Entre os anos de 2009 e 2010, os comitês organizadores dos principais eventos esportivos internacionais da atualidade elegeram o Brasil e a cidade do Rio de Janeiro como palco de suas próximas edições: a 20ª Copa do Mundo de Futebol de 2014 e os 31º Jogos Olímpicos de Verão de 2016.
A participação do Brasil em diversas modalidades olímpicas ainda é incipiente, com inexpressiva participação no quadro de medalhas, o que se justifica, em parte, pela falta de divulgação e de investimento nessas modalidades (a exceção de alguns clubes particulares). Outra explicação é a falta de disponibilidade física dos equipamentos esportivos, seja por quantidade, qualidade ou acesso limitado da população.
A questão dos equipamentos esportivos é tratada neste trabalho levando-se em consideração que, em 2010, já não há tempo suficiente para formar novos atletas brasileiros de alto nível competitivo para a próxima edição dos Jogos Olímpicos, e que muitos dos que atuam hoje têm dificuldades para ministrar seus treinamentos e financiar sua participação em eventos. No entanto, apesar da falta de tradição em diversas modalidades do programa olímpico e paraolímpico, entende-se que, com a proximidade dos Jogos de 2016 à população, novas oportunidades podem ser abertas neste sentido.
Nesse aspecto, levanta-se a necessidade de pólos de difusão da prática desses esportes, para sediar competições, introduzir e aproximá-los da comunidade e, dentro do contexto universitário, centros de estudo e pesquisa na área esportiva. - A oferta desses espaços pode partir, a exemplo de muitos estádios para a Copa do Mundo, da atualização e modernização dos centros esportivos de acesso público municipais e estaduais, presentes na cidade de São Paulo desde os anos 40.
Na Cidade Universitária Armando Salles de Oliveira, encontra-se o Centro de Práticas Esportivas da Universidade de São Paulo - CEPEUSP, um espaço ideal para difundir o desenvolvimento e a pesquisa da prática esportiva em suas diferentes vertentes (educacional, de alto rendimento e participativa).
Assim, o seguinte trabalho final de graduação tem como tema o espaço da atividade física e esportiva e elege como foco o CEPEUSP: seu histórico, sua relação com a Cidade Universitária, sua concepção arquitetônica, seu atual estado de conservação e de que forma se pode, por meio do projeto de requalificação de suas instalações, atualizar e expandir sua capacidade a novos usos e novos usuários.
O CEPEUSP é um dos muitos exemplos de centros esportivos cujas instalações estão inadequadas devido à falta de manutenção e atualização dos equipamentos. Sendo que, responsabilidade da prefeitura do campus da USP, o centro é considerado apenas como espaço de lazer, recebendo recursos reduzidos se comparado às demais unidades da universidade. Somado a tal questão está o programa singular oferecido pelo CEPEUSP, com equipamentos únicos dentro da cidade de São Paulo como o velódromo e a raia olímpica. Cabe acrescentar que no ano de 2011 o centro completará 40 anos de uso. Após esse período de uso intenso, sem intervenções periódicas para a manutenção preventiva, é notório o estado de degradação de alguns componentes e elementos construtivos, além da obsolescência de espaços cujas instalações não atendem mais as funções para as quais eles foram projetados. Portanto, justifica-se um estudo inicial sobre as condições atuais do centro esportivo em colaboração ao projeto futuro de requalificação desses espaços.
Os objetivos da requalificação das instalações é tornar o centro um pólo de difusão do esporte por meio da prática orientada das atividades físicas, do programa para o público relacionado a universidade e a população e, dentro da USP, potencializar o interesse de um centro de estudos do esporte relacionado as demais unidades de ensino e pesquisa.
O procedimento metodológico envolveu o levantamento bibliográfico sobre o desenvolvimento dos espaços esportivos na cidade de São Paulo, a gestão de centros esportivos públicos na cidade e regulamentação atualizada nas respectivas confederações de cada modalidade. No levantamento de informações do histórico do CEPEUSP, buscou-se resgatar os objetivos e desenvolvimento dos programas iniciais e as mudanças de política e de gestão que interferiram na utilização dos espaços.
Com base nos arquivos da Coordenadoria do Espaço Físico da USP (COESF), de desenhos e maquetes do arquiteto Ícaro de Castro Mello e arquivos da diretoria do CEPEUSP, foram levantadas as informações relativas ao projeto de arquitetura. Notou-se que a maioria dos arquivos mantidos estão consideravelmente desatualizados ou diferem dos equipamentos construídos. Parte do trabalho, portanto, tratou de confrontar esse material com as condições atuais de cada setor quanto a sua funcionalidade e condições de segurança dos usuários e considerado na elaboração de possibilidades e desenvolvimento das bases de desenho do anteprojeto, produto final deste processo.
Como o desenvolvimento dos projetos do centro esportivo aconteceram em um grande intervalo de tempo, diferentes arquitetos tomaram parte do processo e diferentes soluções estão presentes em sua atual configuração. Complementarmente às informações levantadas, buscou-se compreender a concepção de outros equipamentos esportivos desenvolvidos na mesma época e sua relação de influência com o desenvolvimento do CEPEUSP. Da mesma forma este processo foi adotado na busca de referências atuais para a discussão das diretrizes propostas.
As soluções adotadas priorizam a facilidade de manutenção e instalação, além de buscar atribuir a mesma identidade aos equipamentos edificados. Buscou-se sempre a preferência pela multifuncionalidade dos espaços e a aproximação das instalações aos usuários comuns e especiais.
