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secao 4!

Fluido versus Entrecortado

A relação entre a Via Perimetral e sua área lindeira no Complexo Paraisópolis

Claudia Gutierres Baratto

Helena Aparecida Ayoub Silva

Este trabalho estuda a relação entre a Via Perimetral e sua área lindeira no Complexo Paraiópolis. Prevista pelo Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo (Lei Municipal nº 13.430 de 13/09/2002), faz parte do Plano de Urbanização do Complexo Paraisópolis, cujo objetivo é a regularização urbanística e fundiária da área. A Via Perimetral faz parte da provisão de infra-estrutura básica para a região e conformará o sistema viário Centro-Brejo além da canalização do Córrego do Brejo.

O Brejo é uma área de fundo de vale e o trecho ao longo do Córrego do Brejo, onde se encontra a Via em construção, uma área de desadensamento. A Via Perimetral nasce com características de uma via expressa, incompatível com sua ocupação lindeira. Sua implantação causa um impacto expressivo na paisagem e na vizinhança além de demandar um grande número de remoções e readequações de domicílios a custos elevados. A ausência de um projeto completo ao longo de toda sua extensão foi à grande motivação para a escolha do tema. Uma obra de infra-estrutura desse porte, para ser bem sucedida, implica numa série de alterações do seu entorno para que este se adéqüe as novas funções e ao fluxo intenso de vias dessa natureza.

O desafio desse trabalho é propor uma solução alternativa para a área entrecortada pela Via Perimetral. Propor uma edificação cujo programa articule o trecho urbano, agora fragmentado pela Via, e sugerir uma possível costura com o entorno considerando a escala local pré-existente e garantir a inserção de Paraisópolis à malha urbana da cidade onde a Perimetral não atue como mais uma fratura urbana separando as partes da cidade.

O TFG 1 foi dividido em três etapas, sendo a primeira o estudo da área de intervenção (dados e Informações). A segunda o entendimento do perfil da população, suas necessidades e desejos e por ultimo a definição do partido arquitetônico e desenvolvimento do projeto.

A etapa 1 analisa o complexo de favelas denominado Paraisópolis, em seus vários aspectos, o que inclui o início de sua ocupação, o histórico contendo as diversas intervenções propostas pela municipalidade, desde a década de 60 até os dias atuais, a caracterização física e morfológica da área e o perfil sócio econômico da população moradora.

A etapa 2 foi chamada de “ A Interpretação do Espaço Vivido”. Toda intervenção urbana, principalmente as de grande porte, deveriam acontecer com base no processo participativo. O sucesso desse tipo de empreendimento depende diretamente da apropriação e identificação do usuário com o novo espaço. A metodologia adotada para essa etapa foi utilização de Mapas Mentais aplicados aos moradores de Paraisópolis, baseado na teoria de Kevin Lynch de 1960. Visto o curto prazo e as limitações do Trabalho Final de Graduação, a escolha dessa metodologia foi uma forma de aproximação da idéia de participação coerente com o tempo e o trabalho proposto.

Os Mapas Mentais, segundo a teoria de Kevin Lynch, visa compreender as inter-relações entre o homem e o ambiente, suas expectativas, satisfações e insatisfações, julgamentos e condutas. A aplicação dos mapas mentais, entrevistas, questionários abertos são algumas ferramentas utilizadas para analisar a forma com que os usuários se apropriam e compreendem os espaços.

A etapa 3 corresponde ao fechamento do Partido Arquitetônico e ao desenvolvimento do projeto. Com a síntese das duas primeiras etapas foi possível entender e discutir um possível programa para a área entrecortada pela Via Perimetral.

A proposta desse exercício vem como uma forma de conectar e extender o atual eixo - que começa no Campo Palmerinha - ao futuro parque Paraisopolis. Este é o principal eixo leste-oeste do bairro e abriga funções como comércios e serviços. A continuação desse eixo será acompanhada pela construção de um equipamento de Esporte, Cultura e Lazer.

Essas necessidades foram explicitadas pelo procedimento de análise dos mapas mentais e auxiliaram na definição de uma demanda real do bairro.

O Centro de Esporte Cultura e Lazer

Como edifício catalisador e gerador de atividades sociais, o Centro de Esporte, Cultura e Lazer deve atuar como um marco referencial para o bairro, estabelecendo com o Campo Palmeirinha, Parque Paraisópolis, assim como com seu entorno, uma relação espacial contínua, direta e fruitiva.

Com aproximadamente 19.250 m2 de área construída o partido arquitetônico caracteriza-se pelo edifício/passarela que configura o eixo de circulações entre três edificações inter-relacionadas. Este eixo é capaz de acomodar os fluxos não só entre os novos edifícios como, ainda, entre estes e as partes existentes do bairro. A passarela recebe, concentra, articula e distribui as diversas e complementares atividades do complexo, vencendo o acentuado aclive (30m) entre a Via Perimetral, onde se encontra o Parque Paraisópolis, e o Campo Palmeirinha. O resultado formal do equipamento é conseqüência dessa topografia acidentada e da preocupação em remover o menor número de domicílios para sua implantação. Optou-se por elevar o conjunto de edificações do solo para intervir ao mínimo na formação do terreno.

O acesso principal ao edifício se dá por duas entradas, uma na cota 794, ao nível da Rua Melchior Giolla e a outra na cota 770 ao nível da Via perimetral. Na cota 794 a oeste encontra-se o centro de ginástica olímpica, os volumes das quadras e piscinas encontram-se ao longo do eixo articulador e na outra extremidade o teatro, laboratórios de som e imagem, os quais se relacionam diretamente com o Parque Paraisópolis. Por se tratar de um programa muito extenso o projeto se concentrou no complexo esportivo deixando o volume do teatro e sua implantação indicados no plano geral desse trecho urbano para um projeto posterior.

A circulação vertical se dá por 4 pontos fixos, por elevadores e escadas que conectam todos os pavimentos. As circulações internas são organizadas ao longo dos terraços que expõem a movimentação dos usuários e reforçam a comunicação com o entorno, assim como a laje jardim sobre a Via Perimetral.

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