de música popular, com aulas de baixo elétrico, bateria, guitarra e teclado.

O PROJETO

Feito o levantamento da área e análise da legislação urbanística começaram os estudos de ocupação do terreno. Foram considerados o tipo de edifícios e seus usos, a incidência de ruídos externos sobre o terreno, insolação, relação com a vegetação nativa existente e com o canal de drenagem que corta o terreno.

A decisão de se fazer dois edifícios, um para a escola e outro para o auditório, surgiu do desejo de se estabelecer um conjunto de edifícios e espaços livres que pudessem funcionar de forma independente. A escola e o auditório seriam então interligados por uma passarela suspensa que abrigaria algum uso comum e possibilitaria a travessia coberta dos músicos da escola para o auditório. Essa passarela também criaria uma praça de acesso comum aos dois edifícios no nível da rua.

O posicionamento da escola na parte superior do terreno favoreceria a implantação de um edifício mais longitudinal e baixo, tanto para facilitar questões de acessibilidade para seus usuários quanto para não exercer grande impacto de sombreamento em seu entorno. As salas de aula de teoria, a biblioteca e as oficinas ficariam posicionadas no fundo do terreno, podendo assim ter aberturas generosas e superfícies transparentes voltadas para o exterior, já que a proteção acústica e de insolação seria feita em parte pela vegetação existente e pelas edificações vizinhas.

Na parte da frente da escola, onde a incidência de ruído externo é maior, provindo do intenso tráfego da Avenida Tiradentes, ficariam as salas prática instrumental, pois de toda forma já seriam salas dotadas de pesado tratamento acústico.

Na parte mais baixa do terreno estaria o auditório, recuado alguns metros para que se pudesse criar um ponto de ônibus e uma praça que tornaria mais confortável a visão da escala do pedestre e do automóvel diante de um edifício de cerca de 30 metros de altura.

Na parte interna do terreno que não seria edificada, haveria uma praça com ligação direta para o Bosque Maia. Uma área bastante verde de contemplação e com a possibilidade de abrigar eventos ao ar livre.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização deste projeto permeou diversos caminhos até chegar no resultado aqui apresentado. Inicialmente pensado como uma discussão acerca de um equipamento público necessário a cidade de Guarulhos, este trabalho termina como uma sistematização de diretrizes gerais necessárias para a produção de um projeto de arquitetura desde as decisões iniciais, tais como determinação do programa, escolha do terreno e diretrizes iniciais para o projeto até a relação da arquitetura com outras especialidades, no caso a engenharia civil.

A inserção dos alunos da Escola Politécnica neste trabalho veio como um desafio e como um desejo de se experimentar a relação cotidiana pela qual estamos sujeitos a partir do momento em que deixamos a faculdade. É certo que a interação da arquitetura com a engenharia ao se apresentar apenas no campo das diretrizes para a concepção deste projeto não se mostra tão explícita neste trabalho, como haveria de se desejar, porém o grande ganho desta experiência está na ampliação do olhar para além do que é discutido efetivamente durante a graduação. Dessa forma, a diversidade de olhares e escalas deste trabalho, fez com que no produto final o processo da produção do projeto de arquitetura se revelasse tal essencial quanto a concepção do objeto proposto.

Ficha técnica:

Área do terreno: 22.205,50 m²
Área construída do auditório: 20.000 m²
Área construída da escola: 14.000 m²
Área total construída: 34.000 m²

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