Localizada em uma das cotas mais altas da região central da cidade, dotada de umas das paisagens urbanas mais representativas, a Avenida Paulista é considerada um símbolo para São Paulo. Nela pode-se encontrar atividades de diversas áreas como, por exemplo: gastronomia, turismo, economia, educação, saúde, bancos, lazer e cultura.
A efervescência cultural da avenida está representada por espaços como o Museu de Arte de São Paulo – MASP, o Itaú cultural, o Conjunto Nacional, o espaço FIESP, além de parques, como o parque Trianon, feiras de antiguidades, galerias, igrejas, livrarias, shoppings centers, teatros, uma rede de cinemas e restaurantes. Porém não há nesta importante centralidade um espaço que abrigue a música erudita e, com tantas atividades ligadas ao lazer e a cultura, não é de se estranhar que uma Sala de Concertos certamente cabe na Avenida Paulista.
Com tantos teatros na Avenida Paulista por que um deles não poderia ser destinado a concertos? A tradição e o apreço pela ópera e pelo teatro, mais do que pela música instrumental de concerto, no Brasil tiveram início no inicio do século XX seguindo tendências das cidades européias, e somente depois esses edifícios teatrais começaram também a ser utilizados em concertos. Porém, existem diferenças arquitetônicas e acústicas bastante significativas entre esses espaços. Trata-se de uma sala que deva atender a todas essas atividades, como o teatro, a música sinfônica, conferências e outros eventos tecnicamente não atenderá perfeitamente a nenhuma delas. Um bom exemplo dessa distinção de salas é o complexo Parco della Musica projetado pelo arquiteto Renzo Piano que será analisado no decorrer desse trabalho.
Em São Paulo existem diversas salas que se destinam a teatros e também a concertos, como por exemplo, o Teatro Cultura Artística e o Theatro São Pedro, mas que seja apropriada somente à música sinfônica, há unicamente a Sala São Paulo .
Convém salientar que a Sala São Paulo, localizada no centro da cidade ao lado da Estação Júlio Prestes, recebeu avançados estudos acústicos devido à proximidade e interferência dos trens. Já uma sala de concertos na Avenida Paulista deve, também, exigir um estudo significativo de isolamento acústico já que nela trafegam em média 4000 veículos/hora nos horários de pico. Portanto, a sala de concertos deverá estar plenamente isolada do meio ambiente para que permaneça totalmente estanque a sons e vibrações vindas de fora. Já, internamente, a sala deverá prever uma adequada difusão dos sons refletidos em suas superfícies e dos sons diretos, garantindo que não ocorram distorções dos sons.
O terreno escolhido na Avenida Paulista para implantação da sala de concertos é o terreno da antiga Residência da família Matarazzo, situada no número 1230 da avenida. Hoje o terreno pertencente à Cyrela e à Camargo Correa Desenvolvimento Imobiliário, o espaço livre abriga um estacionamento com 350 vagas e as empresas proprietárias planejam construir um novo empreendimento comercial. O terreno possui em torno de 12.000m² e 157 árvores.
Visando também resgatar o programa, abandonado pelo município por falta de espaço físico, chamado “Som do meio dia”, onde semanalmente às sextas feiras, ao meio dia no vão do MASP apresentavam-se músicos ligados as principais tendências populares e eruditas gerando sempre uma platéia diversificada em uma média de 2 a 5 mil pessoas, o trabalho pretende unir o programa de necessidades de uma sala de concertos a uma praça pública que abrigue eventos musicais e artísticos.
Considera-se para essa praça um espaço de encontro de pessoas, proporcionando um fluxo permeável destinado àqueles que a atravessam para simplesmente cortar caminho ou para descansar podendo se depararem com músicos se apresentando na escadaria, ou artistas de circo se aquecendo para uma apresentação, músicos afinando seus instrumentos e ensaiando - um espaço onde se pode parar na Avenida Paulista e sair do corre-corre do dia-dia.
