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secao 4!

Centro de Cultura e Ecoturismo -

analândia sp

Carolina Pedrosa

Fábio Mariz Gonçalvez

A escolha da cidade de Analândia se deve pela vontade de realizar uma intervenção em maior escala, que abordasse o meio ambiente e o meio urbano, em uma cidade de pequeno porte. A gestão consciente de seus recursos ambientais e de seu potencial turístico pode gerar o desenvolvimento sustentável do lugar e o desenvolvimento pessoal de seus moradores.

Na proposta, o pasto torna-se um parque público ecológico e de lazer. O vazio dá lugar ao mirante e ao ponto de encontro. Além disso, esse mesmo local pode ser um ponto de visitação turística, conhecido em toda a região pela qualidade de sua paisagem natural e construída. Atrair turistas, mesmo os de um dia ou um fim de semana, traria a dinâmica econômica tão necessária e esperada para a cidade,

A primeira iniciativa do trabalho foi mapear as atrações turísticas, assim como as atividades de apoio ao turismo, como hotéis, restaurantes, agências de turismo, etc. Esse processo resultou na produção de três mapas: as atrações turísticas na escala municipal, urbana e os caminhos e trilhas até elas.Na segunda etapa, desenvolveu-se o projeto de um parque público, integrado a essa rota de ecoturismo preexistente e com potencial de crescimento. Dentro do parque propõe-se a criação de dois elementos arquitetônicos: o Centro de Cultura e Ecoturismo, um equipamento público multifuncional, e o Ponto de Apoio ao Turista, um pequeno edifício de caráter experimental, que oferece mínimo impacto ambiental, para servir de referência ao longo das trilhas.

O Parque Urbano, assim chamado pela extensão de vegetação nativa dentro do perímetro da cidade, possui 38 000m² de área, sendo metade Área de Proteção Permanente. O grande encanto está na vista Noroeste: a silhueta dos morros Camelo e Cuscuzeiro e a Serra do Cuscuzeiro inteiramente delineada em contraste com o céu, o que proporciona um espetáculo ao anoitecer, quando o sol se põe. O projeto do parque segue os princípios da Infraestrutura Verde, considerando a drenagem urbana como elemento do projeto paisagístico. O caminho da água da chuva passa pelos canteiros pluviais, que recolhem a água da rua, fazendo o papel das bocas de lobo, porém retendo, filtrando e absorvendo essa água e transmitindo somente o excesso às biovaletas, cujas plantas tratam á água e a direcionam aos rios, diminuindo a erosão causada pela enxurrada. Dentro do Parque prevêem-se caminhos para pedestre e automóvel, além de três praças: a de equipamentos e esportiva, a do Ponto de Apoio ao Turista e a do Edifício de Cultura e Ecoturismo. O projeto paisagístico fez uso de espécies variadas de gramíneas para compor desenhos sinuosos e convidativos, com áreas de pleno sol e de sombra, onde há bancos para a composição de áreas de estar em meio ao jardim.

O Ponto de Apoio ao Turista deve ser instalado em pontos estratégicos ao longo das trilhas para atender às necessidades básicas dos usuários. A única unidade instalada no parque tem papel de protótipo e indicação visual do começo da trilha. O equipamento, com estrutura toda em madeira, funciona como abrigo, local de descanso e reunião de grupos.

O Centro de Cultura e Ecoturismo abriga atividades de forma que uma função perene apóie outra periódica, para que os espaços sejam compartilhados por diferentes funções ao longo do ano e não permanecem subutilizados. O edifício foi implantado em uma depressão natural do terreno, tornando-o mais discreto e integrado à paisagem. A preocupação com a leveza estrutural e o descortinamento parcial da paisagem deu origem à forma principal: dois blocos maciços que ancoram no solo dando passagem para a leve estrutura de madeira e aço da passarela, acesso principal ao edifício. Nesse ponto, o terreno é desenhado por muros de gravidade executados com pedras provenientes da região.

A passarela, implantada de forma perpendicular à rua, permite desfrutar a paisagem em todos os pontos, com bancos para encontros e estar. Ela está apoiada em um conjunto de pilares de madeira, sobre bases de concreto, e para evitar um número excessivo de pilares sob a passarela e conseguir visuais mais abertas no jardim inferior, fez-se uso de vigas vagão de aço. O fechamento lateral da passarela é em treliça de madeira não aparelhada.

A circulação vertical é feita pelas quatro escadas de madeira, de lance único, que se posicionam lateralmente ao edifício. Há também um elevador hidráulico, posicionado no hall do Edifício Teatro.

O Edifício Escola tem formato pavilhonar com estrutura em madeira e cobertura inclinada em telha metálica ondulada. Além de 5 salas de aula divisíveis e multiuso, abriga biblioteca, infocentro e sala dos professores.

O Edifício Teatro, com capacidade para 185 pessoas, é construído em bloco de concreto e lajes e vigas de concreto. No andar térreo estão os camarins e depósito de instrumentos. Nas laterais do edifício existem duas rampas que ligam o térreo diretamente ao palco. No andar superior ficam a sala de espetáculos, bilheteria, elevador e sala técnica. Ao final do palco, há um prolongamento para o exterior para a execução de shows com público ao ar livre.

O Edifício de Ecoturismo funciona como foyer do Teatro, uma vez que seu andar superior conta com área de estar e restaurante, onde o público pode se dirigir nos intervalos do espetáculo. Ele une o peso da construção em bloco de concreto da área de apoio com a leveza da construção em madeira da área de trabalho e varanda.

O volume da caixa d´água é independente do edifício, configurando um elemento vertical e marco na paisagem, em contraste com a horizontalidade do conjunto.

A arquitetura, apesar de fazer uso de elementos da arquitetura rural paulista, como as varandas, os fechamentos em treliça de madeira e a pedra, é contemporânea.

Por fim, esse projeto foi uma tentativa de reaproximar a consciência da população analandense à sua origem natural, histórica e cultural, através do poder transformador que uma iniciativa pontual pode gerar.

ficha técnica:

área terreno: 38 000m²
área total construída: 2729m²
turismo e cultura: 971m²
ensino: 300m²
apoios: 392 m²
circulação e passarela: 1066 m²

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