logofau
logocatfg
secao 4!

Parque Jacarezinho

Criação de um espaço livre público

Lara Yu Moreno Tachibana

Silvio Soares Macedo

A intenção deste trabalho final de graduação foi projetar espaços livres de edificações incorporados ao meio urbano. Trabalhar com estes espaços livres, não edificados e públicos, implica compreender que esses fazem parte da vida nas cidades e das atividades exercidas pelo homem urbano. Projetar um parque urbano público com critério, proporcionando diversas opções de lazer e recreação de massa de uso intenso e contínuo, promove uma requalificação da área de intervenção que se encontra em situação de carência e abandono, mas que tenha potencial, recuperando possíveis recursos ambientais degradados possibilitando a manutenção total da flora e da fauna pré-existente, melhorando e incrementando a qualidade do ar e da água e de drenagem, buscando ainda melhorar as condições de vida da população local, enriquecendo as atividades diárias e do homem urbano.

A importância e a carência de parques públicos para uma cidade como São Paulo é inegável, tanto nas questões urbanísticas como ambientais e sociais. Apesar da sua malha densamente ocupada e construída, sobram grandes vazios em regiões periféricas da cidade, sob uma constante pressão de serem ocupados de maneira aleatória ou não planejada. Através de investigações e estudos apurados, a proposta apresentada buscou atender uma área livre, pública de grandes dimensões e abrangência.

Parte da área de intervenção, configurado pelo Córrego Jacarezinho, já é definido pelo DEPAVE para a implantação de um parque linear. Foi somado a esta área glebas de propriedade privada, parte definidas como ZEPAM e outras que serão incorporadas ao parque para a sua melhor inserção no tecido urbano.

As diretrizes traçadas a seguir, junto ao partido inicial do projeto possibilitaram a criação do programa para a concepção do projeto tendo como base a fundamentação teórica desenvolvida, o diagnóstico e as interpretações das relações socioeconômicas e políticas da região aliados às características morfológicas e funcionais.
- preservar e recuperar a paisagem natural, nascentes e córregos limpos ou poluídos, e a diversidade da fauna e da flora;
- valorizar as áreas de nascentes e cursos d’água, recuperando as matas ciliares mantendo e aumentando a permeabilidade das APPs (Área de Proteção Permanente);
- criar um espaço livre público de caráter recreativo com uso intenso, diversificado e contínuo, oferecendo usos durante a semana para moradores do entorno imediato e nos finais de semana ter uma abrangência maior onde os percursos e equipamentos promovam, de forma integrada, o convívio de crianças, jovens, idosos e pessoas portadores de necessidades especiais, assegurando, na medida do possível, a acessibilidade universal;
- criação de um referencial urbano caracterizando e valorizando a região;
- aproveitar ao máximo as áreas mais planas e tirar partido do desnível do terreno na estruturação do parque;
- criação, revitalização e qualificação de estruturas de circulação, com ampliação das áreas arborizadas e dos caminhos verdes, integrando as praças, ligações e conexões no bairro;
- recuperação de áreas degradadas;
- responsabilidade ambiental com criação de um programa de educação ambiental e um referencial quanto a conservação, recuperação e manejo de vegetação de Mata Atlântica e da fauna e flora como um todo;
- tirar partido da paisagem natural e original da região para a conformação dos espaços.

O Parque Jacarezinho, situado na subprefeitura do Butantã, no distrito Raposo Tavares, configura-se como um espaço livre desenhado com critério, promovendo uma requalificação da área de intervenção, que se encontra em situação de carência e abandono. Possui uma área de aproximadamente 473 000 m², com 72 m de desnível do ponto mais baixo ao mais alto, remanescente de Mata Atlântica, áreas de reflorestamento de eucaliptos, córrego e fundo de vale, 8 nascentes e um relevo acidentado.

A conformação dos seus espaços partiu do conceito de que a configuração morfológica de um parque independe das construções e áreas do entorno e deve, preferencialmente, ser feita pela vegetação. Sendo ela um elemento estruturador de espaços urbanos, podendo defini-los total ou parcialmente, existem diversas formas de elaborar, com a vegetação, um projeto de espaço livre urbano. Para o Parque Jacarezinho, foi fundamental entender e valorizar a paisagem original da região, sendo a Mata Atlântica a grande definidora dos espaços. Caracterizada por uma área pouco permeável e de difícil acesso, foram traçados caminhos em meio a densa massa vegetal e, em pontos específicos, conduzi-los a praças, mirantes, pontos de destaque, gramados, as clareiras e regiões que receberão atividades e usos diversos de diversas dimensões e conformações. Nas áreas mais íngremes configuram-se as reservas, recuperação e manejo da Mata Atlântica, com caminhos secundários e trilhas em diversos graus de dificuldade. Os diversos bosques, arvoredos esparsos e plantio ornamental conformam as áreas que recebem um uso mais intenso permitindo tanto o lazer passivo (contemplar, caminhar, descansar, tomar banho de sol, ler, piqueniques etc) como o ativo (brincar, correr, pescar, nadar, andar de bicicleta, patinação etc). Outros usos presentes no parque englobam os núcleos esportivos, as áreas com atividades culturais como shows, festas, oficinas, cursos, encontros, etc, as áreas com equipamentos de apoio (segurança, gerenciamento do parque, lanchonetes, quiosques, sanitários, vestiários) e o centro de educação ambiental (pomar e viveiro educativo, centro de reciclagem e compostagem etc).

O projeto do Parque Jacarezinho apresenta-se como uma forma de atender às necessidades do homem urbano, com uma área estruturada pela vegetação promovendo a requalificação da área de intervenção tanto na escala local como regional, tornando-se um referencial urbano caracterizando e valorizando a região.

slideshow image

If you can see this, then your browser cannot display the slideshow text.

 

topo