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secao 4!

percepção ambiental aplicada ao projeto de uma casa de repouso

Fernanda Araujo de Almeida

José Carlos de Oliveira César

Este Trabalho Final de Graduação se propõe a projetar uma Casa de Repouso para idosos, levando em conta aspectos da psicologia da arquitetura e teorias da percepção ambiental, nas quais a forma, cor, luz, e matéria se traduzem em espaços que estimulam reações tanto positivas como negativas do ser humano, auxiliando na criação do “espírito do lugar”, transformando o ambiente em uma experiência sensorial.

O trabalho se propõe a avaliar os níveis objetivos e subjetivos da percepção do ambiente, tendo como suporte um conjunto residencial para idosos, que compreende particularidades comportamentais e psicológicas do usuário escolhido, tanto quanto a ergonomia, saúde e conforto.

Sem se ater a nenhuma linha teórica específica, este estudo busca em autores de diferentes épocas e linhas de pensamento, respostas para esta temática, onde a percepção captada pelos sentidos e condicionada pelo ambiente vivenciado é o foco de pesquisa.

No primeiro semestre foi realizada a escolha do projeto, um edifício Habitacional para a terceira idade, que não tivesse como barreira a questão financeira, já que a intenção de estudo do projeto era buscar entender a percepção do ambiente.

Foi levantada a bibliografia do tema sobre psicologia da arquitetura, habitação para idosos e o estudo do público alvo, além da leitura da mesma. Durante a leitura, já tendo consciência do que seria necessário e propício para o desenvolvimento do projeto, foram feitas as fichas-resumo, destacando os pontos de interesse da bibliografia.

Buscou-se projetos referenciais de sucesso na área escolhida, o projeto do Hilea de Aflalo & Gasperini e o Lar Sant´Ana, além de estudo e visitas aos locais. A partir daí, o terreno para o projeto foi escolhido, e uma breve análise do entorno e da infra-estrutura do local realizada.

No segundo semestre do TFG, o programa de necessidades da casa de repouso foi desenvolvido, gerando estudos que culminaram nas plantas e cortes do ante-projeto, levando-se em conta aspectos funcionais e setoriais. A partir daí, foi usado um programa de modelagem em 3D, que possibilitou analisar mais objetivamente os aspectos estéticos do edifício, e reprojetar através dele, fazendo o caminho inverso, a fim de que a “cara” do edifício proporcionasse os efeitos desejados.

Um programa funcional e perceptivo para todas as áreas de convívio dos idosos foi pensado, ou seja, um mapeamento das sensações pretendidas nos ambientes sociais e individuais do projeto. Para isso, foi aplicada a teoria estudada, buscando premissas projetuais que pudessem propiciar as sensações almejadas, através de cores, texturas, forma e luz. Por fim, em uma análise final, houve a reflexão do processo como um todo, se os objetivos iniciais foram alcançados, e se as metas perceptivas para os ambientes tiveram êxito.

Para compreender melhor e atuar com alguma segurança nesse processo de concepção de ambientes, necessita-se desenvolver e aprofundar conhecimentos de caráter interdisciplinar.

Uma dessas áreas, a Psicologia da Percepção, oferece-nos subsídios por meio de conceitos da Gestalt e a interpretação de significados pela Psicologia da Forma, na qual fatores como orientação, equilíbrio, clareza, unidade e harmonia visual participam das relações entre o ser humano e o ambiente.

As dificuldades enfrentadas pela Gestalt em poder dar crédito às suas teorias referente às leis da forma e às leis da percepção no nível mental foram causas que favoreceram, durante um período inicial do século passado, a extinção da palavra “mente” das pesquisas sobre percepção. Não houve, portanto, durante grande parte do século passado, um interesse em pesquisar-se os processos cognitivos. Sabe-se agora que estes processos são responsáveis pela compreensão e melhor entendimento em ver o mundo, explicando os fenômenos que ocorrem. São eles responsáveis pelas operações de reconhecimento, identificação, memória e previsibilidade. Atualmente, o cognitivismo é um pré-requisito para desenvolver-se pesquisas de percepção. Não há como separar percepção e conhecimento.

“Espaço” é um termo abstrato para um conjunto complexo de idéias. Pessoas de diferentes culturas divergem na forma de separar seu mundo, de atribuir valores às suas partes e de medi-las. As maneiras de dividir o espaço variam enormemente em complexidade e sofisticação, assim como as técnicas de avaliação de tamanho e distância. Contudo existem certas semelhanças culturais comuns, e elas repousam basicamente no fato de que o homem é a medida de todas as coisas. Em outras palavras, os princípios fundamentais da organização espacial baseiam-se nos resultados da experiência íntima do homem com seu corpo e com outras pessoas, organizando o espaço a fim de conformá-lo às suas necessidades biológicas e relações sociais.

Associa-se, assim, às ciências humanas e sociais aplicadas, em que outras dimensões (além das físicas: comprimento, altura e largura) integram-se na reflexão e produção de projetos de arquitetura. São elas: a quarta dimensão, que é o tempo; a quinta, a proxêmia, também denominada dimensão cultural; e a sexta, que é a percepção individual.

Pertence ao domínio da psicofísica, a análise de como pessoas de uma mesma cultura e com as mesmas possibilidades de captação de estímulos podem perceber um espaço de maneiras diversas, devido a sua psicofísica individual.

Suas emoções e percepções podem divergir, pois os níveis de sensibilidade de seus sentidos e emoções não são os mesmos. Dessa maneira, a arquitetura não pode dotar-se de elementos concretos que atendam unanimemente às necessidades de uso em espaços projetados, sem considerar também a presença do componente subjetivo relacionado à percepção individual de cada usuário.

ficha tecnica

local: Vila Madalena
uso: Casa de Repouso para idosos
área terreno:7710m2
área projeto:8600m2

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