A água foi o motivador inicial da temática deste trabalho, que aparece como elemento vital nas cidades e fora delas, o modo como é utilizada, como deveria ser utilizada, como impõe-se que seja utilizada.
A região da Billings acaba por ser “vítima” e palco da precarização das condições de vida, devidas, principalmente à falta de investimentos do Estado.
A criação dos mananciais, com intenção de atrair o capital industrial, é mais um dos inúmeros exemplos da omissão do Estado, ambiental e socialmente.
Não houve nesse trabalho, a pretensão de solucionar todas as questões que envolvem a problemática desse contexto, entendendo que para isso, seria necessária uma política generalizada de atuação que cabe aos Comitês participativos de Bacias e Sub-Bacias lutando, assim, como usuários da região que são.
Fez-se necessário um embasamento histórico dessas formas principais de apropriação das águas na região. Percebidas ao longo das visitas, as maneiras com as quais se instalou e se criou nas várzeas – tanto do ponto de vista de obras na área, quanto da expulsão das classes pobres para a periferia - são atreladas a interesses específicos.
Decidimos por considerar também ao longo do trabalho, os desenhos e formatos naturais da represa e dos corpos d’água, assim como a necessidade de espaços livres, que sejam coletivos, e que tenham a preocupação em se valorizar não só uma cultura existente, uma rotina, uma tradição, mas a questão geográfica e ambiental.
O histórico da região está atrelado à industrialização da região, e ao inevitável crescimento da população, gerando uma demanda por energia que é resolvida com a construção dos mananciais da Guarapiranga e posteriormente da Billings.
Apesar do trabalho ter como premissa “fugir da escala técnica” logo ao início, procuramos nos debruçar um pouco sobre o histórico geral de legislações ambientais que relativas ao manancial, com a função de nos elucidar quanto à ausência da “escala local” nas legislações, e sua tendência a ser instrumento de reafirmação dos interesses de sistemas políticos dominantes.
A realização de mapas, como o da EMPLASA ou o do GEGRAN, ou mesmo a foto aérea, e suas sobreposições, nos permitem chegar a conclusões muito elucidativas quanto aos processos e tipos de ocupação.
Além da eficácia das Bacias e Sub-bacias como elementos que definem áreas de estudo e atuação nos corpos d’água, vimos como um bom começo.
Fizemos então mapeamentos de usos do solo elegidos como mais recorrentes, e de pontos naturalmente significativos do manancial, as pontas de península e os fundos de braços.
Os usos do solo que mapeamos foram escolhidos em função das observações que se evidenciaram ao longo do processo como mais importantes, recorrentes e atuantes nas margens do manancial.
Foram eles: as ocupações antrópicas (habitação, comércio, manchas urbanizadas) de média e alta densidades, a agricultura, a indústria, os aterros de extração e de descartes e os equipamentos de lazer e cultura.
A partir dos usos elegidos, fomos acrescentando algumas propostas projetuais para que houvesse melhorias, mesmo manutenção e preservação de alguns aspectos ligados à vida no entorno do corpo d’água, a procura de convivências melhores entre populações, e maior sinergia entre os mesmos.
Para os aterros e galpões industriais: mirantes e equipamentos de lazer, esportes, e música, assim como áreas de replantio e memória da região.
Para a habitação, a pesca e o comércio: tetos-jardim como meios de compensação ambiental, passarelas reforçando o caminho antigo, mas, sobrepondo pedestres aos automóveis, piers e diques para lazer locais e novos meios de transporte.
Para o futebol: mais espaço.
Para o turismo e cultura: valorização da cultura e tradições locais, manutenção de atividades como a agricultura e vida indígena na região.
Após essas constatações em campo, e propostas pontuais somadas às argumentações teóricas, fomos mergulhando mais às questões ligadas a determinadas localidades. Essa mudança de enfoque foi em função de termos encontrado a partir das robservações, localidades de confluência dessas atividades características, conformando a cultura e especificidades das margens, somadas às questões urbanísticas igualmente determinantes das mesmas.
Notamos que dentro das propostas projetuais, o conceito de “alagados” deveria estar inserido. Ao estudar esse conceito, percebe-se que a Bilings, nada mais é do que um grande alagado artificial.
A maneira para colaborarmos com isso, seria nos utilizando ao máximo das águas da represa, gerando movimento, trazendo luz e oxigênio, naturalmente.
De suma importância para a formação do manancial e da região, como se conformou, e foi desejada pela Light, a “criadora” da represa.
Usina elevatória de Pedreira, cuja estrutura esta inserida nos limites entre o rio e o manancial.
Porto, ponto de encontro, equipamento de esporte, instalações para ensino e pesquisa, seriam ideais para essa área. Recepção de produtos a ser enviados para a cidade mais adensada também poderia ocorrer aqui, em função dessa sua posição estratégica.
Um canteiro de obras dentro do manancial. Local de grande impacto, entre áreas de Mata Atlântica e habitações, manancial e rodovias.
A proposta nesse local seria de um “equipamento-subversão”. Um espaço para a feira de orgânicos dos agricultores da Zona Sul, que é uma demanda latente da região.
Ensino, pesquisa e lazer juntos, num mesmo “canteiro” de obras.
O Novo sentido do rio, o “Riacho Novo”.
Comércio e atividades de lazer e trânsito acontecem ao longo de todo dia todo na balsa.
Tratamentos alternativos de água e esgoto, micro estações, como um projeto de educação ambiental.
A maquete realizada a partir da metodologia descrita no trabalho, foi feita para ser levada a alguns dos moradores e comerciantes da balsa, e como elemento de percepção do terreno, para projeto. Uma atividade de auto-conhecimento, conhecimento do local em que se insere, para levar o trabalho mais à frente.