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secao 4!

Uma Proposta de Identidade Visual para Brasília

Juliana Rodriguez de Assis Machado

Marcelo Marino Bicudo

O trabalho tem como objetivo principal estudar estratégias de design para cidades. O design, é utilizado atualmente para lugares como uma ferramenta de fortalecimento da imagem para atrair visitantes, moradores e até mesmo investidores.

Para chegar à construção final dessa marca, foi preciso passar por temas, como identidade, “branding” e “place branding”. Alguns autores e teorias foram estudados na intenção de se entender profundamente esse processo de como se desenvolver uma identidade para um território. Sendo assim, foi possível elaborar uma estratégia própria para Brasília.

Para que esse resultado final representasse de fato Brasília e criasse um elo de identificação com o expectador, foi preciso conhecer e entender a cidade desde a idéia de sua construção, o Plano Piloto e seu funcionamento nos seus dias atuais.

Place Branding:

Algumas estratégias de design ligadas à marketing surgem no território como uma solução para o crescimento econômico do lugar, mas principalmente tem o papel de melhorar a sua imagem em relação aos consumidores, turistas e formadores de opinião. O “Place Branding”, como é chamado, pretende aumentar a atratividade perante os públicos interno e externo e para isso, especialistas usam de estratégias para posicionar e comunicar os seus atributos.

Os termos ‘Nation Branding’, ‘City Branding’ e ‘Place Branding’ foram criados por Simon Anholt, nos anos 90, numa tentativa de adaptar as ferramentas, técnicas e metodologias já existentes no mundo corporativo, aplicando-as na construção de imagem para lugares. Uma imagem positiva pode afetar vários setores e fazer muita diferença para um lugar, assim como acontece para as empresas e seus produtos. Porém, os conceitos do mundo corporativo são aplicados aos lugares com as devidas alterações. Essa aproximação, aliás, de um país, cidade ou região à um produto de marketing foi e ainda é motivo de criticas.

No entanto, Simon Anholt deixa claro que mesmo adotando técnicas de “branding” para lugares, não se deve tratá-los como produtos, mas sim construir para eles uma identidade competitiva.

A imagem de um lugar é construída através de um conjunto de atributos formado por crenças, idéias e impressões que as pessoas têm desse local. Essa construção é uma experiência individual e está carregada de associações e memórias únicas. Um lugar que pretende construir uma imagem atraente deve ajudar investidores, potenciais moradores e visitantes a descobrir essa imagem.

Brasília:

Brasília foi criada com a função específica de ser a nova capital do país. A idéia de se fazer uma capital no centro geográfico do Brasil, afastada da costa, surgiu já no século XIX.

O projeto urbanístico de Brasília, o Plano Piloto, foi concebido em 1957 por Lucio Costa que ganhou o concurso para o Projeto Urbanístico da Nova Capital. Seu desenho baseia-se na intersecção de dois eixos, um público e um privado. O projeto adapta-se à topografia e à orientação solar e contém os principais aspectos do urbanismo de Le Corbusier.

A influência do modernismo brasileiro sobre Lucio Costa, está bem presente no projeto urbanístico de Brasília. Podemos notar alguns pontos como, a importância dada à livre circulação das pessoas, luz e do próprio ar, erguendo assim os pavimentos em pilotis, a redução do número de cruzamentos, a organização da cidade por setores de acordo com suas funções, a existência de equipamentos em áreas residenciais que a atenda localmente, assim por diante.

Ou seja, a nossa capital é a realização inédita do programa modernista nessa escala, tornando-se um marco na história. Lucio Costa desenvolve então um projeto marcado pela funcionalidade. O Plano Piloto pretende separar a cidade em quatro escalas: a Monumental, que abriga os prédios públicos mais importantes da República, desenhados por Oscar Niemeyer; a Escala Gregária, onde ficam os setores comerciais, bancários e de serviço, onde se localiza a rodoviária; a Escala Residencial que abriga os blocos de moradia, as superquadras e a Escala Bucólica, uma espécie de delimitação da cidade por áreas arborizadas e grande contraste entre o ocupado e o não ocupado.

Na intersecção de quatro quadras, Lucio Costa propõe a instalação de equipamentos comuns que atendam àqueles moradores, como por exemplo, escolas infantis, igrejas, clubes ou cinemas. Com o passar do tempo as pessoas atribuíram cada vez mais novos usos aos equipamentos, com funções bem diferentes das previstas.

O térreo livre em alguns casos foi transformado em estacionamento ou fechado por questão de segurança. As superquadras construídas recentemente não seguem à risca os preceitos de Lucio Costa e algumas se encontram em condições ruins. A construção de novas superquadras leva tempo devido à demora das tomadas de decisões e trâmites de órgãos públicos, já que o Plano Piloto é uma área tombada pela Unesco como patrimônio cultural da humanidade. As cidades Satélites é que acabam por absorver essa população e é lá também que há espaço para os grandes empreendimentos imobiliários bem diferentes dos prédios residenciais do Plano Piloto. O mesmo acontece com a escala bucólica que está tomada por condomínios e academias, destruindo a área verde.

Brasília enfrenta agora alguns problemas comuns às grandes cidades, a população de baixa renda, por exemplo, acabou “expulsa” do Plano Piloto, porém 80% dos empregos estão lá. Assim, os trabalhadores têm que percorrer grandes distâncias para chegarem a seu local de trabalho, sem contar os engarrafamentos.

A principal atividade econômica da Capital Federal deriva de sua função administrativa, seguida da construção civil e do varejo. Há também um cinturão verde no entorno de Brasília que a abastece e exporta alimentos para outros locais. O setor das indústrias, por sua vez é estudado com muito critério pelo Governo do Distrito Federal. O governo incentiva apenas o desenvolvimento de indústrias não poluentes como a de softwares, vídeo, gemologia, entre outras, preservando o patrimônio da cidade.

Brasília possui uma grande extensão de áreas verdes, parques, trilhas e cachoeiras. Tornando-se assim famosa também pelas opções de passeios ecológicos que são oferecidos.

A cena cultural de Brasília é muito rica. Possui diversos museus, galerias, além de teatros, cinemas e centros religiosos, todos eles de grande relevância arquitetônica. O problema é que esses equipamentos estão todos concentrados no eixo monumental, tornando-se de difícil acesso à grande parte da população. Há também a presença marcante de obras de arte e esculturas espalhadas por quase toda sua extensão.

Posicionamento:

O que se quer para Brasília é que ela se comporte como uma centralidade, não apenas geográfica. Já que a capital foi transportada para o centro do país, então porque não fazê-la comportar-se como tal, como centro administrativo, como rota para o resto do país, e como porta de entrada para resto do Brasil. Brasília precisa assumir a posição de centro do país, lugar pelo qual tudo passa, as decisões políticas, os trajetos turísticos, sedes de empresas, serviços, eventos e etc.

É preciso também, que a cidade exerça maior influência sobre a população do resto do país, assim como maior interesse de visitação tanto pelos brasileiros quanto pelo público estrangeiro. Para isso precisa se livrar da imagem estática e negativa que possui devido ao Plano Piloto ser bastante restritivo e adotar uma imagem dinâmica, de uma cidade mais contemporânea.

O Plano Piloto é um ponto divergente, ao mesmo tempo que pode ser motivo de atração e um diferencial para a cidade é também motivos de muitas críticas, para visitantes e moradores. Isso porque ele divide a cidade por setores o que dificulta ainda mais a formação espontânea de novos lugares e acontecimentos. O fato dos caminhos terem sido projetados pensando-se principalmente em automóveis, já que J.K. foi quem trouxe as indústrias automobilísticas ao Brasil, também torna a cidade bastante impessoal e seu trajeto difícil para os pedestres. Os próprios moradores acabam por não conhecer sua cidade a pé, não tem essa interação e noção de escala. O caminho é solitário e monótono já que não encontramos pessoas nas ruas, somente edifícios e as superquadras são muito grandes para serem atravessadas.

Brasília é ampla e plana, de longe podemos ver aonde queremos chegar e essa sensação causa uma boa impressão às pessoas, além de permitir a utilização de bicicletas como meio de transporte ou passeio, reforçando o potencial em se tornar uma cidade capaz de prover qualidade de vida, bem estar, vida saudável e contato com a natureza.

Para auxiliar essa percepção do que se quer para a cidade, foi desenvolvido um diagrama S.W.O.T., nele está claro que se quer destacar o fato de Brasília ser a Capital Federal do país, de ser o seu centro geográfico, com possibilidade de ser o centro financeiro, turístico e de decisões do país. Além de conter o fator diferencial de ser uma cidade tombada e planejada a partir dos conceitos modernistas, com arquitetura monumental, também explorar o seu potencial para o eco turismo e a possibilidade de se tornar rota para visitação e ponto de partida para outras cidades, reservas e trilhas e também destacar a sua vocação para artes e cultura que está impregnada na cidade.

A imagem desenvolvida para representar a cidade, então, deve conter em si um pouco do passado e muito do que se quer para o futuro e deve ser reconhecida pelas pessoas, para que estas possam adotar e assumir essa imagem. Para isso serão utilizadas muitas referências de forma, imagem e cores da própria cidade e de sua história.

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