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secao 4!

Projeto Grafico de livro:

Haikai

Olivia Bartolomei Nakagawa

Minoru Naruto

A proposta inicial para o Trabalho Final de Graduação era realizar um projeto gráfico de livro de contos populares, tradicionais, do Japão. Entretanto, no decorrer do processo, a temática do haikai, um tipo de poesia curta japonesa, de 17 sílabas, tornou-se uma opção mais interessante, com maiores possibilidades de estudos e soluções gráficas.

Em sua primeira etapa, o presente Trabalho Final de Graduação, pretendeu realizar um levantamento, por meio de pesquisa, sobre a produção editorial no Japão, com o objetivo de compreender o histórico da produção de livros no país, sua origem, influências culturais e religiosas na atividade, os materiais utilizados, as técnicas de impressão (e seu aprimoramento no decorrer do tempo), ilustração, encadernação e acabamento, além de apurar quem exercia a atividade, qual o conteúdo, ou natureza, do que era impresso e sua distribuição (quem tinha acesso aos impressos). Nessa etapa do trabalho, a referência bibliográfica utilizada foi o livro The History of Japanese Printing and Book Illustration, de David Chibbett.

Além da pesquisa sobre a produção editorial no Japão, a proposta de trabalho para o TGF I também previa um levantamento à respeito da produção artística japonesa. Para tanto, a referência bibliográfica utilizada foi o livro Japan Style, de Gian Carlo Calza, estudioso da cultura japonesa. O objetivo era compreender as particularidades da arte japonesa, principalmente em relação as influências religiosas, que são determinantes em toda a produção artística, cultural e, principalmente, editorial do país.

A pesquisa também incluiu as técnicas de encadernação tradicionais japonesas, na qual a referência bibliográfica utilizada foi o livro Japanese Bookbinding, que ensina as técnicas mais comuns no país, passo a passo, mostrando todos os detalhes de amarração, corte, dobras, forração, colagem, etc. Ele também traz os formatos mais usuais dos livros e cadernos do Japão.

A segunda etapa do trabalho foi especialmente difícil. A partir do momento em que foi feita a escolha da utilização do haikai ao invés dos contos, surgiu o grande desafio de traduzir essa pequena, porém, complexa poesia de 17 sílabas, graficamente.

Para tanto, foi essencial a leitura do livro Matsuo Bashô, de Paulo Leminski, que trata sobre a vida e obra do grande mestre do haikai do século XII, no Japão e ilustra as dificuldades e as possibilidades para superar as limitações de uma tentativa de sua tradução literal.

A partir da keitura do livro do Paulo Lemisnki, foi feito um primeiro estudo de projeto grafico de livro, em que o foco principal era ilustrar alguns haikais selecionados. Todas as ilustrações foram feitas com nanquim, aquarela e colagens com papéis japoneses especiais. O que foi pensado nesse processo foi uma forma de integrar o haikai ao desenho, desmembrando a estrutura do haikai. O haikai e a ilustração ocupariam a dupla de páginas de forma livre e fluida, de forma que o poema acompanhando as curvas, linhas e angulações das ilustrações.Entretanto, as ilustrações ficaram extremamente literais, fazendo com que o haikai perdesse sua força, tornando-o muito aquém do que ele realmente é.

Outra bibliografia importante utilizada nessa etapa do trabalho foi a coletânea Haiku, de R. H. Blyth. Essa coletânea foi de suma importância para a elaboração do outro estudo de projeto gráfico de livro. A idéia seria de fazer, em uma única lâmina (72 x 18 cm), que seria dobrada no estilo sanfona, contendo quatro haikais, um para cada estação do ano, e, através de recursos cromáticos, mostrar a passagem do tempo, de forma linear, quando se abre por completo a lâmina.

Os haikais escolhidos para cada estação, extraídos dessa coletânea, foram baseados no critério de que pudessem transmitir, o mais claramente possível, a essência de cada estação, conforme a descrição das estações. Para isso, foram utilizadas ilustrações e cores, que representassem a transformação da paisagem no decorrer do ano.

Observou-se, entretanto, que continuou existindo uma grande dificuldade de comunicar a força da essência do haikai em linguagem que não fosse o japonês, o que é problema recorrente no processo de tradução da literatura como um todo, mas que é muito mais dramático no caso da poesia e, principalmente, quando o sistema de escrita e linguagem é completamente distinto, como é o caso do japonês.

Diante desse fato, o melhor caminho a ser seguido, seria o de criar condições para levar o leitor a experiência estética, ou ao menos, o mais próximo possivel, do leitor japonês, sem as dificuldades intransponíveis de uma tradução literal do poema, que ignora o fato de que palavras sitetizam idéias e valores construídos historicamente pelos que as usam, e que não coincidem com as idéias e valores sintetizadas por palavras traduzidas em outras línguas.

Dessa forma, optou-se também por traduzir as palavras neles utilizadas, além da tradução-reinterpretação dos poemas em si, uma vez que a existência apenas dessa reinterpretação, reduziria seus significados, suas conotações, valores, idéias e, principalmente, o contexto de suas origens e seus processos históricos, bem como as razões, motivações, idéias e contextos que definiram a forma final dos poemas.

Explorando a caracteristica básica do haikai de ter uma extrema simplicidade e concisão formal, optou-se por fazer, em uma única lâmina (162 x 27 cm), dobrado no estilo sanfona, da maneira mais simples e “hajkaimente” possível, apenas preto sobre branco, impresso em um papel encorpado, os poemas de cada estação, no original (kanji e hiragana), sua transcrição fonética, a tradução das palavras que o compõem, e a tradução-reiterpretação dos mesmos.

Nessa nova proposta, no verso da lâmina, deveria conter um apoio contextual de cada haikai, o que se mostrou extremamente necessário durante o processo de elaboração, além de uma explicação sobre as estações do ano no Japão, de forma a proporcionar uma síntese poética mais próxima daquela dos fruidores na língua original.

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