O trabalho se debruça sobre o estudo de um complexo esportivo público, mais precisamente um ginásio de esportes e um complexo de piscinas e condicionamento físico, bem como sua inserção no Parque Villa Lobos e terreno adjacente. Paralelamente à implantação destas edificações em um dos poucos parques urbanos da cidade de São Paulo, as questões técnicas do projeto e das tecnologias empregadas são levadas a cabo em um trabalho que apresenta ambas as vertentes, arquitetônica e urbanística.
O objetivo foi executar um redesenho do parque Villa Lobos, considerando o potencial real existente de articulação de terrenos vagos no entorno do parque com o mesmo e a possibilidade de inserção de um complexo esportivo em parte de sua área livre.
O objeto de estudo, um dos principais parques públicos urbanos da cidade, é orientado pelo canal do Rio Pinheiros, e integra também a paisagem criada pelas ferrovias e rodovias, associada ao sistema em expansão da rede de metrô.
A proposta desse trabalho consiste principalmente na revitalização do trecho do parque no qual o projeto original não foi implantado, de forma que um grande complexo seja formado, contemplando um centro esportivo, cultural, social, de lazer e entretenimento.
Ao longo da pesquisa realizada durante o primeiro semestre de 2010 (TFG 1) pautada nos trabalhos de mestrado de Carlos de La Corte e Maki Hirai, concluiu-se que a situação atual esportiva pública em termos de equipamentos, instalações e administração é se apresenta em quantidades razoáveis, ainda que insuficientes para atender as necessidades dos mais de 11 milhões de habitantes de São Paulo. Foram observadas deficiências nos espaços livres existentes e a má distribuição dos equipamentos pelo município, inacessível à grande parte da população. Observou-se ainda a carência de programas e políticas públicas para seu incentivo. Há ainda deficiências de pólos concentradores, como estádios.
As análises e diagnósticos se concentraram sobretudo na região do perímetro englobado na Operação Urbana Vila Leopoldina - Jaguaré. A área de intervenção do Parque Villa Lobos recebeu um olhar atento e particular aos seus problemas, demandas e potencial paisagístico. Foi analisada primeiramente a qualidade dos espaços existentes no Parque e a falta de articulação entre eles: o déficit sobretudo qualitativo de espaços de estar, de lazer infantil, de espaços contemplativos e a demasiada aridez, dada pela ausência de áreas sombreadas. Essa análise resultou em um conjunto de medidas locais, na forma de diretrizes, incluindo eixos principais, a implantação do complexo esportivo proposto e de equipamentos pelo território do parque, além de planos de massas vegetais.
Diante da vulnerabilidade ambiental e social da cidade de São Paulo, da carência de espaços livres públicos bem estruturados, e ainda da falta de opções de lazer esportivo de fácil acesso e alta qualidade, o projeto de um centro esportivo regional culminou na conciliação de fatores, justificando o tema escolhido.
É proposto um complexo aquático, em decorrência da ausência de programas de balneários públicos na região, como foi dito, e pela congruência de usos distintos nessa unidade. Unir características normativas rígidas, presentes nas piscinas de competição ou aos tanques de saltos, com formas orgânicas e livres das piscinas recreativas é algo raramente visto, e é uma diretriz para esse projeto.
Junto ao complexo aquático temos também uma área de condicionamento físico, ocupando o segundo pavimento do bloco.
Uma área de transição de esportes será proposta junto à passarela de ligação com a Cidade Universitária, possibilitando a prática da modalidade do triathlon entre as piscinas, a raia olímpica, e as pistas de corrida do parque e vias da Cidade Universitária, além das ciclovias e ciclofaixas da cidade.
Para completar o bloco, foi proposta uma midiateca, com acesso a diversos tipos de mídias, espaço de estar, computadores, internet livre, biblioteca, e jogos.
Geralmente concentrando o maior movimento das Unidades esportivas municipais, o ginásio ocupa um papel fundamental dentro de todas as Unidades nas quais está presente. Ele funciona como um ponto de referência e de identidade para os usuários e funcionários das unidades. A condição de aterro do parque sugeriu a implantação das arquibancadas em parte do aterro, cortando o terreno, e criando um desnível de 2 metros entre o parque e a cota da quadra. A cota do parque dá acesso às arquibancadas e a todos os equipamentos periféricos, instalados sob as arquibancadas, em grande parte. Outra característica interessante de ser destacada é a possibilidade de grandes eventos ocorrerem no espaço, o que de demonstra a intenção do aproveitamento da instalação e de seu espaço para outras atividades.
Considerando o circo provisório existente no território do Parque, além de eventos musicais como shows e festivais ao ar livre que lá ocorrem, o ginásio pode ser destinado a grandes eventos de diversos gêneros, inclusive musicais e do próprio circo.
O complexo de piscinas foi trabalhado a partir do questionamento sobre a integração da área rebaixada do estacionamento que corta os terrenos. Assim, procurou-se utilizá-lo como elemento integrador dos espaços. O acesso se dá pela cota inferior, mas é possível subir por sobre a cobertura e alcançar a cota do parque através dela.
Foi criado, portanto, um complexo centro, que concerne desde a recreação até a competição, com o desejo de unir os usos propostos ao Parque Villa Lobos e à cidade. Além das práticas esportivas, é ums diretriz agregar atividades de oficinas que ensinem e capacitem a população infanto-juvenil, com a presença de algumas salas com funções específicas, como judô e boxe. Assim, o esporte ficaria ainda mais acessível, transformando o centro não apenas em um parque público, mas também em um meio de inclusão social.
Área da intervenção: 848.840,00 m²
Área construída: 29.630,00 m²
