Este trabalho tem o objetivo de refletir sobre o desenvolvimento ambiental de baixo impacto aplicado ao projeto industrial. Como embasamento teórico das possíveis alternativas às deficiências observadas no ciclo sustentável foi desenvolvido também o Plano de Negócios da empresa Yba-Soluções em Logística Ambiental.
O projeto de um parque industrial inserido no município de Caeiras se apresenta como protótipo de arquitetura industrial da empresa. A integração da indústria a um parque linear busca estabelecer uma relação lúdica e funcional entre atividades muito distintas: propõe-se a utilizar o contexto industrial como agente polarizador de valorização de uma área com vasto interesse ambiental. Propõe-se também proporcionar esse contato de forma ordenada e transparente, reafirmando o propósito ambiental de conscientização, amplamente divulgado pelo YBA.
O projeto levou em conta uma séria de interferências que são descritas a seguir:
Foi considerada a insolação, ventilação e fragilidade do solo, além do fato do terreno estar localizado em área de várzea, o que destaca a necessidade de preservação do curso do rio Juquery e da mata ciliar. A construção também foi planejada para ter baixa geração de resíduos, utilizando para isso de modularidade e estrutura em aço, com a maioria dos encaixes parafusados.
Além disso, o projeto tenta promover a educação ambiental através do acesso visual a áreas restritas da indústria. Por fim, preserva as áreas de encosta e reflorestamento existentes e cria áreas verdes e aqüíferas - tanto por questões de conforto como de lazer.
Levou-se em conta a necessidade de criar áreas separadas de trabalho e de descanso. As distâncias entre acesso, área de trabalho e área de serviço também deveriam ser as menores possíveis.
Como diretriz, o parque industrial deve ser visível a partir das rodovias e a partir da cidade de Caieiras, pelos parques lineares e do pedestre. Tenta-se potencializar o Marketing e a imagem da empresa, ao mesmo tempo promover a educação ambiental.
A arquitetura da indústria levou em conta os três níveis hierárquicos de função no meio organizacional que, de acordo com o jargão administrativo são:
O nível estratégico (Administração), nível tático (logística, gerenciamento e engenharia de produção) e nível operacional (chão de fábrica).
Além disso, a construção deveria permitir ver os processos de produção da indústria. O objetivo era induzir na organização uma postura transparente em relação ao cumprimento dos padrões ambientais.
Levou-se em conta que o acesso de carga e descarga de materiais deveria localizar-se no nível do solo. Por questões de segurança e manutenção, necessitava-se de facilidade de acesso ao piso técnico. Devido aos riscos de incêndio, os edifícios precisavam manter um distanciamento mínimo.
Os acessos do eixo da Estrada Bom do Sucesso são destinados prioritariamente a cargas e veículos leves. A linha da CPTM possui grande força, porém ainda é mal articulada, principalmente pelo crescimento desordenado da cidade. O movimento de pedestres na região da estação de Caieiras é constante, incentivado pelo terminal rodoviário. Somente uma passagem em nível e uma passarela mantêm o acesso a áreas de reflorestamento da Cia. Melhoramentos, detentora de mais da metade do território do município. Como única via de transposição para o “além do trem”, veículos, pedestres e cargas cruzam-se em conflito no entroncamento mais marcante de Caieiras.
Assim, o projeto busca confluir e valorizar o passeio ferroviário, estimulando o uso desse meio de transporte que deu forma a Caieiras, mas que atualmente se configura como uma barreira. Além disso, o trabalho busca integrar à rotina dos habitantes as vastas áreas de reflorestamento pelas quais o município é reconhecido, permitindo que eles desfrutem do valor ambiental e paisagístico desses terrenos.
É de grande valia no projeto o uso dos desníveis proporcionados pela topografia local para separar os fluxos industriais de produção e do parque em si. A hierarquia de restrição de controle é imposta de forma indireta por meio de maciços vegetais, cursos d'água e taludes. A fluidez do espaço deve ecoar por toda a extensão do vale do Juquery. A idéia é manter a transparência e integração em todas as esferas, quebrando paradigmas que alienam a indústria do meio ambiente.
Os fluxos são organizados segundo o nível de interação entre os diferentes níveis hierárquicos. Conhecimentos advindos da Engenharia e Administração, além dos trazidos pelas visitas a campo, possibilitaram arranjo mais adequado funcional do programa de necessidades.
O projeto também conjuga os vetores horizontal e vertical para a disposição do arranjo físico indústria. Funções com menor interatividade permitem maiores distâncias horizontais. Já as atividades que implicam em maior interatividade estão organizadas pelo eixo vertical. Procura-se proporcionar estímulo psicológico aos funcionários através da alternância do ambiente interno e externo. Assim, os percursos são encarados como indícios de lazer e mudança de atividade. Percursos horizontais, especialmente, são encarados como intervalos de descanso e estimulados por visuais de contemplação do entorno natural e artificial. Ao mesmo tempo em que a passarela é um eixo racional e vital, estruturador do projeto, funciona como eixo de descontração lúdica. Por isso, o paisagismo do nível do solo é pensado a partir da visão de quem anda pelo passeio elevado.
Com o objetivo de diminuir os conflitos de fluxos e interrupção da cadeia produtiva, adota-se cota única para o nível de produção. Ele é totalmente interligado por passarelas com esteiras rolantes, que promovem o fluxo de insumos e produtos.
No caso da indústria de reciclagem, que se configura em uma linha de produção linear, os edifícios são dispostos de forma a favorecer o escoamento dos diferentes insumos conectando-se com o núcleo de embalagem por meio de uma passarela sobre o rio Juquery.