logofau
logocatfg
secao 4!

Projeto de conjunto habitacional misto tomando como base a avaliação pós-ocupação

Maíra Piccolotto Issa

Helena Ayoub Silva

Neste Trabalho Final de Graduação foi desenvolvido o projeto de um conjunto habitacional misto na cidade de Bertioga, contendo unidades voltadas tanto para habitação de interesse social, quanto para habitação para mercado imobiliário.

Para subsidiar o desenvolvimento deste projeto, tomou-se como base dados obtidos em bibliografia especializada sobre aplicações de Avaliação Pós-Ocupação em edifícios de mesmo uso (edifícios habitacionais voltados para população de baixa e média renda).

Desta forma, após intensa análise dos principais aspectos positivos e negativos nos projetos, do ponto de vista dos usuários e de especialistas, desenvolveu-se um banco de dados que foi utilizado para desenvolver este projeto.

Buscou-se, portanto, que o mesmo atendesse às necessidades diretas e indiretas da população, e não apenas às Normas Técnicas e Manuais de projeto (como, por exemplo, o manual de projeto de HIS da CDHU). Desta forma, pretendia-se obter um projeto que fosse voltado ao usuário final desde o início de sua concepção, possuindo tipologias diferenciadas de acordo com as necessidades do morador.

As tipologias

Deve-se citar que as unidades habitacionais projetadas voltadas para HIS e HMP não possuem distinção entre suas tipologias. Portanto, procurou-se tirar proveito desta mistura social, permitindo habitações com maior área por habitante, uma vez que o maior custo de produção da HIS poderia ser compensado pela própria venda das demais unidades.

Outros aspectos que colaboram para a redução dos custos das HIS referem-se à racionalização do sistema construtivo proposto em projeto (alvenaria estrutural, para as residências de dois pavimentos, e edifícios de quatro) e concreto armado (contando com elementos pré-moldados, culminando na redução de gastos com desperdício de material.

A decisão por trabalhar com áreas maiores para as tipologias decorre do fato de que as famílias desta região possuem, em média 2 ou 3 filhos, o que culminaria em edificações muito pequenas (cerca de 45m²), com funcionalidade comprometida e de difícil aceitação pelos usuários. Isso geraria habitações modificadas, em médio prazo, com ampliações não previstas que podem vir a descaracterizar os ambientes, além de propiciar a aceleração da deterioração do empreendimento, dado que não seria desenvolvido o sentimento de apropriação do espaço público e privado pelo usuário.

Desta forma, foram desenvolvidas tipologias para apartamentos mais amplos em edifícios com quatro ou sete pavimentos, de modo a não ir contra a cultura, inserindo edifícios muito elevados.

Os edifícios

A implantação básica dos edifícios teve como eixo a inclinação Norte-Sul, para alguns edifícios, e para outros, teria inclinação paralela ao sistema viário principal, ou seja, aproximadamente Noroeste-Sudeste. Era conhecida, portanto, a caracterização básica acerca da insolação incidente nos edifícios, assim como a relação que cada edifício teria com a quadra e com o sistema viário, dado que cada conjunto de edifícios foi proposto pensando em uma função específica na conformação da quadra, conforme será detalhado adiante.

Outro aspecto considerado durante a concepção dos edifícios refere-se à relação dos espaços internos e externos das edificações, ou seja, como fazer com que os moradores se apropriassem não apenas dos espaços internos, como também dos espaços externos, das áreas comuns do edifício e da quadra.

Para atingir este resultado, pensou-se em criar uma apropriação que ocorresse de forma gradativa: primeiro no espaço particular, nos ambientes da unidade familiar, depois no espaço imediatamente externo à habitação, que se expandiria para a quadra e, por último, para o conjunto, criando o sentimento de comunidade.

Para tal, foi projetada uma varanda de circulação em todos os pavimentos dos edifícios, e espera-se que a inserção desta varanda faça com que o usuário se aproprie da mesma, fazendo com que esta se torne, inclusive, um espaço de convivência da família com os vizinhos.

A implantação

A decisão por utilizar esta área de forma mista partiu da necessidade de haver incentivo para garantir o desenvolvimento da região, de modo a evitar a degradação da vegetação nativa, assim como evitar que a região se tornasse um bairro periférico separado da cidade e, portanto, longe das políticas urbanas. Portanto, optou-se por um bairro misto, com comércio, opções culturais, e possibilidade de serviços, tais quais hospitais e escolas, contando com diversidade cultural e social, o que contribuiria para a vitalidade do mesmo, evitando que se tornasse um bairro dormitório ou ainda abandonado, por não possuir infra-estrutura suficiente.

Desta forma, pode-se dizer que, neste trabalho, buscou-se a satisfação do usuário em relação ao entorno (presença de equipamentos e emprego), ao projeto arquitetônico da tipologia (dimensões espaciais), conforto térmico (questão da localização do edifício no lote) e mesmo da implantação, buscando gerar o sentimento de bairro e comunidade, além de inserir opções de lazer. Sendo assim, para efetivar a melhoria das condições habitacionais se fez necessário a adoção de projetos urbanísticos apropriadamente desenvolvidos para propiciar aos moradores condições de habitabilidade.

Sendo assim, desenvolveu-se um conjunto misto em classes sociais e em usos, dado que existem áreas voltadas para comércio e áreas destinadas a instituições, tais quais creche, posto de saúde, escola, e posto de atendimento policial, de modo a atender a demanda gerada pelo conjunto, além da demanda já existente do Bairro Vicente de Carvalho II, que não possui, atualmente, equipamentos públicos.

Ficha Técnica

Área aproximada do terreno: 190.000m2
Área construída média: 70.000m2
Áreas verdes (parque e parque linear): 40.000m2
Número de unidades habitacionais projetadas: 726
População final: 2904

slideshow image

If you can see this, then your browser cannot display the slideshow text.

 

topo