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secao 4!

JARDIM PANTANAL

PROJETO PRAIA PARQUE

Nilton Issamu Takahashi Suenaga

Alvaro Luis Puntoni

O trabalho nasceu da observação da paisagem fluvial urbana, através do questionamento sobre as formas de ocupação da cidade às margens dos rios.

Anterior ao convívio com o rio Tietê canalizado de São Paulo, símbolo de degradação ambiental urbana, minha experiência com o rio se deu na região de Araçatuba, a 536 km da capital. Distante da poluição causada pelo esgoto e dejetos industriais próximo à cabeceira, o rio re nasce,

conferindo significado à sua presença através utilização de suas águas ao longo de seu percurso. A frequ¨entação das praias fluviais nos municípios de Barbosa e Buritama durante a minha infância marcou o Tietê como símbolo do espaço lúdico.

Durante o curso de graduação, o mesmo Tietê, juntamente com os seus afluentes, apresentou-se como o símbolo da poluição e do caos urbano, com seus congestionamentos viários e sucessivas enchentes.

No 6º semestre do curso [2º semestre de 2007], foi realizado o passeio fluvial urbano da FAU ao longo de seu canal, entre a foz do rio Tamanduateí e a foz do rio Pinheiros, coordenado pelo professor Alexandre Delijaicov.

Sobre a embarcação, registrou-se o rio oprimido pelo seu leito artificial urbanizado.

Durante a navegação, vozes e olhares indignados vinham dos carros parados no congestionamento das avenidas marginais, fato que confirma a estranheza da população na aproximação do rio Tietê, e de todos os rios que constituem a bacia hidrográfica da região metropolitana. Apesar de se manter como um dos únicos patrimônios ambientais restantes em São Paulo, o rio praticamente inexiste na paisagem urbana.

A experiência foi fundamental para o início da reflexão sobre os problemas da cidade relacionados aos rios urbanos.

Durante o período de escolha e desenvolvimento do tema para este trabalho no início de 2010, era noticiada constantemente a inundação do bairro do Jardim Romano na zona Leste de São Paulo pelas águas do Tietê. Apesar do predomínio da ocupação horizontal precária baseada na autoconstrução, característico de bairros periféricos da cidade, a imagem que se divulgava era a de um condomínio residencial verticalizado e de um CEU [Centro Educacional Unificado] debaixo d’água. O fato levou ao questionamento sobre as formas de atuação do poder público nas várzeas da cidade e suas controvérsias geradas, definindo-se este como o tema de pesquisa do trabalho.

Buscou-se a compreensão da proximidade das pessoas com os recursos naturais hídricos, especificamente com o rio Tietê em sua extensão. Em seguida, o trabalho se focou na região do Jardim Pantanal, em um pequeno trecho do rio, na foz do córrego Itaim e do ribeirão Lageado, procurando desenvolver propostas de intervenção que respondessem aos problemas sócio-ambientais desta área.

PROJETO PRAIA PARQUE

Desde o início, apresentou-se como desafio reafirmar a presença do rio Tietê na paisagem de São Paulo.

No Jardim Pantanal, o rio que oprime, que é ameaça da natureza, deve retomar o seu valor original e manifestar-se como virtude àqueles que vivem junto à sua margem.

O Tietê possui características marcantes e distintas em suas extremidades. Em sua nascente predomina a imagem do PARQUE, abrigado pela densa vegetação, brotando em uma pequena poça d’água, sem ainda expressar a sua força natural. Em sua foz, assume o seu potencial de grandeza, evidenciando a onipresença de suas águas pelo território, constituindo a imagem da PRAIA.

O desenvolvimento do Projeto Praia junto ao Parque possui caráter simbólico fundamentado nestas duas imagens do rio em sua extensão, buscando expressar o valor presente nas duas situações. A utilização das águas do Tietê para fins lúdicos e recreativos baseada em experiência própria, somado às imagens antigas dos clubes paulistanos integra dos à orla fluvial reforçaram a vontade de constituir a praia do Jardim Pantanal.

Implantado como uma praça de equipamentos de lazer, com ênfase no programa balneário, o projeto se desenvolve junto ao lago, no seu encontro com o córrego Itaim e o ribeirão Lageado. A nova extensão da Rua Francisco Antônio Meira atravessa a praça, comunicando os bairros vizinhos e permitindo fácil acesso aos moradores da região. Conformado pela Avenida Brás da Rocha Cardoso e pelas Ruas Bernardo de Chaves Cabral e Manuel Barbosa do Reis, localiza-se a 200m da estação Itaim Paulista da CPTM, facilitando a chegada dos visitantes da Grande São Paulo, afirmando presença na escala da metrópole.

Duas praças rebaixadas contêm a praia do balneário e as quadras esportivas. Seu acesso se faz através de pontes no nível do passeio público, ruas-varanda que se debruçam sobre as piscinas, que olha a alegria. Em sentido longitudinal, a ponte comunica a cidade à praia do lago, concebida como uma circulação que estrutura o espaço, comunicando todos os equipamentos do complexo. Sobre uma fileira de pilares de concreto, a ponte é estruturada com vigas vierendel metálicas, organizando de um lado os acessos aos vestiários e restaurantes, estruturados da mesma forma que as pontes, mas com duas fileiras de pilares. Do outro lado, liga-se aos blocos de sanitários e circulação vertical em concreto, dispostos de modo sistemático em sua extensão.

O balneário possui duas entradas para o público, em dois volumes de vestiários. Atravessando o vestiário, a ponte deste lado conduz ao nível inferior, à praia contida pelo parque, ou ao nível superior, ao solário da piscina suspensa, que também é a cobertura das piscinas de treino. Esta cobertura é sustentada por duas grandes vigas de concreto, que revelam o volume inusitado do conjunto.

Dois volumes de mesmo tamanho dos vestiários abrigam os restaurantes e os bares, organizados para atenderem tanto ao público do parque quanto ao público do balneário.

Nos blocos de circulação vertical do lado balneário, anexam-se a sala da administração e a sala da enfermaria. Sob estes espaços, instalam-se o café da praia, e todo o restante do piso é livre, modulado pelas sombras produzidas pelas superfícies suspensas.

Um pequeno canal adjacente à rua Manuel Barbosa é mantido junto às piscinas para reforçar a presença das águas do rio. Do outro lado, propõe-se que se forme um bosque entre a Avenida Brás da Rocha Cardoso e o balneário, que se estenda por todo o passeio público junto à orla.

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