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secao 4!

Ante-projeto de um Templo na cidade de Praia Grande

Anna Cristina Barbosa Fonseca

Cibele Haddad Taralli

Este trabalho apresenta um ante-projeto arquitetônico de um templo para a comunidade Adventista da Promessa inserido na região central da cidade de Praia Grande, São Paulo. Como objetivo se coloca a necessidade de conferir uma identidade física (material) para este templo, conciliando as necessidades e demandas das ações espirituais e materiais, além dos aspectos perceptivos sensíveis. Foi escolhida uma comunidade no meio urbano, no município de Praia Grande.

Primeiramente foi realizada uma busca de bibliografia específica sobre o tema e conceitual sobre a arquitetura, seguida de coleta de referências de projeto, visitas e levantamentos em Igrejas Adventista da Promessa, visando obter pontos de convergência e divergência entre as comunidades pesquisadas. Foram realizadas entrevistas com a comunidade local e visitas a campo. A tabulação e tratamento das informações obtidas resultaram em um programa de necessidades, feito junto com a comunidade existente. Foram estudados alguns partidos arquitetônicos que, ao serem aprimorados e redefinidos, originaram a solução projetual final.

A Igreja Adventista da Promessa é a denominação Adventista que aceita manifestações pentecostais. Entre os templos dessa denominação podemos observar que não existe uma unidade arquitetônica. Cada comunidade constrói seus templos na maneira do possível, sempre com a visão imediatista da construção. A igreja Adventista da Promessa está dentro do quadro de irregularidade construtiva das igrejas nas cidades brasileiras.

A falta de unidade arquitetônica traz descontinuidade e estimula espaços fragmentados como referência às edificações e instalações dos templos, o que as enfraquece e as descaracteriza.

Concepção de Projeto

Trata-se de um edifício verticalizado de três pavimentos com térreo e cobertura livre e aproveitada. Procurou-se liberar o andar térreo da edificação, privilegiando a circulação de ar e abrigando as pessoas em atividades dirigidas e também em eventos.Na cobertura recuperou-se o conceito de teto-jardim, liberando o uso deste para eventos e usos coletivos privilegiando a vista da mata atlântica.

Formalmente pode-se falar em dois volumes básicos que estruturam o espaço em plana: o bloco de circulação vertical e o bloco principal que se configura como uma caixa sólida, que corresponde ao espaço da nave e mezanino.Estes se separam por uma pele de vidro que os divide e os enfatiza na fachada. Nela, o usuário pode perceber o edifício em diferentes níveis de permeabilidade visual, hora completamente aberto, hora semi-permeável por elementos vazados, hora fechado. A horizontalidade sugerida pela linearidade do terreno é quebrada com as linhas verticais dos brises solares alinhados ao decorrer da nave e criando um desenho na fachada.

Buscou-se estabelecer uma relação entre o edifício e o espaço urbano em que ele está inserido. Procurou-se não fugir do gabarito de alturas da localidade, que é consideravelmente baixo e utilizar materiais e acabamentos conhecidos na região, criando uma conexão com o local e não um estremecimento com as demais edificações. Com a mesma finalidade foi desenvolvido o andar térreo sob pilotis, tipo comum de construção na região litorânea, que, diferente das edificações - que normalmente utilizam esse andar para estacionamento - o mesmo será utilizado para abrigar o salão de eventos. O térreo se integra com a rua e cria um espaço semi-público, que convida o transeunte a entrar.

A primeira característica decidida no momento do desenvolvimento do Programa de Necessidades foi que a construção se daria em etapas. Portanto seriam construídos, em um primeiro momento, os pilares e a primeira laje com serviço básico de banheiro e uma sala para armazenamento de material). Ali essa comunidade já pode realizar suas atividades e sair do aluguel, que é uma solução a curto prazo, porém, sem perder a qualidade de projeto. Em seguida é construído o pavimento da nave, e então, quando possível, será construído o mezanino e em seguida a finalização com o terraço. Uma próxima etapa não detalhada, mas apenas indicada por hora, seria a ampliação da igreja com a compra do terreno vizinho para estacionamento, espaço para crianças, salas de aula e uma área verde reservada.

Os espaços internos

Os espaços internos se estruturam pelo eixo de circulação vertical, que é definido por um bloco de escada e elevador que distribuem os usuários para seus diferentes usos. No eixo horizontal podemos perceber uma clara divisão em três elementos funcionais que dividem as plantas de todos os andares: Num primeiro nível circulação e acolhimento, depois o espaço principal da nave ou do salão e então os serviços e anexos necessários.

Essa divisão cria certa hierarquização dos espaços: primeiramente se passa por um espaço de transição do tempo externo, caótico, mundano e se passa a um espaço reservado, de reunião, de adoração, que deve ser respeitado e compreendido como espaço único para aqueles que o freqüentam, para tanto, deve ser diferente. O espaço do templo em si ocupa a parte nobre do edifício, o espaço do silêncio, da oração, da música. É um espaço projetado tão somente para essa ação da adoração. Do outro lado temos o apoio, com banheiro, salas, cozinha, etc.

Buscou-se resgatar os elementos de projeto que permitem o contato com a espiritualidade. A luz superior na nave remete a busca do intangível, do inalcançável, que traz luz àqueles que o procuram. O recolhimento da nave no segundo andar permite que o espaço reservado a ela seja o mais silencioso, o mais reservado, levando o visitante a passar por espaços de transição até entrar no espaço único reservado especialmente para o ato da adoração. A posição da nave (com o púlpito posicionado lateralmente) aproxima os frequentadores do púlpito , diminuindo a distância entre hierarquias, daquele que está passando a mensagem e o que está ouvindo. A todos é permitido ver e ouvir com qualidade e proximidade, mesmo posicionado na última fileira.

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